DEMARCAÇÃO VII
por Edgar Siqueira
DEMARCAÇÃO:
O MANDATO DE UM POLITICO NÃO É EMPREGO, É UMA MISSÃO.
SE A MISSÃO NÃO FOR CUMPRIDA, MUDA-SE O POLITICO.
A máxima acima foi obedecida com rigidez pelo eleitorado Itabunense. Após as eleições, conversando com alguns sobre o resultado das eleições ouvimos a seguinte conclusão. “ O Azevedo é um bicho para tocar obras. Itabuna virou um verdadeiro canteiro de obras. Mas, Ele não deu muita atenção para os serviços essenciais como educação, saúde e a segurança publica. E por isso foi reprovado”. O eleitorado entendeu que não cumpriu a sua missão.
Seguindo a uma lucidez eleitoral com autonomia e independência, a comunidade Itabunense não cometeu a injustiça de responsabilizar apenas o executivo. O legislativo também foi rigorosamente responsabilizado. Apenas um vereador foi reconduzido ao cargo na próxima legislação. Tolerância zero.
Aqui, na nossa pobre e combalida Ex-Princezinha do Sul a máxima que se obedece é a de que o MANDATO É EMPREGO E QUE NÃO PRESCISA CUMPRIR NENHUMA MISSÃO PARA GARANTI-LO. Nem parece que estamos numa Republica, aonde a alternância no poder é o exercício que mais caracteriza uma Democracia.
Com um atraso de trinta anos os mesmos se alternam no poder. Com a conveniência que mais lhes favoreçam. Aqueles que deixam o poder assumem a postura de indiferença aos problemas causados pela administração que lhes sucedeu. Torcendo para que, quanto pior melhor. Assim, serão lembrados que no tempo deles era ruim, e que, agora, ficou muito pior. Habilitando-os a retorna-los ao poder. Sempre mirando com sucesso para os próprios umbigos.
Há muito tempo o Eleitorado Ilheense comete a grande injustiça de responsabilizar exclusivamente os Executivos pelas desastrosas administrações. Se esta responsabilidade fosse compartilhada com os Legislativos, muito destes desastres seriam evitados. É função institucional de um Vereador fiscalizar e se necessário punir o Executivo. Se não se fiscaliza e não se pune o resultado todos nós sabemos. Juntos e misturados, com telhados de vidro. O Ex-Prefeito Valderico só foi afastado por que deixou de repassar os caraminguás dos vereadores. O duodécimo. Se não, teria cumprido todo o seu mandato, com direito à reeleição.
Mesmo sentido na própria pele os desmandos administrativos de décadas, o Eleitorado Ilheense abdica da sua responsabilidade em construir com o voto o seu futuro. Isto ficou evidente ao manter mais de quarenta por cento da atual câmara. Este percentual seria muito maior se alguns dos atuais vereadores não tivessem desistido de concorrer na ultima eleição. Complacência e tolerância total.
Com este mosaico politico somos obrigados a ouvir que Ilhéus é a Cidade do futuro. Parece que descobriram uma magica administrativa que irá provocar um salto para o futuro. Apagaram o passado e o triste presente. E ainda somos obrigados a ouvir justificativas do voto com a frase que expressa desilusão e conformismo, “ Pelo menos agora teremos galinha e peixe “.
Enquanto notamos o progresso de Itabuna, banalizamos com conformismo o caminho retrógado trilhado há décadas pela nossa querida Cidade. Hoje é aniversario de morte do inesquecível Renato Russo e oportunamente encerro lembrando que estamos contribuindo para o questionamento “Que Cidade é esta?”. Esta Cidade que está ruim e que vai ficar muito, mas muito pior, com a retirada de1/4 do seu território e milhares de Peq. Agricultores na rua da amargura. Mais uma tragédia anunciada.