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LEMBRANÇAS DA EXTENSÃO RURAL (8)

A sequência dessas Lembranças… –como dito em partes pregressas–, não segue aquele rigor preestabelecido, ao contrário, se baseia em algum fato pertinente chegado à telha, como o seguinte, acontecido no escritório de extensão da Ceplac em Ilhéus.

Lá pela década de 70 do século vinte, esta unidade ceplaquena se situava na confluência das ruas Osvaldo Cruz e Manoel Dórea (hoje um edifício de salas comerciais) e, além do “só cresce quem renova”, slogan do incentivo à renovação dos cacaueiros velhos e decadentes, ela também, objetivando a expansão da cacauicultura no Brasil, estimulava o plantio em áreas novas.

No bojo desta política expansionista da Ceplac uma proposta de implantação de 20 hectares de cacau teve curso nas fazendas União, Divisão e Jacarandazinho, na verdade por serem unidas, um conjunto, e eram localizadas no chamado Ramal da Diva na estrada Ilhéus-Itabuna. Acontece que tais lavouras pertenciam a Sizinio Rosa Barros, agrônomo do citado escritório. Até aí nada de anormal, entretanto uma situação esdrúxula se prendera ao projeto. Como nos financiados, como o em pauta, o investidor recebia de prima 40% dos recursos financeiros e, como essas áreas tinham um acatamento especial, uma anotação despertaria o corpo técnico que assistia às referidas propriedades agrícolas: a frase “Conforme supervisão anterior”. Disposta de modo cumulativo no tópico ‘descrição da área’ do Formulário de Supervisão no formato de letra caixa alta, a expressão se destacava e   chamava a atenção de quem manuseasse a pasta do mutuário.  Não me vem o elaborador nem o primeiro da sugestiva ocorrência, mas nos blábláblás do labor da Extensão Rural se dizia que jamais foram encontrados os projetados hectares. A bem dizer havia sim, nas falhas dos velhos cacaueiros, novos plantados, mas longe da quantidade estabelecida e como mandava o figurino.

Outros comentários laborais apontavam que o dúbio relato nas sequentes supervisões, apoiava-se em Eduardo Catalão, haja vista este agricultou haver financiado 200 hectares de renovação –através da Ceplac– com o Banco do Brasil e este estabelecimento ter liberado a grana toda de uma vez sem nenhum aviso prévio feito ao escritório. Condição que deu margem, como inserido no Lembranças (7), ao inusitado caso em que o engenheiro-agrônomo Antônio Freire depois de “austeras supervisões” e constatar a precariedades das áreas financiadas, dirigir-se pessoalmente ao gerente e, ao dizer-lhe da impossibilidade de soltar –conforme rezava o cronograma– a segunda parcela, dele ouvir que a liberação já havia sido feita na íntegra, ordenada pela matriz bancária.

Como vivíamos o auge da ditadura militar, com direitos de cidadania literalmente ferrados, de tal forma que, se queixar ao governo de improbidade do próprio governo significava “malhar em ferro frio”, como diz o ditado popular, o jeito foi seguir, nessa circunstância, a via considerada mais justa: a do protesto pela igualdade, ou seja, “se frouxou pra um haverá a necessidade de frouxar pra todos”. Se a decisão de membros de um órgão público não foi o mais acertado, a ação governamental de conflitar o exercício profissional com a ética e com a moral, obviamente fora muito pior ainda.  Desviando ligeiramente do assunto, tal acontecimento a desacreditar bancários e ceplaquenos de uma só tacada, evidencia que a política de má condução do país, emanada da plaga brasiliense, vem de longa data.

Em tempo: o aludido Sizinio Barros possui em seu currículo relevantes serviços prestados à Ceplac e, como um ‘ferrenho desportista’ se formara também em Educação Física. Nesta área, entre outras atividades, se destacou como técnico da Seleção Baiana de Remo em 1980, e em 1988 e 1989 auxiliou o famoso técnico Buck da Seleção Brasileira de Remo respectivamente em Moscou e no Chile; além de ser um baluarte em encaminhar remadores ilheenses que se projetaram em níveis nacional e internacional.  No futebol não chegara a ser um Leovegildo do Flamengo, mas se firmara como lateral-esquerdo-de-ofício.

Em tempo2: o outro mencionado, Eduardo Catalão, integrava o rol dos grandes cacauicultores. Entrou na política e se tornou Deputado Federal, Ministro da Agricultura, Senador da República (seu irmão Pedro Catalão fora prefeito de Ilhéus) entre outros títulos que o credenciavam ser considerado uma figura de proa na cidade de Ilhéus. O Lembranças (7) registra que ele antes de entrar no metiê do poder político, já era bem-sucedido financeiramente e se diferenciava da maioria dos políticos atuais por não haver registros que o desabonassem.

Heckel Januário


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3 respostas para “LEMBRANÇAS DA EXTENSÃO RURAL (8)”

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