Anísio Cruz – janeiro 2018

Meus amigos, hoje é dia de agradecimento, e é com muita alegria que o faço. Muitos amigos me mandaram mensagens pelo Facebook, telefonaram, e tornaram o meu dia muito feliz. A felicidade foi maior, ao saber da aprovação da minha neta, na seleção da UFBA, para iniciar a realização do seu sonho, que é cursar Medicina. Ela vai iniciar pelo BI, uma modalidade de acesso que se inicia num curso básico de Ciências da Saúde, e que tenho certeza, lhe dará acesso à Medicina, de acordo com a pontuação obtida. A minha doce netinha agora voará mais alto, lá na Capital, como tantos já fizeram um dia, e lograram o êxito pretendido. Faço este registro para que ela tenha convicção da felicidade que me proporcionou, ao me dar a notícia, com aquele seu jeitinho tímido. Evidente que me emocionei, e o abraço, e os pulos que compartilhamos na hora dos parabéns, foi de pura alegria, ela que me chegou num momento tenso, com o coração disparado, e a vida por um fio. Agora, dezoito anos depois, chega à Universidade. Assim é a vida, com as suas compensações.

Isso me fez lembrar de um momento semelhante, ocorrido comigo, quando tive deixar o convívio familiar, e me mudar para a Capital, onde completaria o segundo grau no Colégio da Bahia – Central, ali na Joana Angélica. Fui morar com duas tias queridas, irmãs do meu pai, sendo que uma delas, a minha madrinha Elisa, me acolheu com um sorriso de satisfação, com o seu jeitinho manso. No primeiro dia de aulas, fui recebido no portão do colégio, por um batalhão de veteranos, que trataram de picotar o meu cabelo, não sem protestos da minha parte, sob a alegação inútil de que estava no segundo ano. Depois, na barbearia, raspei a cabeça, e passei a usar uma providencial boina azul, adequada às cores do uniforme. Tempos difíceis de ajustes à cidade grande, com seus mais de 650 mil habitantes, na qual ainda circulavam ônibus elétricos, pelas ruas estreitas. Também o novo colégio me proporcionava os seus desafios, e demorei um pouco até chegar às quadras, marcar muitos gols, e ser chamado de Ilhéus, alcunha que perdurou até o final do terceiro ano. Paralelamente, o cursinho pré-vestibular, o ANDES, em Nazaré, e depois o RADAR, na Mouraria, com muitos aprendizados, colegas e professores. Havia um, que também era sócio do RADAR, o Almir Caetano, que fumaçava por todos os poros, fumante inveterado que era. Andava com quatro maços de cigarros diferentes, um em cada bolso, e os fumava, alternadamente, numa ordem que somente ele conhecia. Chamava-nos de “doutor”, e sempre arrumava um jeito de sacanear com a nossa cara. Uma figura, esse Almir. Mas devo a ele o muito que aprendi de matemática e física, suficiente para lograr aprovação Matemática, onde entrei na primeira lista. Arquitetura foi depois, com acampamento nos gramados em volta da Reitoria, reivindicando acesso. Fui o 96º entre os 124 que logramos aprovação. Depois disso, nunca mais houve excedentes, pois as vagas foram aumentadas para 120, sem direito a recursos.

O tempo é inexorável no seu transcurso, e todos estamos sujeitos à sua ação. Acumulamos experiências de vida, erros, acertos, perdas, e satisfações. Vamos aprendendo com o passar dos dias, e temos que fazer disso, um princípio de vida, pois nunca estamos prontos. Quem estacionar às primeiras conquistas, e achar que já sabe tudo, não aprendeu o quanto é gratificante vivenciar novos aprendizados. À minha neta, e a toda esta geração, boa sorte, e muita garra para alcançar os seus objetivos. Daqui torcerei para que os alcance, e seja feliz.