Luiz Ferreira da Silva, 85

Á medida que se envelhece, o corpo vai requerendo um tratamento especial, para que seus órgãos continuem, em consonância com o sistema cerebral, operando a contento, estipulando as cargas suportáveis.

Somos uma máquina fantástica. Poucos sabem disso e muitos não sabem operá-la. Imagine o nosso coração. Trabalha sem parar, não tem férias e sempre nos informa quando se sente sobrecarregado. O meu tem 85 anos nesta batida.

E o que muitos fazem? Ao invés de cooperar, usam um “óleo” com alto teor alcoólico, “lubrificantes” gordurosos e choques estressantes. Um carro de alta tecnologia, a exemplo de uma Ferrari de 3 milhões de reais, com menos de 3 anos, a depender do uso, carece de recondicionamento do motor.

O tempo é inevitável. A cada dia, fica-se mais velho, até se chegar à faixa dos idosos, convencionada em 60 anos.

Daí, a estrada que era plana, começa a apresentar subidas, exigindo maior esforço que dantes, ao tempo que o corpo vai perdendo o “gás”.

Os dentes se fragilizam, os músculos perdem massa e o ossos se enfraquecem. São sinais da natureza que comanda todo nosso ciclo orgânico. A Mãe Natureza.

É o que acontece com os animais. O poderoso leão, de repente tem fragilizada sua arcada dentária e as suas pernas começam a fraquejar. É uma redução da sua capacidade de vida, pois já não pode mastigar e, ademais, correr atrás de uma presa. É o seu fim.

Assim, somos nós. É o estágio final da vida. E temos que agir.

No ano passado, aos 84 anos e 6 meses, após ficar parado por 18 meses devido a pandemia da covid-19, sem fazer as costumeiras caminhadas e nem frequentar as aulas de pilates, acordei com dificuldades de andar, com muitas dores na virilha e nos quadris. Antevi-me com uma bengala, ao chegar aos 85, ou mesmo em cadeira de rodas. Fiquei triste.

Imediatamente, submeti-me às mãos competentes de um profissional, por 12 sessões, e mais 3 meses adicionais de exercícios específicos de fortalecimento muscular, através da técnica de pilates. “Santo” remédio.

Renasci em termos, pois a força da velhice em conluio com a da gravidade, continua a me exigir o famoso “mexa-se”.

Por outro lado, a natureza sábia nos auxilia quando se aproxima a reta final da vida. Refiro-me ao que se chama de caduquice.

Ainda não cheguei lá. É fundamental que se procrastine com mais tempo, fertilizando os neurônios, mantendo-os sempre “sinapseando”. É outro bom remédio.

Pois é! No meu tempo, nunca ouvi falar de mal de Alzheimer e nem de mal Parkinson. Falava-se em caduquice – o velho está caduco – que era interpretada com o real envelhecimento “one way” (sem retorno).

Eu acredito na misericórdia orgânica, ditada pela natureza que nos rege, de modo que a pessoa humana receba a morte sem saber que ela está chegando.

Em conclusão; não fique em cadeira do papai, como um mero espectador, esperando o fechamento das cortinas, sem participar de nenhum ato. Qualquer atividade, por menor que seja, é salutar. O fundamental é sair do ZERO; mexa-se, pois.