Com o passar dos meses, a saudade de casa e das comidas típicas da Bahia foi aumentando… Caminhava pelas ruas inglesas sentindo os aromas que delas exalavam e tentando em algum deles me acalentar com algo que assemelhasse aos nossos pratos regionais e eis que de vez em quando algo me deixava encabulada! O cheiro da fritura do falafel árabe que é um bolinho de grão-de-bico, consumidos em pão sírio com homus (pasta de grão de bico), me fazia parar no meio da rua e perguntar aos meus amigos baianos: “Vocês também estão sentindo cheiro de acarajé? Ou eu estou ficando “louca” com a saudade e desejo de comer um?”

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Falafel de grão de bico frito em óleo e o nosso acarajé feito de feijão fradinho e frito em azeite de dendê.

Pois é… Aquele aroma me fazia cruzar o Oceano Atlântico através do pensamento e do desejo até que eu chegava à pracinha da saudosa Irene, de onde me imaginava degustando um acarajé ou um delicioso e preferido abará! Humm… Como sonhava com este momento outra vez na vida.

Ficava a me perguntar quando iria matar a saudade do sabor terroir da minha Bahia. Era um “sofrimento” sem fim, uma saudade doída daquela massa amarelada cozida na folha da bananeira!

Eis que num dia dezembro de 2006, bem próximo ao Natal, eu recebo a visita dos “cleaners” bolivianos e colombianos (equipe responsável pela limpeza das salas de reuniões) na cozinha onde eu trabalhava e estes me pediram com toda a educação e gentileza que fossem a eles emprestados pratos e talheres para que pudessem comemorar o Natal, almoçando juntos na sala de descanso.

Como formávamos uma “família” latina e nos apoiávamos na terra da Rainha Elizabeth II, cedi com alegria ao pedido dos “hermanos” queridos que felizes, abriram um dos sacos onde carregavam a comida típica do país e sacaram um saco menor me entregando em forma de agradecimento, no momento fiquei agradecida e até pedi que não me fizessem tal delicadeza, para que não faltasse a eles, mas insistiram e me presentearam com a iguaria gastronômica.

Como estava ocupada naquele momento e ainda não era o meu intervalo de almoço, agradeci e guardei o meu presente na prateleira, junto a centenas de pratos e utensílios da empresa.

Algum tempo depois, resolvi degustá-lo e foi quando ao olhar para o conteúdo do saco, arregalei os olhos e comecei a agradecer a Deus por aquele momento que mais parecia um milagre: deparei-me com uma massa amarelada enrolada em folha de bananeira e que me fez perder o fôlego de tanta emoção!

Chamei a atenção de todos ao meu redor explicando, muito feliz, de toda a saudade que eu sentia de comer uma comida típica do meu país, que se assemelhava demais com o que eu acabara de ganhar dos amigos sul americanos.

Coloquei sobre um prato e comecei a abri-lo… era uma massa amarelada recheada com frango desfiado, ervilhas e legumes.

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Tamale – tamal – pamonha de milho

Agradeci muito aos meus colegas quando os reencontrei e me senti honrada por receber tal comida! Deus havia me enviado um “abará colombiano”, por certo, um tamale, que mesmo não sendo o legítimo abará da Bahia encheu meu coração de muita felicidade incontida e agradecimento à vida!

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Tamale boliviano feito de massa de milho com carnes e legumes e o abará baiano feito de feijão fradinho e azeite de dendê.

A pamonha ou tamal (espanhol: tamal, de Nahuatl: tamalli) é um prato tradicional latino-americano feito de ‘masa’ (uma massa com amido, geralmente à base de milho), que é cozido no vapor ou cozidos em um invólucro de folha. A embalagem é descartada antes de comer. Tamales pode ser ainda mais cheio de carnes, queijos, legumes, pimenta ou qualquer preparação acordo com o gosto, e tanto o recheio ou o líquido de cozimento pode ser temperado.

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No próximo artigo falarei sobre os principais ingredientes genuinamente Americanos e no domingo receitas de tamales salgados e doces!

 

Até lá! Au revoir!

Fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/Tamale

Aline Fidelman

34 anos, Ilhéus-Ba.

Gastrônoma diplomada pela Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo

Especializada em docência pela Leiths School of Food & Wine – Londres

Perfil Profissional: 3 anos de experiência de em Buffet e Catering e 6 meses como assistente de chef de cozinha, área de Garde Manger, na empresa KUDOS Hospitality, Londres.

Contato: fidelman.a@gmail.com