QUEM AMA A NATUREZA REVERENCIA A AMAZÔNIA
QUEM AMA A NATUREZA REVERENCIA A AMAZÔNIA
Luiz Ferreira da Silva, 88 e Manoel Malheiros Tourinho, 85
Engenheiros Agrônomos
Pesquisadores aposentados (CEPLAC), respectivamente em Ciências do Solo e Ciências Sociais.
A Natureza, aqui se refere ao complexo fito-zoo-ecológico constituído de seres humanos e não humanos, plantas, animais, solo e água. Em equilíbrio, há a harmonia em todos os seus componentes, que se constituem de elos de uma cadeia holística, sistêmica, cada qual com sua missão definida e responsabilidade comprometida.
São muitos ensinamentos nessa cadeia sistêmica a nos orientar. Negligenciar tais ensinamentos, sábios e Divinos, corremos o risco da nossa própria sobrevivência.
Neste contexto, a Amazônia expressa a Natureza viva, pujante, como um livro aberto, rico em ensinamentos sistêmicos, onde a cooperação e não a competição, nos orienta. Infelizmente a maioria dos investidores são incompetentes funcionais, de elevada má fé com a natureza amazônica, não conseguem fazer a leitura da obra que o Criador colocou a disposição não do egoísmo, mas da humanidade solidaria e pacífica. O egoísmo lhes traz a cegueira que não lhes permite captar as mensagens de convivência compartilhada em mão dupla.
Um exemplo disso é o seu RG florestal; mata fechada, mesmo em áreas de solos pobres, indicando que a vocação agrícola dessas terras é a florestal. Em outras palavras, possui DNA dos cultivos perenes, principalmente em contextos agroflorestais, pouco alterando o solo, um componente vital ao ecossistema úmido tropical.
Para que o leitor possa entender, uma agricultura que poderia ser chamada de “ombrófila”, na qual o pé de pau é quem manda, é quem rege. Os cultivos que se adaptem a ele! Eles vieram depois; intrusos. E como tal, não se deve colocar o Bioma na lógica do intruso, do invasor, do explorador e sim o contrário.
Seguindo esse raciocínio, plantar feijão, milho e soja, dentre tantos cultivos anuais, que exigem mexer muito com o solo, não parece uma opção consentânea à natureza desse ecossistema. A menos que as inteligências aquarteladas na EMBRAPA e Universidades Federais se movam para a produção ombrófila. O que se perder em produtividade se ganha em dignidade.
A própria Natureza nos mostra esta assertiva com um de seus componentes espalhados pelas várzeas, o cacaueiro, que convive com a floresta, participando ativamente do processo de reciclagem, contribuindo para a manutenção do complexo edáfico.
E os pioneiros baianos, sem anel nos dedos e sem ser alcunhados de empreendedores das “plantations”, souberam trilhar as plantações de cacau, raleando um pouco a mata, deixando os jequitibás, os vinháticos, as sapucaias os jatobás, as cajazeiras em seus nichos, além de enriquecer o ecossistema com os pés de jacas e outras fruteiras.
Da mesma forma, o caboclo de Cametá, município paraense banhado pelo rio Tocantins, com suas várzeas de solos ricos, cultiva o cacau convivendo com a Natureza.
Na contramão, o Homem na sua insensatez, , no Estado do Pará, quanto no Sul da Bahia, desmatou com a visão de ganhar com a madeira secular, queimando os restolhos, e plantando capim, deteriorando o complexo físico-hídrico, por um lado, e pondo em risco de desaparecimento espécies da rica fauna.
Ademais, o pior está acontecendo com a planta dadivosa, o cacaueiro, bem da Natureza ao Homem. Pois bem, na onda da chamada agricultura de precisão, com a aplicação de altos insumos e máquinas sofisticadas, começa a se ver o cacaueiro, ao invés de fruto-ouro, no sentido da bela cor de seus frutos, como fruto-prata (dinheiro), explorado a pleno sol, substituindo a condição original de cultivo ecológico pelo de visão puramente economicista. Que se dane a Natureza!
Portanto, caro leitor, de modo sucinto, os autores estão tentando abrir os olhos quanto aos grandes projetos, tanto agrícolas, quanto de exploração de petróleo, além de geração de energias, comprometendo todo arcabouço montado pela Natureza, desequilibrando seu sistema holístico, integrado e interativo. É só para PENSAR! (30.07.2025).