Ns últimos dias daquele desgovernante inominável, inventaram uma obra misteriosa no “Posto de Saúde do Pontal”. Trouxeram uns pintores e pedreiros amadores de Bom Jesus da Lapa que, sem a assistência de qualquer mestre-de-obras ou engenheiro diplomado, passaram meses enrolando o serviço à espera dos pagamentos que nunca chegavam. Passaram fome e fizeram ali dentro festas-de-arromba, pegaram as macas e os armários de aço para improvisar andaimes por dentro e por fora do prédio e, algumas vezes, os esqueciam à noite na calçada do beco adjacente.

E o entulho da obra? O espalharam no jardim da frente do Posto – tanto entulho que nenhum matinho ali nasceu até hoje -. Num dos lados do jardim, todavia, algum vegetal insistente decidiu crescer assim mesmo e, como a “Secretaria de Saúde” nunca resolveu mandar a Secretaria de Parques e Jardins o limpar, Seu Miguel, o zelador daquele prédio, tirou do seu bolso algum trocado e pediu a um pobre homem vizinho, embriagado, que o limpasse, pela sua conta. Esse homem, como sempre faz depois de limpar as sarjetas dos vizinhos da nossa redondeza, pôs todo o mato em sacos de lixo e o colocou no clássico lixão do pedaço – o pé do poste da esquina da Castro Alves com a Afonso de Carvalho -.

Horas depois, novos moradores vizinhos recomeçaram a ali dejetar o  entulho de suas obras.
 
Primeiro, foi o meu vizinho …; depois, os pedreiros da Igreja Maranata que faziam consertos no seu telhado.

Reclamei e aí começou a baixaria:

“Você parece um mendigo”,

me disseram, entre outros xingamentos. Prometi pagar uma carroça para levar embora o santo entulho e eles disseram não querer nada da minha ajuda.

Da última vez que aquele lixão ali cresceu, foi o mesmo vizinho … que primeiro jogou  uma outra capinagem na sua sarjeta. Depois, foi a Igreja Batista Missionária que ali dejetou todo o forro de gesso de uma reforma. Depois, foi “a empresa” contratada pela Capitania dos Portos, por mim contactada, que me prometeu providências para a retirada do entulho da reforma num banheiro, mas nada… apenas  uma falsa promessa com um pomposo sotaque sulista.

Virando a esquina, na direção da Praça São João, outro vizinho contratou outro deficiente bêbado, com uma galeota, para ali jogar todo o concreto removido da renovação do seu passeio. Depois foi outro vizinho, de tradicional familia pontalense, que continuou a aumentar aquele monumento à improbidade administrativa municipal pois os inúmeros fiscais municipais contratados não fiscalizam nada, ficando em grandes grupos batendo papo pelas esquinas da Paranaguá.

Sem rivotril, muita gente, hoje, não consegue mesmo viver em Ilhéus.

 

Guilherme Albagli de Almeida