<<Inserimos, antes deste escrito propriamente, nossos pesares pela morte das sete pessoas no comentado trágico desastre aéreo em Santos, entre elas um político candidato, Eduardo Campo, um “homem de bem”, que poderia estar relacionado com o texto.>>

O ruidoso começo de campanha eleitoral me fez lembrar –como havia me chamado a atenção– da conclusão no ar via telefone de Zecarlos Junior, colega ceplaqueano, e vascaíno, e um dos ardorosos defensores do Pontal. Não preciso o horário, mas gravei: primeiras horas da manhã do dois do corrente mês na radio Santa Cruz daqui da Capitania dos Ilhéus.

Mesmo pegando o meio da conversa, o bonde andando como se diz, percebi que depois de elogios ao condutor do programa e demais radialistas da referida emissora pelos bons serviços prestados à comunidade ilheense na qualidade de comunicadores, aconselhava-os a não entrarem na política, pois já era significativa a contribuição deles à sociedade.  O desaconselho –assim entendi e deduzi– tinha a ver com os constantes maus exemplos de nossos políticos e que –desabonando  a política brasileira– coadunava com um pensamento comum em milhões de brasileiros: “homem de bem não deve entrar na política”.

E provocou-me porque, como um pendente a aceitar o brocado, no entanto tenho me segurado.  Acode-me na persistência o popularíssimo ditado “se ficar o bicho come, se correr o bicho pega” que, ao relacionar com as ideias do “animal político”, e de a ‘boa política’ dever ter sempre como objetivo o ‘bem comum’, do filósofo da Grécia antiga, Aristóteles, percebo ser irrefutável a asserção da –referindo-se à política– ‘tudo depende dela’, uma não tão popular frase. Diante disso resta-me resumir: No poder, melhor os bons que os maus –numa  esperança dessas candidaturas virem à tona. Então, se o cidadão(ã) carregar na bagagem a defesa de propostas e bandeiras de espírito coletivo, e a disposição de contribuir para um Brasil melhor, nenhuma objeção, nenhuma objeção à pretensão. Obviamente que deva pôr na mala –com data de validade infinita– o antídoto contra o ‘vício do poder’, poderoso veneno capaz de até ao imune ‘ético’ e ‘bom caráter’, atingir se desavisado. Abro espaço para considerar a que ponto nós chegamos: Percebeu o destaque dado a condições que deveriam ser sine qua non ao nosso representante?

Mais uma inferenciazinha: Possivelmente à posição do amigo radiouvinte na linha, ele tenha inserido na soma dos fatores face misturebas  e aliançadas entre facções partidárias ditas de princípios antagônicos no papel e formadas simplesmente na tentativa de se ganhar eleições, o da desqualificação de nossos partidos, contribuindo com o descrédito do eleitor, este de muito um observador de que a nossa representação claro, com as devidas exceções, senão… faz do cargo eletivo uma profissão, e das mais remuneradas, com direito –veja você!– à natural hora-extra da corrupção.

Viu? E ainda por cima de alguma forma, profissionais classistas, indo de encontro à ‘naturalidade humana’ do citado pensador grego, significando mais um belo desserviço apesar de toda incoerência e contradição do mundoà desgastada política brasileira. E a mim… Bom, e a mim, dizendo que dobre o esforço de agarrar numa corda cada vez mais escorregadia e, bamba.

Heckel Januário