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janeiro 2011
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A BAÍA DO PONTAL DO PASSADO

Hoje, tive o prazer de encontrar um amigo pontalense de infância, que paramos por alguns momentos ficamos contemplando a Baía do Pontal. Lembramos dos idos anos de 50 e 60, quando esta baía nos proporcionava uma agitação salutar que achamos difícil um dia voltar ao que era. E para matar a saudade transcrevo aqui algumas lembranças daquela época.

Vamos começar a falar da entrada ou “boca da barra”, pois era assim que chamávamos o local onde começava o avanço do mar na foz do Rio Cachoeira. Era o local mais temido por todos os condutores das lanchas, besouros, canoas, saveiros, lanchinhas, rebocadores, “alvarengas”, navios etc.

Os profissionais que conduziam os navios para o porto eram conhecidos como “práticos”. Os “rebocadores” eram uns tipos de embarcações de porte médio que puxavam as “alvarengas” e nestas eram armazenados os sacos de cacau para os navios que ficavam em alto mar, pois não conseguiam chegar até o cais do porto na baía do Pontal por serem de “grande calado” (navios grandes).

Nesta baía e ou em suas proximidades, ocorreram vários naufrágios e acidentes, como encalhar em “bancos’” de areias, recifes, etc. E na minha memória estão: Os navios Nossa Senhora de Lourdes (transportava gado, em 1957), Urubatan (transportava betume asfáltico, em 1959), o rebocador Sampaio Ferraz, em 1956/1957) e o Jangadeiro (transportava café, em 1975).

Aqui também acontecia um verdadeiro aglomerado de embarcações de todos os tipos, que circulavam todos os dias, deixando os moradores atentos, curiosos e acima de tudo vivenciando o dia-a-dia deste lugar.

Nós crianças, perdíamos horas e horas admirando o entre e sai dessas embarcações. Já sabíamos de cor quando o navio Capela se aproximava da barra, pois seu apito era inconfundível e anunciava a sua chegada, como também a sua saída.

Para quem não se lembra mais, o navio Capela era o maior e mais luxuoso no transporte de passageiros, principalmente para a capital do estado, que curiosamente não chamávamos de Salvador e sim de Bahia, (“Vou pra Bahia”, assim diziam nossos pais quando se deslocavam para a capital do estado).

Outra coisa curiosa era o costume de ficarmos acenando com lenços ou panos brancos para nossos entes queridos que partiam para Salvador ou adjacências. Além do Capela, existiam diversos outros navios de transporte de passageiros que partiam de Ilhéus por toda costa baiana da Companhia Baiana de Navegação.

Era comum ficar afundiado na Baía do Pontal, no cais do porto, mais cinco navios de uma só vez, aguardando para o carregamento do nosso principal produto de exportação o cacau.

Visto pelo lado do lazer, a Baía do Pontal nos proporcionava belos babas ou peladas. Locais não faltavam como: Banca do peixe, Alvorada, Chafariz e Ponta de Eustáquio.

Quem também não teve o prazer de pescar siri com “pelanca” de carne de boi, vísceras da galinha e outras iscas? Para isso usávamos como instrumento de pesca um pedaço de pau amarrado por um cordão (barbante) e uma pedra junto com a pelanca. Não podia faltar a panela, caldeirão ou lata para armazenar os crustáceos, que pegávamos com a maior facilidade. Quem não se lembra de ter comido uma boa moqueca de “peito de siri”? Hoje eu pergunto pra onde foi a fartura dos siris da Baía do Pontal?!

Nos finais de semanas as praias do Pontal ficavam repletas de banhistas, onde havia uma mistura de sombreiros de praia, com bóias de câmaras de ar de caminhão e carrinhos de picolés.

Nessa época uma coisa que chamava atenção era o movimento de vai-e-vem dos rapazes e moças que não se conformavam em ficar parados por muito tempo na areia. E para completar o lazer local estavam lá: A Cabana da Sereia com a deliciosa moqueca de Dona Matilde e o Arrastão para suprirmos com seus tira-gostos apetitosos, sem deixar faltar o caranguejo, que nessa época eram capturados nos manguezais da cidade.

Apenas como registro histórico da Baía do Pontal, citaremos os naufrágios ou encalhes num período bem antes que nos propusemos a falar

1. Navio Comandatuba – Navio a vapor encalhou em 1922, na Pedra do Rapa, que fica localizada da entrada da barra.
2. Navio Íris – Navio a vapor encalhou em 1924, na coroa em frente ao Morro de Pernambuco.
3. Navio Itacaré – Navio de passageiros que naufragou em 1939, na entrada da barra.
4. Navio Ludmar – Navio de carga que se chocou no recife (arrecifes) na entrada da barra. (Pesquisado no Google).

8 respostas para “A BAÍA DO PONTAL DO PASSADO”

  • Zé, só pra lembrar que pegávamos também alí perto do morro de pernambu-
    xo, os muçunís, mariscos gostosos demais, e que também sumiram. O ano
    passado ainda tentei, mas não encontrei mais nenhum. Um abraço.

  • Maria do socorro mendonça says:

    Essa do “muçuni” foi ótima, pois eu enchia latas, era muito legal enfiar a mão ou o pé e trazer várias daquelas conchas fechadas. Também de brincar de iate e ficávamos ao sol no convés dos barcos de pesca na “Banca do Peixe”. Numa dessas vezes tivemos que ser regatadas por “patinho” numa canoa, pois víamos uma sombra em volta do barco e gritaram para que não saíssemos, poderia ser um cação gata que comia até lata rsrsrsrs… Lembro dos pescadores Vermelho e do querido Senhor Artur que tinha um andar engraçado e usava um chapelão. Meu pai também foi pescador na época da COPESCA. Quando ia para o mar, à noite pedíamos, mesmo na sua ausência, a sua benção. A chegada do barco na Barra do Pontal era sempre de grande expectativa, pois era muito perigosa e sempre ficávamos esperando quando não estávamos na escola, que era o Grupo Escolar Pe. Luis Palmeiras, numa época onde só exitiam alguns barracos na Nova Brasília na encosta do morro Pernambuco. Boas lembranças…

  • Caro Rezende,

    Este é o Pontal que nos traz tantas saudades.

    Mas o progresso, o desenvolvimento tinham que acontecer, como é normal em todos os lugares.

    Claro que não vamos mais curtir as delícias naturais como antes, apenas temos que fazer um esforço para manter vivo a história e, aos trancos e barrancos, conviver com a atual modernidade.

    É a vida.

    Será que vamos ter uma terceira edição do livro?

    ZÉCARLOS JUNIOR

  • Luana says:

    Caro Zé Carlos Junior,

    Estão na minha casa dois tios que moram na Italia, e ela morou no Pontal justamente na decada do naufrágio do NAvio Itacaré. Lendo seu comentário que, por sinal, muito pertinente, gostaria de saber qual LIVRO é este que você cita.

    Grata

    Luana

  • RAÚL RAPÔSO says:

    Saudades do meu velho Pontal.

    A Sra. Maria do Socorro, me fez lembrar dos “bolos de palmatória” nas mãos que levei da minha mãe Hilda, por ter deixado de assistir aula no Grupo Escolar Padre Luiz Palmeiras,(só existiam vários barracos mesmos no local que era chamado de Nova Brasília), no dia em que o navio Jangadeiro, encalhou e a tripulação tiveram que jogar no mar sacos de café para diminuir o peso para poder desencalhar. Achando eu que estava fazendo um grande negócio, entrei no mar junto com outros colegas e enchi o chapéu de “croché” que fazia parte do uniforme dos alunos que cursavam o 1º ano fraco (imagina primeiro ano fraco, chegando em casa fazendo a maior festa. a minha mãe ficou desesperada porque eu poderia ter morrido afogado. Saudades da praia da frente onde tinha a estação das lanchas que fazian a travessia Pontal x Ilhéus. Estou fora da minha da cidade há mais de trinta anos, estive agora no final do ano e comentei com meus filhos onde eu vivi a minha infância, o dia todo na praia pulando das canoas, lanchas e “periquitos”.

    Um abraço a todos.

    • Sérgio Lessa says:

      D. Maria do Socorro como vai ?, Li seu artigo a respeito do Navio Jangadeiro. Meu pai Sgt. Lessa fazia parte da tripulação do navio da marinha que tentou com cabos de aços gigantescos reboca-lo mas sem sucesso. O Jangadeiro sentou em uma pedra perfurando o casco ficou preso e em seguida fazer muita água. Apenas comentários mas soube que pessoas tentando retirar objetos de valor do navio ao desces escadas cairão e quebraram a perna e la ficaram, São apenas histórias !!!Abr.

  • Sérgio Lessa says:

    Olá, fiz um comentário em outra página sobre um navio que naufragou nos anos 60 próximo ao morro do Pernambuco, frente para o mar. O nome era Jangadeiro e segundo pesquisas ele continha contrabando de café entre outros. Então uma sabotagem o levou a encalhar nas pedras. Hoje dificilmente o seu casco aparece localizado na direção entre o morro e a praia do sul. Registros na marinha do brasil.

  • lucas says:

    Olá Roberto e José Mendonça,

    Estou tentando descobrir qual o navio que até meados dos anos 80 conseguíamos ver a parte da “chaminé” fora da areia, alí na região da praia do Cristo, que devido ao assoramento das últimas décadas, não conseguimos ver mais..

    Qual seria esse navio??

    Sds

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