Se gestão pública significar na essência administrar em benefício de uma coletividade, de uma população, a do atual governo federal e seu “ordem e progresso”, control-c do lema da nossa bandeira, até o momento, neca de pitibiriba.

Com seis meses de assunção ao poder o panorama é de um desemprego chegado ao patamar de 12 milhões de desempregados, inflação e, expectativas nada promissoras.

Adotando uma extremada política de cortes de gastos públicos por meio da chamada PEC 241, agora numerada de 55 no Senado, não sobrando da faca nem as contas de Saúde e Educação, economistas apontam para um engessamento completo da economia, resultando em um declínio insuportável na vida do brasileiro, sobretudo na da classe mais pobre. Na tentativa de convencimento verbaliza intensamente na mídia que se a proposta de emenda à Constituição for aprovada, virá a redução dos juros e a consequente retomada do crescimento econômico.

Na leiguice deste cidadão a área econômica do governo voou sobre uma sociedade imaginária, estanque, fechada, sem problemas e sem nenhuma mulher a parir, jamais sobre uma complexa igual a nossa. Pô, como fazer crescer uma economia se investimentos, e consumo –do Governo e, com o desemprego, das Famílias– estarão estagnados? Relembrando: foi teoria semelhante, em doses bem mais brandas adotada pelo governo passado, mas já com podas em conquistas sociais, e não sanando a crise econômica, uma “muy amiga” coadjuvante na derrubada da própria presidente.

Além disso, a insistência do blábláblá da credibilidade vai-se exaurindo ao sabor das contradições entre austeridade altamente propagada e ações do governo quando se sabe por exemplo da criação de 14 mil cargos comissionados, do estouro no Cartão Corporativo (este é o tal que as autoridades usam a torto e a direito sem a obrigatoriedade do ressarcimento de despesas) entre outras variadas incongruências. E qual a certeza de o mandatário exigir realmente o corte das remunerações de brasileiros diferenciados –aqueles cujos ganhos estão acima do teto constitucional– como tem insistentemente solicitado o sacrifício dos trabalhadores comuns?  E que dizer de dois jantares com parlamentares custando cada mais de 300 mil paus tirados do bolso do povo com o objetivo de coopta-los a votarem a favor dos falsos ajustes? Como de regra, os “ilustres” congressistas não marcaram presença somente pelos prazeres da mesa, por mais supimpas as iguarias palacianas!

Se o lado do bem-estar foi chutado pra escanteio, o da ética e da moral –marcados por um incessante entra e sai de ministros ditos suspeitíssimos–, nem sequer entraram em campo, como se diz duma equipe que joga mal.  A saída mais recente tem pano de fundo o caso La Vue, em que um, lá com seus interesses, queria se privilegiar da bela vista da Baia de Todos os Santos, esculhambando a ambiência de um espaço de bens tombados. Vale lembrar o do “Tem que resolver esta porra… Tem que mudar o governo, para estancar essa sangria”, trechinho do diálogo “republicano” de um peso pesado do staff presidencial com um ex chefe de importante subsidiaria da Petrobras que em resumo trama o impeachment da presidente para barrar a Lava Jato e, que se encontra numa das gavetas da Justiça!! Taí uma operação necessaríssima ao país, mas que não pode cair na de sensacionalismo e, mais do que isso, na de atropelar o Estado Democrático de Direito. Claro, para não acabar caindo no descrédito total e razões do tipo “…resolver esta porra…”  se justifiquem. Também na parte lateral da preservação das riquezas o governo fez embaixadinha com a camada de Pré-Sal, mas como um zagueiro estabanado, entregou o ouro ao bandido.

Como os resultados positivos estão longe de acontecerem (aliás, de positivo mesmo no governo só o mote positivista do francês Auguste Comte) e com o grau de insatisfação da população aumentando dia a dia, seria oportuno que o slogan governamental copiado e sem motivos para reverências, fosse invertido –e praticado– para “progresso e ordem”, e ainda de lambuja acrescentar “e sem corrupção”. Seria mais interessante do que aludir o do símbolo nacional.

Heckel Januário