Qualquer semelhança com atos e fatos por aqui ocorridos, não é pura coincidência, mas sim a pura verdade.

Moro bem pertinho do glorioso aeroporto Brigadeiro Eduardo Gomes, hoje nomeado merecidamente de Aeroporto Jorge Amado, que bem poderia ser acrescentado a palavra internacional, mas que um dia com certeza iremos ter este prazer de ver as grandes aeronaves aqui pousando e decolando.

Lembro-me perfeitamente que no ano de 2009 e que muita gente e principalmente os nossos políticos já esqueceram, uma poderosa emissora de TV, numa desastrada notícia premeditada, alardeou para os quatro cantos do mundo que o nosso aeroporto era o mais perigoso para as operações de pouco e decolagem do Brasil.

Vale ressaltar que nenhuma ocorrência de acidente grave foi aqui registrada até a presente data.

E observem que a notícia saiu dos estúdios da TV, localizados no Rio de Janeiro e onde existe um aeroporto do tamanho mais ou menos do nosso e com os mesmos perigos ou até maiores.

Aqui pela nossa capitania o alvoroço foi intenso e a bomba da notícia já alardeava que o aeroporto iria ser fechado. Foi um pandemônio, um azarão dos infernos, brincou com o brio dos ilheenses nativos e adotivos.

Mais do que depressa um ilheense adotivo filho do Padim Ciço, diretor de uma associação comercial de ativa participação na sociedade, e já tendo constituído um movimento com a sigla FPDI (Fórum Permanente em Defesa de Ilhéus), saiu na frente, implorou a benção do santo padre e tocou a fazer protestos contra a ação nefasta da dita emissora de TV e também com a parceria do governo federal.

O cearense aretado por aqui se movimentando e o pessoal da ANAC chegando à cidade para conhecer o tal aeroporto e tomar as medidas de praxe.

Nas primeiras visitas determinaram a suspensão de voos, mandaram construir uma guarita com cancela para fechar e abrir o tráfego na cabeceira do aeroporto, eliminar todas as árvores que existiam ao lado do muro do aeroporto, derrubar uma parte do deck do hotel, duas casas no Pontal tiveram que rebaixar o teto e ameaçaram outras do lado do muro, obrigaram a alargar a pista da cabeceira, uma cancela com semáforo em frente ao posto de gasolina, diminuir 150 metros da pista pelo lado leste, a COELBA teve que tirar vários postes da Rua 13 de Maio, foi um panavoeiro da zorra, melhor dizendo uma presepada que custou uma quantidade considerável de recursos públicos.

O prefeito da época ficou igual a cego em tiroteio, praticamente fez tudo o que os senhores da ANAC pediram, gastou recursos do município procurando atender as recomendações do governo federal

Vale aqui registrar que os senhores da ANAC fizeram um monte de viagens a serviço aqui para a nossa cidade, foi um tal de comer moqueca de peixe, camarão e pitu que ninguém aguentava mais.

Até um grande ministro, isto mesmo, o homem tinha mais de dois metros de altura e 150 quilos de peso, aqui aportou para também sacanear com a nossa cidade e colocou sob a responsabilidade das empresas aéreas os pousos e decolagens em dias de tempo ruim.

Mas o filho do Padim Ciço não se deu por vencido, convocou a sociedade e fez vários manifestos contra o fechamento do aeroporto, cearense retado estava de prontidão contra os manda chuvas da capital federal.

Era um tal de tomar sol na cabeça e sair andando do centro até o aeroporto. Adultos, jovens, crianças, idosos, deficientes, políticos, empresários, artistas, enfim, todo mundo seguindo a procissão do santo milagreiro, éramos os beatos defendendo o nosso aeroporto.

Passado a turbulência, dinheiro jogado fora, teste para os brios dos ilheenses e até hoje o aeroporto está aí, subindo e descendo avião a qualquer hora do dia ou da noite, exceto claro em dias de chuvas.

Mas os discursos dos políticos de plantão continuam soltos, agora com a construção do novo aeroporto, vai ser ali, vai ser aqui, vai ser acolá, e as campanhas eleitorais vão atiçar ainda mais as promessas.

Apenas uma coisa não pode acontecer: uma nova visita do pessoal da ANAC, caso isso venha ocorrer, formaremos nova procissão tendo à frente o cearense filho do Padim Ciço, o nosso eterno Cícero Romão Batista.

ZÉCARLOS JUNIOR