Como inserido na parte 2 dessas Lembranças…, de ocorridos um tanto fora de série, estamos na Itapebi da beira do Jequitinhonha, da Rua Rabo da Gata e da Praça do Havaí, das acirradas discussões entre partidários dos “Duarte” e dos “Stolze”, e de minha iniciação no labor da extensão rural na Ceplac. Hoje a sede deste município está assentada no planalto a 5 quilômetros da BR-101 à margem da BA-275, onde  existiam os bairros Gendiba, Rola Pau e um antigo campo de aviação. Aliás, que já fora Italva (no tupi-guarani: Pedra Branca) e, Itamaraty, nome este mudado para Itapebi em razão de correspondências algumas inclusive  com conteúdo de segredo de Estado terem sido de modo contínuo, desviadas para essas bandas do Sul da Bahia, em vez de destinadas ao Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro, centro do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.  Tal palácio é o próprio de recente insucesso no pedido de clemência à Justiça da Indonésia na morte de dois brasileiros.

O floreado acima visou ativar a passagem abaixo, lembrada. Pois bem. Encontrava-me na zona do Limoeiro para uma escolha de área destinada a implantação de cacau. Fazenda cujo nome me falha a memória pertencente a Rafael Tosto Filho (ou Fafá como era mais conhecido), um mutuário considerado pelo pessoal do escritório, cara “gente boa” como se diz, e influente cidadão na comunidade itapebiense. Além disso, admirado, como piloto profissional, pela proeza de haver passado de teco-teco por baixo da ponte do Jequitinhonha.

Topografia suavemente ondulada, solo argilo-silicoso, profundidade adequada dentre outras características, caminhavam para indicar os 3 hectares do terreno como propício ao plantio.  Porém uma do conjunto, analisada à parte, destoava e me encucava: a quantidade de pedras, soltas e afloradas de diversos calibres, em toda a extensão da área. E era tão significativa que, encontrar um espaço livre para penetrar o trado tinha que fazer malabarismo. Convencido que tal particularidade impediria a aprovação, tratei à noite do mesmo dia abrir o leque para Wilton Leopoldino, então agrônomo e chefe extensionista local, na ‘república’ onde juntos morávamos –este escrevinhador, o referido dirigente e, um amigo nosso, o Dr. Genete (com “gê” mesmo), um dentista-prático, notório por sua exacerbada paixão pela sobrinha de Lourival Loba, um folclórico comerciante do Rabo da Gata.

Rapaz, a área lá é um pedregulho retado.

Mas e aí, dá pra plantar?

Neófito, de piquete as importantes teorias adquiridas na Emarc de Uruçuca combinadas com a visão de um balizamento linheiro, perfeito, composto de frondosas bananeiras vieram a mim e, vacilei na resposta. Na de sim, sim, não, não, optei finalmente pela negativa, sobretudo porque a situação envolvia aí o ‘velho medão’ falando altoum projeto financiado com  ‘dimdim’ na jogada. Wilton, oriundo da Escola de Agronomia de Cruz das Almas era também um ‘cristão-novo’ na laboral vida da extensão rural naquele início dos anos 70 do século passado, entretanto possuía o poder de decisão a respalda-lo. Olhara sim o fato pelo lado técnico, não me resta a menor dúvida, mas também, acredito, acertadamente pelo social, pelo político, solucionando um impasse.

Refletindo mais adiante, já calejado por outras topadas, e acertos, aprendi que nem sempre no Capitalismo a aparência de um empreendimento é sinal de sucesso, é sinal de negócio bem sucedido, especialmente no da agricultura.       Afirmações e reafirmações como os dos topônimos dadas por Cobi Lemos, um conhecedor das coisas de Itapebi, atualmente radicado em Lauro de Freitas, foram de muita valia neste texto, bem como o caso do Itamaraty, baseado na página 53 da 1ª edição do livro “Cachoeirinha” de Milson Nascimento.

Heckel Januário


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