Ir.’. Everaldo

Muitas vezes, sem qualquer conhecimento das circunstâncias de um fato, julga-se esse fato. Julga-se sempre superficialmente , só dando ouvidos a uma das partes. Um juiz julga, com provas, depois de ouvir a acusação e o contraditório. Mesmo um juiz togado, douto e erudito, com todas as provas, fatos e testemunhas, muitas vezes, julga em erro, em desacerto. Quando se julga superficialmente, certamente, se julga em erro.

A principal razão de tudo isso é que se tem opiniões, ideias e concepções diferentes. E não se aceita que existam divergências sobre aquilo que parece correto, irrepreensível. Apenas, aparentemente, parece correto. Em uma apreciação posterior, em outro contexto, chega-se, muitas vezes, a admitir que aquilo que parecia correto, irrepreensível, não é a única via ou rumo igualmente correto de uma ideia ou fato. Quando se julga, frequentemente, se peca pela intolerância. O que é tolerância ?

Tolerância é a tendência a admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferem dos de um indivíduo ou de grupos determinados. A tolerância aparece em forma de pequenas diferenças nas ideias ou concepções, permitidas por aquilo que parece moral. Como a moral é relativa, isto é, existem vários códigos de moral, e, mesmo em um único código de moral, há várias interpretações que podem levar a grandes desacordos, discrepâncias ou dissensões.

Uma Loja Maçônica é um pequeno mundo, composto de algumas dezenas de pessoas, ou mais,  com ideias e concepções diferentes sobre vários assuntos. Ainda bem que se é diferente. Seria tedioso e enfado se todos pensassem exatamente as mesmas coisas. Não se teria o que discutir. Não teria sentido estar em uma Loja maçônica. Mas, como todos pensam diferentemente, há que, por respeito e deferência, ser tolerante. Não é da competência de nenhum membro de uma Loja julgar seus semelhantes. Podem-se manter ideias diferentes ou mesmo divergentes, sem julgar ninguem, e, por tolerância, aceitar a existência de outras concepções que não as que se pensa.

Tanto na Maçonaria quanto em qualquer grupo ou sociedade há pessoas que, em determinadas circunstâncias, devem julgar. Mas qualquer julgamento deve obedecer a uma processualística que, necessariamente, deve constar de provas, de acusação e de defesa. E de regras claras.

Para terminar, repete-se alguns princípios sobre tolerância que constam nas leis maçônicas. A Maçonaria é uma irmandade de inciáticos e convive-se fraternalmente sob certas regras, lineadas por sólidos princípios morais. Convive-se em um ambiente de respeito e tolerância, pois os maçons são indivíduos livres  e de bons princípios, cada um com suas próprias e independentes ideias. A convivência fraternal é baseada em liberdade e igualdade, fins supremos da Maçonaria. Fraternidade é viver como irmãos fraternos, viver em harmonia, conviver em paz. Isso só é possível com tolerância e respeito. Cada irmão tem sua personalidade, sua cultura, suas ideias, suas crenças, necessariamente, não iguais e, algumas vezes, discordantes. Isso porque cada um é único, diferente, diverso, desigual. Cada um é próprio, peculiar, autêntico e verdadeiro. Como é possível ser fraternos nessas condições? É possível por meio da tolerância, princípio cardeal nas relações humanas e, em especial, entre os membros de uma Loja maçônica. Tolerância é a tendência a admitir modos de pensar, de agir e de sentir diferentes de cada um, desde que se observe os preceitos morais e legais. A Maçonaria só é uma irmandade porque é fraterna e tolerante.

A Tolerância é tão importante para a paz mundial que a ONU instituiu, oficialmente,o dia 16 de novembro como o Dia Internacional para a Tolerância.

JOSÉ EVERALDO ANDRADE SOUZA

MESTRE MAÇOM DA LOJA ELIAS OCKÉ

ORIENTE DE ILHEUS-BA.