OS FRANCO – MAÇONS – PARTE III

Ir.’. Everaldo.
Caros leitores do R2CPRESS,
Dando prosseguimento aos nossos estudos sobre a Franco-Maçonaria ao redor do mundo,conforme anunciamos anteriormente, falaremos da sua presença nos estados alemães, bem como do início das suas atividades na França.
FRANCO – MAÇONARIA FLOREAT
Nos estados alemães (que eram muitos – reinos, principados, grão-ducados, ducados, condados-palatinos, eleitorados e margraviatos), a Maçonaria prosperou. Provavelmente, isso resultou pela existência de tantos estados de mentalidade independente e cidadãos de igual mentalidade. Havia muitas pessoas que se opunham firmemente, entre os quais Frederico Guilherme, o primeiro rei da Prússia.
Frederico Guilherme pode ter sido politicamente astuto o suficiente para converter o Ducado de Brandenburgo, que ele herdara em 1713, no Reino da Prússia, que se tornou o estado alemão dominante e todo-poderoso sob o seu próprio governo e o de seu filho (Frederico, o Grande). Entretanto, o filho de Frederico Guilherme foi um tirano mentalmente desequilibrado. Tanto assim que, quando jovem, ele tentou fugir da Prússia durante manobras militares com o seu favorito, um jovem Oficial do Exército, chamado Katte. Frederico Guilherme mandou prendê-los e foram julgados por deserção por uma corte marcial. Ambos foram sentenciados com pena de morte. A sentença de Frederico foi comultada à prisão perpétua, mas o seu parceiro de crime foi decapitado no pátio à frente da janela de sua cela. Após a decapitação, a cabeça de Katte foi erguida para que o jovem príncipe a visse. Ao vê-la, ele desmaiou.
Alguns anos mais tarde, em 1738, oficialmente perdoado e restaurado ao rancoroso favor paterno, Frederico e seu pai viajaram para a Holanda onde, durante uma ceia na cidade de Haia, a conversação voltou-se para a Maçonaria. O rei prussiano foi tão violento em sua reação contra ela, que o apoio de Frederico a seu favor foi humildemente expresso em algumas poucas palavras. Entretanto,mais tarde, ele confessou ao seu hóspede, o Conde van der Lippe-Bukengurg, que queria ser aceito na Irmandade, mas que, por causa do ódio violento de seu pai pela Maçonaria, isso teria de ser feito sem que ele nada soubesse à respeito.
O conde fez com que Frederico fosse iniciado em Brunswick, durante o regresso real para Berlim.
Frederico Guilherme morreu dois anos mais tarde e foi sucedido por seu filho, que se tornaria um dos mais poderosos governantes da Europa e um franco-maçom. Frederico tinha muitas qualidades. Foi um brilhante estrategista e comandante militar, que gostava de música e de filosofia; em política e em religião, era um homem de opinião liberal. Também foi um amante devotado de tudo que fosse francês, permanecendo fiel aos ideais maçons até a sua morte,em 1786.
A MAÇONARIA NA FRANÇA
Aparentemente, as primeiras Lojas Maçônicas francesas foram patenteadas na França, a partir de 1725, quando o rei Luís XV, um governante absolutista como seus antecessores Bourbons, estava no trono.
Embora houvesse um sistema nominal de governo devoluto no país, cada distrito governado por um Intendente, cuja autoridade na região era absoluta, e cada Intendente subordinado a um Superintendente e os Superintendentes ao Conselho do rei que era, de fato, o Conselho Real, o rei podia acatar ou rejeitar qualquer sugestão que lhe fosse submetida.
Até mesmo as bulas papais tinham pouca ou nenhuma autoridade na França. Apesar de Luís proclamar-se o mais cristão dos reis, ele não permitiu que a Igreja na França se tornasse muito subserviente a Roma. Ela poderia ter sido a Igreja Católica Romana, mas Luís fez questão que ela servisse ao estado da França.
Por conta do seu estilo ambivalente no relacionamento com os membros da nobreza francesa e, em troca de sua lealdade, Luís deu continuidade à tradição pela qual a aristocracia era isenta de impostos.
No decorrer do século XVIII, um número cada vez maior de franceses, inclusive membros da aristocracia, muitos dos quais haviam se afiliados às Lojas Maçônicas, começou a questionar esse previlégio e é muito provável que esse tenha sido um assunto muito discutido nas reuniões das Lojas.
Luís não fazia objeção a que a nobreza se tornasse maçônica. Mas, e as classes médias? Receoso de que começassem a questionar o status quo, em 1737, Luís baniu a Franco-Maçonaria da França.
Apesar do banimento e do fato de que Luís havia decretado que, qualquer homem da nobreza que se afiliasse a uma Loja não seria recebido na corte e, por conseguinte, não seria elegível para qualquer dos pré-requisitos que a vida na corte podia proporcionar, a Maçonaria continuou prosperar na França, onde a Grande Loja era conhecida como Grande Loja Inglesa.
Na França, a Franco-Maçonaria era diferente da Irmandade inglesa.Havia diversas Grandes Lojas e inúmeros Conselhos, Ritos e Capítulos. Em certo momento, as 34 Ordens Maçônicas tinham entre 1.400 e 1.500 Graus. Algumas dessas ordens diziam respeito a sessões de Lojas de Adoção dirigida por uma Loja regular, na qual mulheres eram admitidas.
Na Inglaterra, os três Graus – Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom – eram invioláveis e a Franco-Maçonaria era um baluarte varonil.
A maioria dos outros Graus que existiam na Maçonaria francesa (e alemã) era ligada, na época, a lendas cavalheirescas e a organizações como os Cavaleiros Templários, e os rituais envolvidos eram muito mais elaborados do que os simples rituais ingleses. Talvez fosse o fato de que a maioria, senão todos, dos maçons franceses eram católicos e, consequentemente, imbuídos de um apreço pela pompa colorida das igrejas, o que resultou nos grandiosos Rituais Maçônicos. Ou talvez fosse o amor pelos grandiosos títulos que atraíam os aristocratas franceses para os inúmeros Graus. Em uma época em que marqueses e condes eram “dez por um tostão” na França, os títulos de Príncipe de Jerusalém ou Grande Inspetor Geral tinham certa distinção.
Na nossa próxima edição continuaremos falando sobre a Maçonaria na França, abordando a criação do Antigo Rito Escocês (ou L’Écossais) bem como os períodos da Revolução e Império.
JOSÉ EVERALDO ANDRADE SOUZA
MESTRE MAÇOM DA LOJA ELIAS OCKÉ N° 1841
FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – RITO BRASILEIRO
ORIENTE DE ILHÉUS – BAHIA
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Johnstone, Michael
Os Franco-Maçons – trad. Fúlvio Lubisco – São Paulo: Madras, 2010.
Título original: The Freemasons.
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