Heckel Januário em: PREFERI AS PALAVRAS DA VÉSPERA
Este ano aqui na Capitania dos Ilhéus preferi as palavras da véspera a fixar-me em frente da televisão, ou mesmo optar por um acompanhamento ao vivo.
Não que eu seja indiferente porque apesar de calejado em razão de não sei quantos carnavais e outros tantos setembro, os festejos comemorativos da Independência ainda me propiciam certo júbilo, só que desta vez parei mesmo foi no pronunciamento da Presidenta da República do dia anterior.
Entre toques nos números positivos da administração a exemplo da estabilidade econômica diante da crise financeira mundial originada na Europa, o discurso enfatizou a política agressiva de investimento do governo que, já em prática, objetiva um “novo salto” de crescimento mais qualitativo do país.
Como no bojo desse projeto insere a concessão de serviços à iniciativa privada, arautos do “purismo ideológico”, não titubearam à fala presidencial, em titular tal medida de “privatismo camuflado”, inclusive de ser mais liberal que a dos tempos da política liberalizante de FHC. À redução da tarifa de energia elétrica tanto no nível de consumo como no do setor produtivo a partir de 2013, reiterada terça-feira (10) em rede nacional, também não hesitaram na contraposição que a referida ação não passa de ato compensatório aos prejuízos causados pela União aos consumidores –em mais ou menos 17 bilhões de reais no período de 2002 a 2010– devido a erros de cálculos a maior nas contas de luz.
Para quem a convicção de um Estado forte e mandão –como etapa a ser transposta na conquista de uma sociedade socialista– era imutável, possivelmente se fundamente aí as considerações dos porta-vozes, ou melhor dizendo, dos opositores políticos. Inócuas, a meu ver, se forem postas à luz da comparação, a vigente popularidade governamental, o vigente grau de satisfação dos consumidores, e o secular e enorme déficit na conta “contrapartida de benefícios social aos brasileiros” (óbvio, da maioria) da nossa contabilidade nacional. Uma nota complementar: Considero paralelo à suposição, a primeira inserção puritana de um tremendo radicalismo para o cenário do século XXI; com referência à segunda, abro o espaço para as explicações dos responsáveis pelo setor elétrico brasileiro.
De cunho político-econômico, a exposição não abordou de maneira específica os problemas na educação, na saúde, e a insuportável insegurança que campeia nos quatros cantos. Atrevo-me a deduzir que a suprema mandatária em vez de entrar nesses detalhes, escolheu apostar no equilíbrio da economia e no taco da política econômica de seu governo e, dos seus efeitos, a solução, que será fundamental para o alcance de um país mais igualitário. Na questionada reforma tributária tocou firme sim, porque disse estar disposta a dialogar com todas as forças políticas e produtivas a fim de aperfeiçoar o sistema.
Pois é. No Dia da Pátria estive em outra. Como faz parte das sagradas paixões nacionais, optei por um “baba” de coroas e, em seguida, ao sabor de uma cervejinha e outra, aguardei a Seleção Canarinho versus África do Sul, a propósito, um joginho chato retado!
Agora destrincharei a preferência. Como no dia posterior ao da independência festiva, sem mais o calor, o garbo e a pomba de patriotas e patrioteiros de plantão, minha euforia acabaria, resolvi não deixar acontecer, e mais que isso eu antecipei –com ares de prolongá-la–, sem no entanto o compromisso de desfilar brasilidade na avenida. Sim, acreditando na garra, no propósito e na persistência da comandante de libertar o Brasil de verdade, ou seja, de extrair dele as mazelas que persistem.
Heckel Januário