O PESADELO DA FOME GLOBALIZADA

Luiz Ferreira da Silva

Os agrônomos, há muito tempo, vinham incessantemente alertando sobre a deterioração do solo.

A população crescera-mais de 50 bilhões de bocas naquele século – e, mesmo com toda a tecnologia, não havia alimentos, inclusive para os ricos, quanto mais para os pobres. No caso destes, em momento algum a população rural dos países subdesenvolvidos teve acesso aos modernos sistemas de produção.  Enquanto que os apaniguados, as “plantations”, com todos os incentivos e benesses governamentais não souberam utilizar os fertilizantes, nem os pesticidas e, tampouco, as práticas de irrigação, reduzindo a capacidade produtiva dos terrenos, provocando desequilíbrio ambiental.

A visão era produtivista ou economicista, sem se ater aos problemas de deterioração do solo, preocupando-se mais com o imediatismo. Não havia a antevisão do legado da terra às gerações futuras – usar sem depredar.

Muitos fatores contributivos para tal desastre: inadequado uso de maquinarias agrícolas (compactação e arraste da capa orgânica); plantios morro a baixo, sem curvas de nível, ocasionando erosão (perdas de solo e de nutrientes); cultivos monoculturas contínuos (repositório de pragas e doenças); desmatamento com a eliminação da cobertura vegetal nos morros, bacias hidrográficas e margens fluviais; e queimas constantes (perda da estrutura do solo e coesão dos seus horizontes, pela iluviação das partículas finas).

Não havia a conscientização de que o solo é o recurso mais importante da agricultura, significando dizer que deveria ser bem trabalhado para permanecer produtivo, sem se desgastar, possibilitando ser usado de pai para filho, com um legado usufruto. Em outras palavras, ninguém seria dono da terra, mas um “tomador de conta” desse bem de seus descendentes, com a responsabilidade de passá-la para as subsequentes gerações de forma preservada, sadia e produtiva.

E, cada vez mais, as culturas reduziam a sua produtividade, por maiores que fossem as dosagens dos insumos, pois os solos se enfraqueciam e não reagiam. Suas propriedades físicas, químicas, mineralógicas e biológicas se degradavam com o seu mau manejo.

As adubações exageradas não mais surtiam efeito, causando malefícios ao próprio solo e ao ambiente, levadas pelas chuvas aos mananciais hídricos, eutrofizando-os. A irrigação, da mesma forma, provocava danos (erosão e encharcamento do solo), pois o solo perdera a sua capacidade de retenção de água. Os pesticidas, aplicados em altas dosagens, pela virulência dos insetos, fungos, bactéria e vírus, motivada pela fragilidade dos cultivos, carentes em nutrientes (perda de resistência), poluíam o ambiente, sobretudo os recursos hídricos.

E aí bateu o desespero! Antes não havia alimentos para os pobres, como sói acontecer presentemente. Agora, era diferente: os ricos, a elite burra, ressentiam-se da sua falta. A coisa pegou!

As nações do chamado primeiro mundo passaram a invadir os países tropicais, destruindo com avidez, as suas únicas reservas florestais disponíveis no mundo, em busca de comida gerada por aquela terra dadivosa, mas insuficiente para saciar a fome dos poucos sobreviventes, que não tinham mais força para cuidar das plantações, criando um caos, eivado pelo pouco de cereais, raízes, tubérculos e frutas existentes.

Tudo destruído. Com o mau uso do solo, a erosão se encarregou de assorear os rios, levando poluição e desequilíbrio ambiental, afetando os cursos de água e o mar, numa cadeia destrutiva sempre crescente, destruindo a sua ictiologia.

Os Árabes e outros povos produtores de petróleo se deram conta, tarde demais, de que os seus produtos, antes valorizados, não lhes serviam para nada, pois a energia carente era a alimentar, obrigando-os a trocar os barris de óleos fósseis por gramas de trigo, arroz, milho ou batata doce.

Por outro lado, os povos americanos e europeus, que dominavam o mundo sentiam-se à beira do abismo, vendo a fome dizimar a sua gente, a despeito do acúmulo de bilhões de dólares e da sua pujança industrial, antes base do poder via investimentos em armas atômicas e corridas espaciais, fragilizados ante o roncar do estômago. Um prato de comida teria maior serventia. Trocariam tudo por alimentos.

De que valiam as roupas de grifes famosas que as madames ostentavam com empáfia, dependuradas em cabides importados de jacarandá; os carrões de tecnologia avançada apinhados nas garagens; as contas polpudas bancárias; e tantos outros supérfluos? Nada disso poderia encher a barriga, senão o sustento brotado do duro chão, laborado pelo humilde homem rural!

O planeta dominado pelo primeiro mundo se encaminhava para os quintos dos infernos, reduzindo a sua população a cada dia pela carência alimentar, antevendo-se não sobrar ninguém para escrever o epitáfio.

E, agora? As profecias não falavam do final do mundo dessa maneira e, tampouco, Nostradamus, havia percebido esse final tão trágico.

No entanto, os simples homens do campo, na sua labuta de sol a sol, sempre alertaram para o valor da agricultura, sobretudo os pequenos agricultores, a exemplo dos nordestinos do semiárido, clamando pelo reconhecimento e apoio ao seu trabalho, negligenciado pelos políticos incompetentes.

De repente, de um pulo só, Alfred Cate, norte-americano arquimilionário, ergue-se da cama, suando em bica, de olhos arregalados, balbuciando palavras desconexas, desmaiando logo a seguir, sem que sua família entendesse o que estava acontecendo.

Ao acordar num hospital na Califórnia, ante aos espantados médicos que nada de anormal encontraram nos sofisticados exames efetuados, de olhos fixos e lacrimejantes perguntava pelo feijão, pelo arroz, pela batata, pelo bife. Todos se entreolhavam e nada entendiam. Endoidara o Alfred?

Nada disso. Fora um pesadelo, depois de uma noitada regada a vinhos finos franceses, caviar russo e queijo suíço. Talvez um prenúncio de um mundo visto 50 anos “prafrentemente”.

BOM MESMO

Luis Fernando Verissimo

Tem uma crônica do Paulo Mendes Campos em que ele conta de um amigo que sofria de pressão alta e era obrigado a fazer uma dieta rigorosa. Certa vez, no meio de uma conversa animada de um grupo, durante a qual mantivera um silêncio triste, ele suspirou fundo e declarou:

– Vocês ficam ai dizendo que bom mesmo é mulher. Bom mesmo é sal!

O que realmente diferencia os estágios da experiência humana nesta Terra é o que o homem, a cada idade, considera bom mesmo. Não apenas bom. Melhor do que tudo. Bom MESMO.

Um recém-nascido, se pudesse participar articuladamente de uma conversa com homens de outras idades, ouviria pacientemente a opinião de cada um sobre as melhores coisas do mundo e no fim decretaria:

– Conversa. Bom mesmo é mãe.

Depois de uma certa idade, a escolha do melhor de tudo passa a ser mais difícil. A infância é um viveiro de prazeres. Como comparar, por exemplo, o orgulho de um pião bem lançado, o volume voluptuoso de uma bola de gude daquelas boas entre os dedos, o cheiro da terra úmida e o cheiro de caderno novo?

– Bom mesmo é o cheiro de Vick VapoRub.

Mas acho que, tirando-se uma média das opiniões de pré-adolescentes normais brasileiros, se chegaria fatalmente à conclusão de que nesta fase bom mesmo, melhor do que tudo, melhor até do que fazer xixi na piscina, é passe de calcanhar que dá certo.

Mais tarde a gente se sente na obrigação de pensar que bom mesmo é mulher (ou prima, que é parecido com mulher), mas no fundo ainda acha que bom mesmo é acordar na segunda-feira com febre e não precisar ir à aula.

Depois, sim, vem a fase em que não tem conversa. Bom mesmo é sexo!

Esta fase dura geralmente até o fim da vida, mesmo quando o sexo precisa disputar a preferência com outras coisas boas (“Pra mim é sexo em primeiro e romance policial em segundo, mas longe”). Quando alguém diz que bom mesmo é outra coisa, está sendo exemplarmente honesto ou desconcertantemente original.

– Bom mesmo é figada com queijo.

– Melhor do que sexo?

– Bom… Cada coisa na sua hora.

Com a chamada idade madura, embora persista o consenso de que nada se iguala ao prazer, mesmo teórico, do sexo, as necessidades do conforto e os pequenos prazeres da vida prática vão se impondo.

– Meu filho, eu sei que você aí, tão cheio de vida e de entusiasmo, não vai compreender isto. Mas tome nota do que eu digo porque um dia você concordará comigo: bom mesmo é escada rolante.

E esta é a trajetória do homem e seu gosto inconstante sobre a Terra, do colo da mãe, que parece que nada, jamais, substituirá, à descoberta final de que uma boa poltrona reclinável, se não é igual, é parecido. E que bom, mas bom MESMO, é nunca mais ser obrigado a ir a lugar nenhum, mesmo sem febre.

O PREÇO DAS MÁS ESCOLHAS

 

Ilhéus era a terceira cidade baiana na década de 70 e Itabuna era a quarta. Já na década de 80, essas posições se inverteram e Itabuna passou a se tornar maior que Ilhéus. Essa posição se mantém inalterada até os tempos atuais, no que diz respeito às duas cidades. Entretanto, Itabuna não é mais a terceira cidade da Bahia.

Perdeu ranking para Vitória da Conquista, Camaçari, Juazeiro e Lauro de Freitas. Itabuna é hoje a sétima cidade baiana e ilhéus é a oitava. Ambas estão na iminência de perderem as referidas posições, para Barreiras, Eunápolis, Teixeira de Freitas e Porto Seguro. Quando Ilhéus e Itabuna, estavam entre as quatro maiores e mais ricas cidades da Bahia, os Prefeitos eram pessoas humildes.

Atualmente, as prefeituras, os Itabunenses e os Ilheenses estão pobres, enquanto muitos políticos ficaram milionários. Corja de calhordas, que prosperaram sobre os escombros de eleitores estúpidos, ignorantes, imediatistas, invejosos, parasitas e oportunistas.

A história não perdoa maus líderes e péssimos gestores, bem como povos amantes da preguiça e do oportunismo, amantes dos vícios e da esbórnia, que não valorizam o trabalho e a educação.

Pobres cidades outrora ricas e prósperas, hoje falidas e decadentes. (Enviada por G. Carletto).

 

CURIOSIDADES

Sabia que uma tonelada de papel reciclado poupa cerca de 22 árvores, economiza 71% de energia elétrica e polui o ar 74% menos do que se fosse produzido de novo?

Sabia que para fabricar 1 tonelada de papel novo é preciso 10 a 20 árvores, 10 000 litros de água e 5 Mw/hora de energia, enquanto para 1 tonelada de papel reciclado apenas é preciso 1,2 toneladas de papel velho, 2000 litros de água e 2,5 Mw/hora de energia?

Sabia que, para se decompor na natureza, o vidro leva milhares de anos? Sendo 100% reaproveitado, e parte pode ser reciclável, o vidro não produz resíduos na hora da reciclagem e economiza 30% de energia elétrica. O vidro nunca acaba, pode ser reciclado indefinidamente.

Sabia que, por cada tonelada de vidro reciclado, poupa-se em média, mais de uma tonelada de recursos (603 Kg de areia, 196 Kg de carbonato de sódio, 196 Kg de calcário e 68 Kg de feldspato)? Além disso, por cada tonelada de vidro novo produzido, são gerados 12,6 Kg de poluição atmosférica, pelo que, o vidro reciclado reduz em 15 a 20% essa poluição.

http://mverdesustentavel.blogspot.com/2011/09/curiosidades.html

 

O PENSAMENTO DA SEMANA

A Natureza põe e o homem dispõe. Recebe de graça e vai pagar caro mais tarde, ao provocar alterações inconsequentes ameaçando às gerações futuras (Luiz Ferreira)

 

A POESIA DA SEMANA

NOSSA SENHORA  DOS  PRAZERES

Nenita Madeiro

 


Num altar sacrossanto da Capela,

Da nossa Catedral. Enternecida

Estás, oh! Mãe divina.Mãe tão bela !

Vivendo a nossa vida e a Tua vida !

 

Olhando para nós, tal uma donzela,

Imácula, pura, santa, estremecida.

Por Alagoas, nossa terra, vela

E velas por teus filhos Mãe querida !

 

Oh! Mãe dos Céus, encerras só bondade,

És Padroeira da nossa cidade,

És a Mãe das doçuras, dos sofreres !

 

És do Brasil. És nossa. És também minha ,

Do povo de Alagoas és Rainha,

Salve NOSSA  SENHORA  DOS  PRAZERES !

 

A PIADA DA SEMANA

 Era manhã na cidadezinha no interior do Piauí. Em frente ao Ministério Público passava o pequeno menino conduzindo umas cinco cabras. Com esforço o menino fazia caminhar o pequeno rebanho. Uma promotora observava a cena. Começou a imaginar que aquilo era um caso de exploração de trabalho infantil e foi conversar com o menino.

– Olá, meu jovem. Qual é o seu nome?

– Tiago, dona.

– E o que você está fazendo com essas cabras, Tiago?

– É pro bode, dona. Tô levando elas lá pro sítio de seu João pra elas cruzar…

– Me diga uma coisa, Tiago. Seu pai ou seu irmão mais velho não podia fazer isso? – Já fizéro, até eu já fiz, mas num dá cria… Tem que ser o bode mermo!


 

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