OBJETIVO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE: FAZER DIFERENÇA NA VIDA DAS PESSOAS

Já são mais de 50 anos de Campanha da Fraternidade no Brasil

Este ano, o cerne da reflexão da CF é o cuidado com a criação divina. Motivados por uma série de apontamentos feitos pelo Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, sobre o meio ambiente como nossa “casa comum”, o povo de Deus no Brasil é convidado a olhar para as particularidades do nosso ecossistema, acolhê-lo como um dom e cuidar como parte de algo muito maior.

O objetivo da Campanha de 2017, de acordo com o Texto Base, é: “Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho”.

Segundo o secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, a proposta é dar ênfase à diversidade de cada bioma e criar relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles habitam, especialmente à luz do Evangelho. Para ele, a depredação dos biomas é a manifestação da crise ecológica que pede uma profunda conversão interior. “Ao meditarmos e rezarmos os biomas e as pessoas que neles vivem, sejamos conduzidos à vida nova”, afirma.

O que é um bioma?

É um espaço geográfico associado a uma formação vegetal que tem uma fauna e outros organismos associados mas relacionados com o solo, altitude. Esses elementos concedem uma cultura peculiar ao bioma.

O bioma está mais relacionado com as características do meio físico, em especial com a vegetação e as interações que ali ocorrem. A exploração de recursos naturais e a ocupação do território mundial, inclusive no Brasil, tem uma longa história de alterações muito significativas e degradação de áreas naturais. Com a ausência de uma cultura de ocupação de espaços com o cuidado na alteração, o uso intensivo dos recursos naturais e muitas vezes uma desconsideração na implantação de projetos e empreendimentos que levam à alteração do meio ambiente vamos ver uma série de prejuízos sociais e danos significativos aos diferentes biomas.

A Mata Atlântica é um dos biomas mais degradáveis no Brasil. Ocupava toda a costa brasileira desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Atualmente ela está reduzida a uns 11% da área original. Aí está a maior concentração da população brasileira.

Nós estamos nesse bioma. Já sentimos a degradação do meio ambiente: desmatamento, rios poluídos, fontes de água secando, animais e pássaros desaparecendo, seca, racionamento de água, mar poluído.

Por que a CF acontece durante a Quaresma?

No tempo da Quaresma, somos chamados a crescer na oração, jejum e esmola. A vivência destes elementos é fundamental para a preparação de cada fiel na expectativa da Páscoa do Senhor e, evidentemente, seu retorno definitivo.

A Campanha da Fraternidade começa na quarta-feira de cinzas, junto com a Quaresma. Ela acontece neste precioso tempo justamente para favorecer a boa preparação de cada um, sob a vivência do tripé citado acima: oração, esmola e jejum.

Para ajudar nas reflexões sobre a temática, são propostos subsídios, sendo o texto-base o principal. Dividido em quatro capítulos, a partir do método ver, julgar e agir, o documento faz uma abordagem dos biomas, suas características e contribuições eclesiais na defesa da vida e cultura dos povos originários de cada bioma brasileiro. Também são apresentadas considerações ecológicas sob a perspectiva de São João Paulo II, Bento XVI e o papa Francisco.

O gesto concreto da CF

Além de reforçar compromissos, propor o conhecimento e o aprofundamento das realidades em que a população está inserida – sobretudo no que tange a questão da preservação dos biomas –, a ação da Igreja atua para além de reflexões teóricas. Como gesto concreto, propõe-se uma coleta para o financiamento de projetos que atuem diretamente nos objetivos da campanha.

Esta coleta é destinada ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) e visa promover a fraternidade entre as diversas regiões no intuito de erradicar a vulnerabilidade e risco. Todo o processo acontece por meio de edital que acolhe sugestões de projetos de todo o país.

O FNS é composto por 40% de toda arrecadação da Coleta Nacional da Solidariedade, realizada em todas as dioceses, paróquias e comunidades durante o Domingo de Ramos. Os outros 60% da coleta permanecem em suas dioceses de origem e compõem o Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS).

Dom Mauro Montagnoli CSS

Bispo diocesano