Anísio Cruz – 8 de março 2018

Dia 8 de março, uma data marcante no nosso calendário, por ser o Dia Internacional da Mulher. A sua instituição deveu-se à ideia de unificação das diversas datas em que se comemorava o evento, em diversos países, onde as lutas por conquistas sociais eclodiram ao final do século XIX, e início do século XX. Há muitas explicações para a origem da data adotada, dentre elas, o fato do sinistro ocorrido numa fábrica têxtil em N.Y., que vitimou mais de 130 operárias, em 1911. Porém, o consenso buscado pelos historiadores, foi mesmo atribuído às conquistas dos direitos femininos, inclusive no tocante ao direito ao sufrágio -votar e ser votada – foi conquistado, após intensas lutas sindicais, por melhores condições de trabalho, e direitos que, até então, lhes eram negados.

Nos dias atuais, comemora-se a data em vários países do mundo, muito embora saibamos que, em que pese a difusão de informações à velocidade inimagináveis, alguns povos ainda mantêm, por força das suas tradições culturais, e religiosas, a submissão das mulheres aos ditames de patriarcas, maridos, e tiranos. Os olhos do mundo contudo, permanecem cerrados aos bárbaros costumes ainda reinantes, especialmente nos países orientais, onde até mutilações da genitália feminina, ainda fazem parte dos costumes arraigados milenarmente. Uniões matrimoniais com crianças, são praticadas, e não raro, as pequenas “esposas” falecem por não resistirem às núpcias. A isso, os organismos internacionais, cautelosamente, fazem referências a boca pequena. Triste nódoa a manchar indelevelmente a nossa condição humana.

Na data estabelecida, é costume que hajam homenagens nos lares, nas escolas e locais de trabalho, com distribuição de flores e mimos, os mais diversos. Merecidos afagos com que brindamos aquelas que nos geraram, pariram, e que serão as mães do futuro, num processo de substituição natural. Elas nos trazem à luz diariamente, em maternidades, nos seus barracos, nos bancos de praças, ou assento de automóveis, em busca de um melhor atendimento. “Ser mãe é padecer no paraíso”, já disse um poeta. E mesmo sabendo disso, elas cumprem com o seu destino maternal, enfrentando as mais diversas situações.

Marias, Helenas, Irenes, Terezas, e tantos outros nomes com os quais as tratamos. Mulheres… Quantas poesias são escritas para homenageá-las? Quantas palavras de carinho lhes são dirigidas, mundo a fora, por homens de todas as raças, credos, e estirpes? Quantas pedras já lhes foram atiradas? Em quantas fogueiras foram queimadas? Quantos ultrajes já passaram, ou passam, com estupros e agressões de todas as espécies, mundo a fora? Mulheres…

Tenho o costume de escolher alguma, do meu convívio, para que, em nome de todas as outras, possa felicitá-las pelo transcurso do seu dia. Hoje, porém, uma imagem me vem à mente, num mudo e eloquente grito de socorro, para quem tenha ouvidos para ouví-lo. Refiro-me a uma pequenina criança síria, cuja foto circula nas redes sociais, num gesto de proteção à sua boneca. Bem que poderia ser alguma pequenina venezuelana, iraquiana, ou mesmo, uma das nossas pequeninas das favelas cariocas, e do país inteiro.

Que pensemos, sinceramente, no assunto, e estendamos as nossas mãos para também protegê-la, e a todas as vítimas da estupidez das guerras.