Mesmo passados alguns dias, ainda é de estarrecer a notícia de duas jovens vidas dizimadas brutalmente, em Salvador, fruto da violência no trânsito, onde a suposta homicida é, por paradoxo, uma médica. A matéria foi veiculada em toda Bahia e resto do País, inclusive aqui, no R2CPRESS.
Estive em Salvador há algumas semanas atrás. Me chamou a atenção, a ponto de comentar com os amigos de lá e daqui, a quantidade de discussões, xingamentos e ameaças mútuas que assisti naquele trânsito louco.
Salvador tem, sem dúvida, o pior trânsito do Brasil. A razão que predomina é uma só: falta de educação. “Fechadas” fazem parte do dia a dia e são a principal causa dos conflitos; uso abusivo e desnecessário da buzina, descortesia de não dar a vez, de não dar passagem ou prioridade a outros veículos ou pedestres, tudo isso associado a negligência, imperícia e imprudência. Ao invés da direção defensiva, lá é praticada a direção ofensiva pela maioria dos condutores de veículos. Acrescente a esse conjunto de coisas o estresse natural das grandes cidades, onde o próprio trânsito caótico é um dos ingredientes básicos. Infelizmente, esse suposto assassinato causado por briga de trânsito não foi o primeiro nem será o último.
Aqui em Ilhéus temos bem menos veículos circulando, bem menos discussões e raríssimas consequências trágicas nas eventuais contendas, mas nem por isso nosso trânsito é a maior maravilha. Confesso que o péssimo hábito dos condutores de veículos daqui em não ligar a seta para fazer conversões à direita ou esquerda – tampouco ao ir para o acostamento – me irritam de verdade. Bem, já que eles não se endireitam, o jeito é tentar acostumar, relaxar e xingar só no pensamento, nunca pra fora. Sem estresse.

Nilson Pessoa