É ensurdecedora a mudez da presidente Dilma Rousseff no caso Palocci. Não falou em público nem a favor, nem contra, nem muito pelo contrário.

Retumba o mutismo do próprio Antônio Palocci.

É tonitruante o silêncio da secretária da Comunicação Social do Governo Federal, Helena Chagas.

Reboa o silêncio dos meios de comunicação a respeito da disputa paralela entre os ex-sócios e hoje inimigos Daniel Dantas e Luiz Roberto Demarco, cada um de um lado da briga (a julgar por seus porta-vozes não-oficiais, o grupo de Dantas apóia Palocci e o de Demarco exige a demissão do ministro).

Pelo que dizem deputados e senadores da bancada governista, o caso não existe: os ganhos foram declarados, os impostos pagos, tudo rigorosamente de acordo com a lei. E a receita jorrou abundante, quando se tornou claro que Palocci se tornaria ministro, porque, sabendo que ele deixaria o trabalho, seus clientes se apressaram em antecipar o pagamento do restante do contrato.

Claro: imagine que o caro leitor tenha feito uma assinatura de TV a cabo, para pagamento mensal. Um dia, a empresa de TV a cabo o informa de que não vai mais prestar serviços. O caro leitor imediatamente paga a vista o contrato inteiro, para que o tempo do serviço não-prestado seja também dignamente remunerado.

Se está tudo certo, por que tanta gente do Governo se nega a explicar o caso?

Nem sempre as pessoas falam. Mas às vezes o silêncio fala e conta tudo.

Os amigos que revelam

Há muitos anos, quando este colunista foi cobrir a Assembléia Legislativa de São Paulo, não sabia como resolver um problema: as dezenas de projetos cifrados, que modificam o artigo 4º, parágrafo 3º, inciso V, da Lei 00000, de 0/0/00, incluindo a palavra “talvez”. Não há tempo suficiente para examinar lei por lei.

Um experiente repórter, Ricardo Sérgio Mendes, ensinou o caminho das pedras: bastava olhar as assinaturas. Se fossem de gente do bem, sem problemas. Mas, conforme os signatários, valeria a pena olhar o projeto com lupa.

E daí? Bem, veja a lista de políticos que manifestaram confiança em Palocci.

Segurança estúpida

Talvez tenha sido o mais vergonhoso episódio de violência policial em São Paulo desde a invasão da PUC, na ditadura. A manutenção nos cargos do secretário da Segurança e do comandante da Polícia Militar faz com que o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, se transforme em co-responsável pelos desmandos.

Um grupo de idiotas decidiu fazer uma marcha, que tinha sido proibida pela Justiça, em favor da liberação da maconha. Outro grupo de idiotas, neonazistas, teve a idéia imbecil de provocar uma briga com os outros idiotas. E a Polícia Militar interveio com violência, disparando balas de borracha, gastando gás lacrimogêneo à vontade, usando sprays de gás pimenta, agredindo jornalistas e causando tumulto. Até helicópteros foram usados. Ah, se bandidos também fossem perseguidos com tanto equipamento e tanta disposição!

Um dos grupos queria fazer uma marcha proibida, e talvez pudesse ser enquadrado por apologia ao uso de substância ilícita; outro grupo era violento, identificado com tatuagens como nazista e comandado como tropa de combate, e certamente poderia ser enquadrado por uma série de crimes. Houve algum preso? Não. Alguém está sendo processado? Não. Então, para que a PM interveio?

Sem fantasia

Este colunista é contra maconha, contra tabaco, contra cigarro de alface, contra qualquer coisa que, inofensiva ou não, incomode o vizinho do fumante. Também não gosta de violência policial nem de governos que não comandem a PM.

Partido partido

Vale a pena acompanhar a convenção nacional do PSDB neste fim de semana. O partido está tão rachado que o governador Alckmin, para atingir Aécio Neves, chegou ao extremo de até apoiar Serra para um cargo na direção tucana. Aécio, com apoio de Sérgio Guerra (lembre: ele é o presidente do partido faz um tempão), quer afastar o diretório paulista de qualquer cargo importante. Há até possibilidades de que o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira dispute a Presidência para marcar posição e definir de vez o “racha”; e de que o grupo de Serra resolva não aparecer na convenção, preparando-se para buscar outros caminhos.

A melhor parte

O fato é que Alckmin é obrigado a cortejar Serra, a quem dificilmente chamaria de amigo. Ao criar o PSD, o prefeito paulistano Gilberto Kassab, que Alckmin nunca perdoou por tê-lo derrotado na eleição de 2008, manteve a seu lado o vice-governador Guilherme Afif. Se Alckmin deixar o Governo para concorrer à Presidência, Afif assume. E não vai esquecer o esforço que Alckmin, no Governo, fez para desalojar os amigos de Kassab – entre eles, principalmente, Serra.

A festa de Guarulhos

As obras de ampliação do aeroporto se arrastam, mas mesmo assim Guarulhos, SP, fechou 2010 com 9,2% a mais de empregos (contra 6,6% em todo o Estado). Guarulhos está entre as 15 cidades que mais empregam no país.