Vou-me embora pra Pasárgada – Lá sou amigo do rei/Lá tenho a mulher que eu quero/Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada/Vou-me embora pra Pasárgada/Aqui eu não sou feliz/Lá a existência é uma aventura/De tal modo inconsequente/Que Joana a Louca de Espanha/Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente/Da nora que nunca tive/E como farei ginástica/Andarei de bicicleta/montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo/Tomarei banhos de mar!/E quando estiver cansado/Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d’água/Pra me contar as histórias/Que no tempo de eu menino/Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo/É outra civilização/Tem um processo seguro/De impedir a concepção/Tem telefone automático/Tem alcalóide à vontade/Tem prostitutas bonitas/Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste/Mas triste de não ter jeito/Quando de noite me der/Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero/Na cama que escolherei/Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto de Manoel Bandeira – extraído do livro “Bandeira a Vida Inteira”

Quando ainda estudante do IME tive dificuldade de decorar esse texto do escritor Manoel Bandeira, visto que achava um sonho do autor bem como não entendia porque ele queria ir embora do local onde morava.

Hoje, no entanto após 68 anos de idade passei entender o autor e dar razão dos motivos pelo qual ele se propôs, isso porque vivemos no melhor país do mundo que é o Brasil onde diariamente constatamos os inúmeros casos de corrupção principalmente de políticos em todas áreas da federação e que certo seguimento da imprensa que se considera a maior do país, defende de unhas e dentes esse tipo de bandidagem através de seus noticiários, novelas e reportagens fantasiosas.

Os Estados que eram considerados riquíssimos hoje estão quebrados pelos mesmos motivos e o povo reelege seus governantes.

As prefeituras coitadas, tem suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios, e o povo reelege o prefeito, esse por sua vez consegue enganar o povo e elege seu filho, depois retorna ao poder e finalmente a esposa também é eleita e as vezes também é eleita a deputada estadual ou federal.

As Câmaras de Vereadores por sua vez faz de conta que legisla, aprova as contas do alcaide quando o TCM rejeita, e assim vamos vivendo de amor.

É por isso que autor quer IR EMBORA PRÁ PASÁRGADA! … (CIDADE IMAGINARIA)

Luiz Castro

Bacharel Administração de Empresa