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O Velho Isaac Albaglí

Diferentes autores já estudaram diferentes aspectos da economia regional, principalmente após a implantação da monocultura cacaueira. A partir de 1875 cresce vertiginosamemente o número de estabelecimentos comerciais na cidade. Em 1927, no pico da arrecadação municipal, já estava aberta a “Caza Alberto”, de Alberto Chicourel, loja de tecidos importados onde os mais ricos coronéis do cacau mantinham contas para as suas senhoras-esposas e, outras, para as raparigas. Poligamia consentida e soberba marcavam o tom do alto status socio-economico local. Além dos comerciantes sirio-libaneses chegados em Ilhéus desde o Século XIX, cerca de vinte jovens solteiros, de religião israelita, vindos da Rússia, Polonia, Ucrânia e Turquia mercavam nas poucas ruas e ruelas da cidade, naqueles anos de 1920. Aqui se seguem dados mais pessoais sobre um destes mercadores que aqui ficaram e fincaram raízes. Um zoom que deixa o plano macro – econômico ou antropológico – para buscar uma visão mais intimista de um dos personagens do comércio de Ilhéus.

Antes de falarmos um pouco sobre a pessoa do velho Isaac, talvez fosse interessante uma breve explicação sobre a sua história familiar e a sua vinda do Oriente Médio a Ilhéus.

No Inicio da Era Cristã, Tito invade Jerusalem e deporta a elite local à Espanha, onde já estavam estabelecidadss comunidades judaicas no sul do país. Vivem ali por mais de 1500 anos, quando Isabella decreta a conversão ou saída dos judeus do seu reino. Os mais ricos, logo se convertem. Os mais pobres, trocam casas e vinhas por cavalos ou carroças e partem a pé à vizinha Portugal. Os da classe-média, muitos operários especializados na indústria de armamentos, partem com suas familias ao Impéro Otomano, a convite do Sultão Beyazid II, de bendita memória.

Na Idade Média, uma familia de pastores de Bayona, no norte da Espanha, adotou o sobrenome “Alba” (aurora) em homenagem à hora em que se acordavam para o trabalho. Mudaram-se para o Sul da Itália, onde era costume se acrescentar um “GLI” no final dos sobrenomes. Neste tempo, os primeiros Albagli trabalhavam na produção de pelica e camurça, eram peleteiros.

No Século XVIII, um rabino daquela familia italiana foi chamado para chefiar a comunidade religiosa de Izmirna, Turquia. Filho e neto o sucederam no cargo. Os Albagli de Izmirna são descendentes daquela familia italiana ali chegada.

Após a implantação da República Turca (1917), unificou-se a moeda nacional, ficando sem trabalho os “saraf” – trocadores profissionais de dinheiro, muitos deles judeus. Ocorreu, então, uma migração quase total desta antiga comunidade de língua espanhola para outros países.

Sarah Chicourel, viúva do saraf Iosef Albagli, com o seu filho Isaac e mais três do falecido marido passam em 1920 ao Rio de Janeiro, num velho navio, quase uma sucata flutuante. Ficou ancorado um ano no porto de Masrselha para consertos.

Isaac, aos 13 anos, entrega comparas para uma loja de um patricio seu junto à Candelária. À noite, depois da exaustiiva jornada, chegava em casa já dormindo. Depois vai a Carangola mercar, com a ajuda de um burrico, na sua zona rural. Em 1928 chega a Ilhéus a convite do primo Alberto Chicourel. Tem 21 anos e merca no Pontal e Praia do Sul, mas o trabalho também é cansativo e passa a atender no exclusivo “Bar Sul-Americano”, no centro da cidade. Vira gerente, sócio e dono do estabelecimento.

Em 1934 nasce-lhe Sarah e, dois anos depois, vende o bar e abre em frente a “Caza Brazil”, hoje a mais antiga empresa comercial
sobrevivente na cidade.

Nascem José, Rodolfo, Jujú, Alberto, Renée e Franklin, a todos ensinando a importancia do equilíbrio entre o trabalho, a lisura e o lazer.

Era de pouca conversa, mas cortez e gentil

Humano, não deixava a polícia bater nos ladrões-de-galinha que visitavam regularmente o seu sítio.

Leitor voraz de jornais, sabia quase tudo da geopolítica global do momento.

Esmerado na higiene pessoal, investia pesado em loções, sabonentes e perfumes.

Rosa, a sua esposa, vela e leme do seu barco, atendeu ao seu pedido e, com a ajuda de amigos, construiu a primeira etapa da Escola Vovô Isaac, na rua do Cano, Av. Esperança.

Isaac Albagli, a um só tempo, é um exemplo e uma saudade.

do seu neto bohoro
Guilherme A. de Almeida

1 resposta para “O Velho Isaac Albaglí”

  • Liliane Orenstein says:

    Meu querido amigo facebuquiano, Guilherme, quanta história e quanta emoção no seu precioso relato. Avôs, são sempre uma referência muito forte para nós, na verdade, a nossa maior identidade neste mundo. Imagino que exemplo desse avô deve ter sido o velho Isaac para lhe despertar tanta ternura e tanta saudade. Belo e comovente texto.

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