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Mãe de santo acusa policiais militares de tortura em Ilhéus

Bernadete foi algemada, puxada pelos cabelos e jogada no formigueiro quando estava incorporada por Oxóssi

É na terceira pessoa que a ialorixá Bernadete Souza Ferreira dos Santos, 42 anos, relata uma sessão de tortura que ela própria sofreu de policiais militares. “Pegaram Oxóssi, puxaram os cabelos, jogaram ele em cima de um formigueiro, pisaram no pescoço e disseram: ‘só assim para o demônio sair’”, denuncia, garantindo estar incorporada no momento das agressões.

Mãe de santo e coordenadora de educação do assentamento Dom Helder Câmara, em Ilhéus, Sul do estado, Bernardete diz que foi algemada e torturada após questionar a presença dos policiais militares numa área que pertence ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), de responsabilidade da Polícia Federal (PF).


“Pegaram Oxóssi, puxaram os cabelos e jogaram num formigueiro”, contou Bernadete

O fato ocorreu no último dia 23 e pelo menos uma dezena de assentados presenciou tudo. Somente através deles Bernadete diz ter tomado conhecimento do que sofreu. Isso porque, depois de algemada e puxada pelos cabelos, a ialorixá diz ter sido “tomada” por Oxóssi, seu guia espiritual.
Em seguida, jogada sobre as formigas, Mãe Bernadete ficou com marcas de mordidas nas duas pernas.

Ao CORREIO, Bernadete contou que o assentamento, localizado no distrito de Banco do Pedro, vivia um dia tranquilo quando, por volta das 14h30, ela e o marido, o agricultor e professor de filosofia Moacir Pinho de Jesus, assistiam televisão quando perceberam a presença de oito PMs, que adentraram o assentamento, fortemente armados, com um jovem algemado.

O casal perguntou sobre os motivos da presença da PM na comunidade, mas não obtiveram resposta. “Disseram que estavam numa investigação e que não poderiam dar explicações. A gente colocou para eles que o assentamento estava sob jurisdição do Incra e que, para entrar ali, tinha que ter ordem judicial”.

TRUCULÊNCIA
Nenhuma ordem judicial foi mostrada. Os PMs entraram na sede da associação de moradores do assentamento e a vasculharam. Foi quando Bernadete resolveu ser mais incisiva. “É melhor vocês se retirarem. Isso aqui é uma área privada, um assentamento. Vocês podem entrar nas casas de quem não conhece as leis. Mas aqui nós não somos abestalhados”.

O suficiente para que o PM que comandava a patrulha, identificado como Adjailson, ordenasse a prisão dela por desacato. Bernadete foi algemada e puxada pelos cabelos.


Marcas da agressão ainda estão no corpo da mãe de santo agredida por policiais

“Quando pegarem meu cabelo, o orixá chegou. A partir daí só os relatos das pessoas. O pessoal disse que gritava: ‘Solta que é Oxóssi, é o orixá que está aí’. As crianças começaram a gritar, um desespero. Pegaram Oxóssi, pisaram no pescoço dele e jogaram em cima de um formigueiro. Aí disseram: ‘só assim para o demônio sair’”.

AGRESSÃO
O marido de Bernadete conta que, ao tentar defender a esposa, foi empurrado. “O tempo todo eles apontavam armas e ameaçavam atirar”, diz Moacir. No grupo de oito policiais, três foram identificados como os mais cruéis. Segundo os assentados, além de Adjailson, que seria um sargento, os soldados Guedes e Jesus também participaram da tortura.

Bernadete diz ter sido arrastada pelos cabelos por cerca de 600 metros até o distrito, onde estava a viatura da polícia. Passaram por quatro pontes. Ao atravessar uma delas, os PMs teriam atirado spray de pimenta para impedir a passagem dos assentados. Um dos atingidos foi o próprio coordenador geral do assentamento, Egnaldo Leal.

“E Oxóssi dando os ‘ilá’ dele”, contou a assentada Edleuza de Oliveira Moreira, referindo-se ao grito característico do orixá. Filha de santo, Edleuza testemunhou tudo. “Se Oxóssi não tivesse lá, ela não ia aguentar. Foi muito sofrimento”. Edleuza diz que um dos PMs chegou a apontar uma arma para a neta, de 4 anos, de Bernadete, que apenas suplicava. “Não levem minha avó”.

PMs seguem na rua
Mesmo com a acusação de tortura à ialorixá, os oito policiais militares continuam em serviço, segundo a assessoria de comunicação da Polícia Militar. O tenente coronel Manoel Amâncio Neto, da corregedoria da PM, preside sindicância para apurar a autoria e materialidade do fato. A explicação para que os militares sigam em serviço é que não há confirmação das denúncias. O oficial faz viagens ao Sul do estado para ouvir os envolvidos.

O prazo para a conclusão da sindicância é de 30 dias. Bernadete e outros líderes do assentamento já foram ouvidos. Os PMs não tiveram os nomes divulgados, mas a comunidade identificou o sargento Adjailson e os soldados Guedes e Jesus.


Quanto às denúncias, a PM informou que só vai se pronunciar quando as investigações forem concluídas. “É um absurdo esses PMs estarem atuando, coagindo testemunhas”, disse um dos diretores da União Geral de Trabalhadores (UGT), Magno Lavigne, que emitiu comunicado à Organização dos Estados Americanos (OEA).

O caso vem à tona em pleno Novembro Negro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra, no dia 20. “A tortura não foi contra uma ialorixá, mas, como foi feita com Oxóssi incorporado, foi contra todo o povo de santo”, diz Lavigne.

Incra cobra solução
A entrada da Polícia Militar na área do assentamento em Ilhéus não agradou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que é dono da área. “A PM não conseguiu justificar agora a motivação dessa ação. Precisamos de um esclarecimento plausível para essa história”, disse o superintendente em exercício do Incra na Bahia, Marcos Nery.

“Caso não tenha, pedimos à Polícia Militar que tenha celeridade nas investigações. Eles invadiram uma área de propriedade federal, onde só a Polícia Federal tem autonomia para entrar”, completou Nery.

O Incra, no dia 24 de outubro, enviou ofícios para a Superintendência da Polícia Federal, Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Ministério Público, Secretaria de Segurança Pública, Casa Militar, Casa Civil, Gabinete do Governador e comando geral da Polícia Militar cobrando medidas.

Segundo Nery, somente a Sepromi, a Casa Militar e o Ministério Público, até ontem à tarde, haviam respondido o ofício informando que iriam participar das investigações.

Diante da gravidade das denúncias, o desembargador Gercino José da Silva Filho, ouvidor nacional do Incra, realizará uma audiência pública sobre violência no campo ainda este mês.

Alexandre Lyrio e Jorge Gauthier | Redação CORREIO DA BAHIA
alexandre.lyrio@redebahia.com.br
jorge.souza@redebahia.com.br

11 respostas para “Mãe de santo acusa policiais militares de tortura em Ilhéus”

  • Ilhado says:

    Não é de se espantar, PMs já não possuem tanta educação e cultura como se espera de um cidadão comum, imagina ouvir desde pequeno que candomblé é coisa do diabo e tal…

    Vamos lutar para que a educação possa se fazer presente na vida dos brasileiros e ,especialmente, daqueles que lidam com a nossa segurança!

    • marcos says:

      Gostaria que a sociedade revisse as trocas de valores que esta ocorrendo, o povo esta desacreditado das suas instituições isso é ruim a sociedade perde suas bases essa descredibilidade, devemos a pessoa egoísta que só pensa em interesses próprios e políticos.
      Os policias estão indignado com julgamentos feitos pelas suas ações sem antes uma investigação e a credibilidade dada a fatos pelas pessoas que representa a grande massa sem analisar as conseqüências posteriores do julgamento antecipado. Pessoas que vivem de se aproveita a todo tempo das fraquezas da sociedade sempre manipula a todos veja o fato ocorrido uma Srª que sempre viveu dos meios de aproveitamentos usado entidades para seus próprios fins uma pessoa que não traz nem evolução para o bem de todos nunca quis estuda nem trabalhar se diz perseguida pela policia e torturada por policias que sempre lutou pelo bem da sociedade policia de família bem estruturada, com ensino superior e voltada a evolução da sociedade alguns professores e pai de família, se ver condenado por pessoas que só pensa em tirar proveito do trabalho alheio, no momento do ocorrido os policias estavam buscado manter a ordem e o respeito ao direito coletivo, essas atitude de inverter as situações para defender pessoas que manobra votos está levando a sociedade ao caos porque essas pessoas se acham acima da lei e isso esta desmotivando a policia que não vai aceita ser manobra política e de interesse pessoal…… A policia esta desmotivada e a violência esta assustadoramente aumentado até quando os interesse pessoal estará acima da lei……

    • Emmerson says:

      Conforme comentário acima realmente não é de se espantar a postura desses que chamamos hoje de policiais, o que era para fazer o papel de apasiguador e proteger a população, hoje são pessoas tão temidas quando bandidos, traficantes e outras escórias da sociedade.
      Quando eu vejo um policial na rua hoje eu atravesso a rua, eles não tem o respeito pelo cidadão e esquecem de que quem paga o salário dos mesmos somos nós profissionais que no mínimo queremos um pouco de segurança.
      Infelizmente não só na Bahia, Ilhéus, Salvador como na maioria dos municípios, os policiais estão aliados a gangs de traficantes de drogas e acobertam bandidos.
      Essa escória de profissionais deveriam estar atrás das grades como bandidos e não soltos fazendo a proteção do ser humano.

  • Ilhado says:

    Candomblé é uma religião como outra qualquer, aliás, uma das mais ricas e que influenciou tantas outras!

    Esqueçam o que foi dito pelo colonizador, pois este só queria a nossa riqueza, como fazem até hoje na África!

  • guimaraes says:

    Eu não consigo aceitar como religião a entidade que faz mal a outro, mulher quer mal a amante do marido, alguem que quer crescer as custas do fracasso do outro, essas coisas.

    Quanto a esse caso da agressão esta mal explicado, quem foi agredida?????
    a mae de santo ou a lider comunitaria, se foi a lider por ela esta fazendo alarde como mae de santo.

    tudo tem que ser esclarecido, truculencia gratuita nao.

  • Agnaldo says:

    informe por favor se oxossi foi chamado para depor e quais suas alegações?
    educação católica, o demônio se pinta de preto…já ouvi muito isso, certeza absoluta que na PM, mesmo com uma parcela de Negros muito grande a questão religiosa destes Negros nem se quer é retratada na sua formação, a cultura é imposta e a relação de alguns policiais que não tem conhecimento da religião africana é esta. agora se posicionem contra os comandantes destes policiais, não façam da imprensa o local de defesa dos interesses de quem esta no comando, sejam imparciais por favor, publiquem o depoimento dos policiais, cade a ampla defesa e o contraditório ?

    • Emmerson says:

      Alguns posts citam a questão do negro e do preconceito e levam até isso tudo na ironia, o que não pode se esquecer que o Brasil, a Bahia principalmente foram constituidos pelos negros, índios e resquícios de portugueses que foram banidos da sociedade e irraizados aqui no brasil, ou seja, históricamente o Brasil é constituido por essa miscelânia de raças e se formos mais a fundo levando em conta a questão “Antropológica” poderemos ter ciência de que a raça humana se constituiu na África e avançaram as barreiras litorâneas que consequentemente de acordo com o clima local foram perdendo a pigmentação chamada de “Melanina” ou seja é só um esclarecimento. O fato em questão é que um “Ser humano” foi violentada por policiais e isso é horrível para a repercussão da Classe pois, profissionais como esses deveriam ser exterminados da face da terra infelizmente somos obrigados a conviver com essa escória…
      Atualmente os filmes Brasileiros como Tropa de Elite I e II e vários outros, desmascaram esse tipo de escória!!! O que resta é pedir a Deus misericórdia e que os nossos governantes “Presidente(a), Governadores, Deputados, Senadores, Prefeitos, Vereadores eleitos democraticamente ajam em favor da população e não contra a ela “A população”.
      O Brasil sempre foi isso desde a sua formação vide os livros de História do Brasil infelizmente pouco fazemos para mudar isso.

  • Carlão says:

    É verdade… Se fosse vagabundo e a PM não fosse lá eles estariam reclamando. Outro dia três bandidos estavam aterrorizando um assentamento com toucas na cara em Nova Ferradas, quem quiser que esperasse que a PF chegasse.kkkk. No entando a presença da Polícia Militar lá, não sei o que teria acontecido. Os três meliantes fugiram ao verem as viaturas chegando no assentamento e largaram pelo caminho lençóis nos quais estavam: DVD Player, Play Station, e outros eletro eletrônicos como por exemplo Notbooks.
    Agora queria ver se eles iriam reclamar da PM. Agora este caso deve ser investigado sim para dismistificar esta coisa de: Eles não me agrediram, mas sim agrediram a ORIXÁ. Sinceramente….
    Me poupe.

  • moises says:

    é sempre assim os pms e a pm nunca tem a sua versão colocada. mais no entanto só se vê críticas, vamos parar com essa de só atacar a polícia. tem um velho ditado que diz: “a polícia de perto encomoda e de longe faz falta”. e vai continuar sempre assim.

  • CARLOS says:

    Quero esclarecer uma coisa,a religião africana, o cadomblê, não é brinquedo, pois o que essa cidadã esta fazendo é brincando com a força dos orixás e suas raízes, se eu fosse ela parava de utilizar da religião para fins promocionais da sua pessoa (lider de acampamento sem-terra), pois a sua falta de respeito e caracter a indentifica como falsa moralista e discrente da religião africana, e digo mais… isso não é papel de mãe de santo que se dê ao respeito e sim de uma farsante sem um pingo de vergonha na cara, utilizando de uma religião tão seria e cheia de fundamentos. Tem razão do governador querer condenar os PMs da Bahia, ele é carioca e não entende de nossas raizes!!.

  • Daniela says:

    A questão religiosa, neste caso em específico, tem sido mais valorizada e e explorada, tanto pela opinião pública, quanto pela corredoria, como forma de deturpar o que é real, o que é lamentável! Trata-se de mais uma cidadã, um ser humano, uma mulher que foi agredida, desrespeitada e torturada por policiais por conta de uma denúncia “anônima”, a qual não foi comprovada. Onde foram parar as “drogas”? Cadê a Lei Maria da Penha? O candomblé, a intolerância religiosa é um fator secundário, que deve sim, ser agregado às investigações de mais uma das sagas protagonizadas por policiais que deliberadamente abusam do “poder” torturando e humilhando cidadães inocentes, impunemente, independente de raça, religião e status sócio-econômico.
    É uma pena que os brasileiros, em geral, possui uma memória curta e “seletiva”… Será conveniência ou ignorância? Não me cabe julgar… Hoje foi uma Ialorixá, amanhã poderá ser qualquer um de nós.

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