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maio 2011
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FAST FOOD… SLOW FOOD!

Há alguns séculos, grandes edificações levavam mais de 300 anos para serem concluídas, uma simples mesa dias ou até meses para ficar pronta pelas mãos de um artesão, vilas e cidades eram tão pequenas que todos se locomoviam a pé, o lombo do animal e as carroças transportavam as produções agrícolas de seus produtores. Com a Revolução Industrial, iniciada pela Inglaterra em meados do século XVIII, e seu conjunto de mudanças tecnológicas fez com que a era da agricultura fosse superada, a máquina foi substituindo o trabalho humano, o poder do campo foi sendo centralizado por minorias e dentre muitas mudanças econômicas e sociais, com o passar de dois séculos, surgiu o fenômeno da cultura de massa e com ela a cadeia de Fast Food americana.

A industrialização da alimentação e a distribuição em grande escala, deu condições à cultura do Fast Food de fortalecer suas bases. Com uma ação logística extremamente bem elaborada pelo do marketing e publicidade, o Fast Food conseguiu individualizar e descentralizar as práticas alimentares dos lares, pois até 1950, as famílias norte-americanas e do resto do planeta ainda se reuniam em casa para apreciar as refeições à mesa e era considerado grande falta de educação interromper este momento com uma visita inesperada ou uma ligação telefônica.

Redes de Fast Food com seu perfil de produção e serviço acelerado a preços baixos e padronização do sabor, foram entrando em nossas sociedades com o objetivo de conquistar o mercado carente de comida acessível a qualquer hora do dia e próxima do local de trabalho ou de onde você esteja: em sua casa, nas estradas, nos shoppings ou aeroportos! Porém de baixa qualidade nutricional e despreocupada com a saúde humana, o ecossistema e a sustentabilidade mundial.

Falando um pouco de etiqueta e bons modos, por causa do mundo Fast, muitos voltaram ao “tempo das cavernas” (perdendo os hábitos da boa mesa inseridos pela rainha consorte da França, a italiana Catarina di Medici, que nos presenteou e inseriu a gastronomia à França, evoluindo das refeições grotescas dos assados onde se comia com as mãos, para os banquetes produzidos por cozinheiros e servidos aos pedaços, cozidos em molhos e degustados em pratos acompanhados de talheres…), pois se come novamente com as mãos, come-se em pé, come-se na fila, come-se andando, come-se trabalhando, come-se empreendendo, come-se a qualquer hora do dia e da noite (a depender da hora que o seu trabalho te libere uns minutinhos), basta aparecer na loja mais próxima da sua casa ou ligar! O tempo para a sociedade capitalista, nunca pára… e as redes agradecem, o planeta sofre.

Para nossa sorte surgiu um novo movimento, o Slow Food, que surgiu para abrir nossos olhos e conscientizar-nos da importância de comer bem e saudável, por coincidência ou não as redes começaram a cair em faturamento e prestígio, as pessoas começaram a sentir na pele o peso da obesidade, das cardiopatias, da osteoporose, da infelicidade alimentar e sua conseqüente falta de opção dentro de uma identidade cultural e alimentar que não conhece ou reconhece mais o alimento saudável.

Tendo como exemplo os norte-americanos e cidadãos nascidos em grandes metrópoles, que não usufruem de uma identidade alimentar regional forte, estes não tiveram e não tem outra opção que não a de crescer diante dos sucrilhos de milho, do cachorro-quente, hambúrgueres, pizzas, batata frita, ovos com bacon, doughnut, tacos mexicanos, comidas congeladas, enlatadas, embutidas, repletas de sódio, de açúcar, de doenças do século XXI… decorrentes do século XX e sua consequente ignorância deslumbrada diante da industrialização, do capitalismo e da globalização!

Slow food: a arte de comer bem

O princípio básico do movimento é o direito ao prazer da alimentação, como na gastronomia, que também prima pela utilização de produtos artesanais de qualidade especial, produzidos de forma que respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis pela produção. O Slow Food opõe-se à tendência de padronização do alimento no Mundo e defende a necessidade de que os consumidores estejam bem informados quanto à qualidade e frescor dos ingredientes, livrando-nos dos agrotóxicos, dos geneticamente modificados, do sódio em excesso presente nos industrializados, da gordura transgênica, do colesterol, etc. O movimento surgiu na Itália apenas há vinte anos, iniciado por Carlo Petrini, com o intuito de:

– Preservar as qualidades originais dos alimentos em risco de extinção;

– Reeducar o paladar e tentar reverter os efeitos padronizantes do Fast Food;

– Desacelerar o ritmo frenético da vida atual;

– Conscientizar a população de que qualidade não está atrelada a quantidade ou velocidade;

– Lutar contra o desaparecimento das tradições culinárias regionais;

– Lutar contra o decrescente interesse das pessoas na sua alimentação, na procedência e no sabor dos alimentos;

– Mostrar como nossa escolha alimentar pode afetar o mundo.

Na Itália é comum a muitos hábitos alimentares regionais, utilizar-se apenas dos alimentos disponíveis pelas estações, ou seja, eles não consomem alimentos que não estejam frescos, que sejam orgânicos ou que promovam a sustentabilidade! Faz parte do regime saudável deste povo a hora correta para cultivar, colher, selecionar, cozinhar e se alimentar, respeitando todo o ecossistema e sua sustentabilidade.

E na Europa há todo um movimento Slow Attitude, que está buscando desacelerar todo e qualquer processo que prime pela quantidade em detrimento à qualidade e perfeição do trabalho. O Slow Europe quer resgatar a qualidade de vida, o prazer do ócio, o sumiço do estresse, o convívio nos lares a sociabilização nos momentos de lazer… Vamos todos desacelerar? Basta ter consciência e querer a mudança, esta começa dentro de nós!

O caracol foi escolhido como símbolo do movimento, porque se movimenta lentamente e vai comendo calmamente durante o seu ciclo de vida:

“É inútil forçar os ritmos da vida. A arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas.”
Carlo Petrini, fundador do Slow Food

Maiores informações sobre o movimento acesse: http://www.slowfoodbrasil.com/

Até lá! Au revoir!

Aline Fidelman

34 anos, Ilhéus-Ba.

Gastrônoma diplomada pela Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo

Especializada em docência pela Leiths School of Food & Wine – Londres

Perfil Profissional: 3 anos de experiência de em Buffet e Catering e 6 meses como assistente de chef de cozinha, área de Garde Manger, na empresa KUDOS Hospitality, Londres. Preparando módulos para ministrar curso particular para chef iniciante (habilidades básicas de cozinha) e consultoria de Custos e Controles em cozinhas de restaurantes.

Contato: fidelman.a@gmail.com

3 respostas para “FAST FOOD… SLOW FOOD!”

  • Aline Fidelman says:

    ERRATA – “Na Itália é comum a muitos hábitos alimentares regionais, utilizar-se apenas dos alimentos disponíveis pelas estações, ou seja, eles CONSOMEM alimentos FRESCOS, ORGÂNICOS E QUE PROMOVAM A SUSTENTABILIDADE!”

  • Aline,

    Seu texto era o que estava faltando pra minha vida!rs…Parabens…

    Sou um gordinho que esta fazendo um blog Este texto será referncia pra mim. Contextualiza históricamente o assunto.

    Enviarei a matéria assim que finalizar…vc é uma grande colaboradora!

    Obrigado!

  • Aline Fidelman says:

    Caro Jorge,
    Perdão pela longa ausência, mas justifico-me dizendo não recebo nenhum tipo de aviso quando um leitor escreve, portanto neste exato momento, “remexendo” aqui os artigos, encontrei o seu texto!
    Obrigada você pela simpatia e pelas palavras, no que eu puder ajudá-lo, por favor, me faça saber!
    Um grande abraço,
    Aline

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