BOTA PARA GIRAR!
(87 anos – 10/02/2024)
Assim que se deixa a barriga da mãe, o relógio da vida começa a girar até perder suas forças.
Excetuando más heranças genéticas e/ou acidentes, a pilha permanece ativada, cabendo-nos cuidar do lítio especial contido nela para que o nosso não pare.
O período de maior desgaste é o da vida profissional, quando se vai à luta pela sobrevivência e edificação da família. São 35 anos que exigem muita sabedoria para não se sobrecarregar – corpo e mente – exigindo uma aceleração de seus órgãos, trabalhando acima da sua capacidade vital.
Passada essa fase e se chega aos 60 anos, com a inflexão da curva para baixo, podendo iniciar, a depender do que se protagonizou “patrasmente” – bebidas em excesso, comidas tóxicas e descompasso corpo-alma – certos avisos para se rever os ponteiros do relógio.
No meu caso, as limitações chegaram na fase “setentrina” (70 anos): aumento da glicose, placa de gordura numa artéria e arritmia. Nada que a medicina atual não possa nos ajudar, desde que a gente ajude a ela, com um novo modus vivendi. Querer ser o mesmo de dantes, é suicídio.
Dessa forma, a receita para manter o relógio girando: alimentação sadia e rigorosa; fertilização da mente, exercícios físicos e desaceleramento.
Esse boom comportamental pode operar milagres orgânicos, revertendo enfermidades, mesmo em idades avançadas.
Um exemplo para incentivar, sobretudo aos novos idosos e até mesmo os jovens baladeiros, relato uma reversão da minha arritmia, que atribuo à minha consciência em “botar para girar”. Há vários anos, com 75 anos, os exames cardiológicos mostravam alterações no funcionamento do coração, até que, aos 84, bateu o martelo – arritmia comprovada.
Não havia necessidade cirúrgica, mas medicamentosa por toda vida, na expectativa de controle. O que poderia acontecer com o seguimento da velhice? Passar a usar um marco-passou ou até fazer uma ablação. Ou, manter estabilizada até o final da vida, como acontece com muitos idosos que há mais de 10 anos vem tomando o “xeralto” para afinar o sangue.
Para surpresa do médico, o eletro desse ano não identificou a arritmia, confirmada num “router”. Entretanto, em razão da idade, 87 anos, cuja validade está prescrita, vou continuar tomando o anticoagulante, pois caldo de galinha e precaução não fazem mal a ninguém.
O médico não me soube explicar sobre essa melhoria, mas eu sei, mas não lhe contei:
– Pilates;
– Muitas frutas, verduras, nozes e boas proteínas;
– Nada de álcool, a não ser uma taça de vinho aos finais de semana;
– Meus livros e outros escritos que fazem bem aos meus neurônios;
– Cuca fresca, destituída de preocupações, incluindo as de cunho financeiro.
Não sei até quando continuarei a botar para girar. Mas já está de bom tamanho. Nada a exigir; 87 anos bem vividos! (Maceió, 12/04/2024).