Esse César é o Cão
Por Guilherme Albagli
Homônimas são aquelas palavras que possuem diferentes significados, às vezes até opostos. Vamos a um bom exemplo: “cão”, que tanto pode significar o melhor amigo do homem, ou o rabudo, ou, ainda, uma pessoa retada, capaz de grandes proezas. Pois foi nesse último sentido que puseram o apelido do grande amigo César Benevides, hoje secretário de Serviços Urbanos da PMI. Foi ele quem providenciou, na sua primeira investida no serviço público, o salvamento dos mangues da ribeira do Pontal, antes sistematicamente cortados a facão por gente que não sabia do seu potencial ecológico e estético; foi ele quem trouxe a Ilhéus as espatódias que, depois de uns quarenta anos, foram totalmente erradicadas, não sei porquê. As últimas que vi eram aquelas em frente ao Hospital São José. É ele quem toda vez que vem da sua roça, carinhosamente, traz à Dona Sarah pencas de banana da prata, que ela adora. Pois é para ele que aqui mando esta não muito breve mensagem.
Bené, a linda praça do Pontal merece logo logo uma demão de tinta no piso cimentado, pois o seu piso original, de pedras portuguesas, foi levado para não sei aonde (mas tem gente que sabe). As arecas bambu desta praça, por falta d’água, estão morrendo ou já estão mortas, assim como as cicas em frente à Igreja de São João. Os canteiros estão cheios de mato e os jardineiros se esquecem haver ali um hidrante que só é usado pelos noieiros para seus banhos meia sola. Um destes arranjou um apartamento sobre os galhos uma árvore, diante da casa da mãe de Celeste, improvisando o seu piso com pedaços de papelão. Um d eles é violento: o paguei um café na padaria da esquina e este, revoltado por não ter recebido os R$ 2 em dinheiro, jogou o café quente no rosto e pescoço da proprietária Dona Carol. De vez em quando, ao clarear o dia, amarro os galhos das buganvílias nas pérgolas, pois elas estão crescendo para todo lado, menos para cima, onde deveriam ficar.
Mas este não é o foco central desta mensagem: o que aqui me traz é um veemente apelo para que encerre definitivamente a antiga prática maléfica de meter o biscó continuamente no capim que cresce nas encostas da rua das Oficinas e pelos lados daquele buracão contido por uma cortina de concreto na avenida Itabuna. Você é agricultor e sabe, melhor que eu, que são as raízes que contêem a terra da erosão. Existe até um máquina que não sei o nome projetada para aspergir água misturada a sementes para economizar as medonhas e caras cortinas de concreto que só esquenta ainda mais a cidade que, cada vez mais, necessita do verde para amenizar o calor infernal ao qual somos submetidos. Hoje, por exemplo, às 5:55 h, ao levantar, o suor já me pingava barriga abaixo.
Pelo amor de Deus, Benevides, seja você o herói que, em vez de gastar milhões com cortinas de concreto, optou pelo reflorestamento destes cortes. Meta capim e árvores nestas áreas e os milhões ali mal aplicados poderão equipar nossos postos de saúde com médicos e treinar as suas atendentes para que não gritem com os contribuintes que não entendem de primeira as suas informações mal pronunciadas, como ocorreu ontem, comigo, no Herval Soledade. Precisamos de áreas verdes e de médicos, Benevides! Agora pela manhã, diante do Santa Clara, um funcionário de uma loja de computadores falou que ontem, uma senhora com o braço todo queimado rodou toda a cidade, todo o dia, e não encontrou qualquer médico que a atendesse.
Deixe o capim crescer, Benevides. Capim não é feio; lixo sim, assim como areia nas sargetas e a falta de fiscalização e multa grossa aos nossos vizinhos que pagam um corote aos miseráveis para que estes levem à esquina mais próxima o entulho das suas obras.
Você é o cão, Benevides. Faça valer o seu simpático apelido!
Muito bom o artigo