Ir.’. Everaldo

Aos caríssimos seguidores do R2CPRESS, interessados e integrantes da Ordem Maçônica.

Desde o estabelecimento da Maçonaria Moderna na Europa, no século XVIII, a influência dessa sociedade expandiu-se pelo mundo. Milhares de homens têm orgulho de serem chamados de maçons e se submetem aos princípios de Amor Fraternal, de Beneficência e de Verdade.

Em algumas edições anteriores fizemos uma abordagem sobre as orígens e a história da Maçonaria, inclusive a sua importância e atuação nos períodos e momentos importantes da História do Brasil.

Desta vez, faremos um estudo mais detalhado desta Sublime Ordem ao redor do mundo.

AO REDOR DO MUNDO

Foi no século XVIII que a Maçonaria se estabeleceu, aos olhos da maioria dos ingleses, como uma força para o Bem, embora, para ser justa, mantivesse a impressão de ser um clube para homens de meios e de influência com a evidência de um bom grau de autoajuda. Foi nesse mesmo século que a Maçonaria surgiu na Europa e em todo lugar para onde emigrantes europeus, particularmente ingleses, se deslocavam em busca de uma vida nova e melhor…

A Grande Loja Inglesa foi fundada em uma época na qual era costume os jovens da classe alta realizarem a Grande Volta da Europa. Cruzavam o Canal da Mancha e dirigiam-se para as capitais do continente , a fim de impregnar-se de sua cultura e também para comprar e levar para a Inglaterra móveis e acessórios para suas luxuosas residências Levavam não apenas o que pensavam precisar na viagem, mas também notícias da formação da Grande Loja. Ao final da década de 1730, Lojas maçônicas foram estabelecidas na Holanda e por todo o Império Austríaco, Prússia, Itália, Espanha e Suécia.

A GRANDE LOJA INGLESA

A Maçonaria provaria ser popular no exterior, com homens de igual mentalidade dos que foram iniciados nas Lojas inglesas. Mas, nos países onde o Catolicismo era a religião estabelecida, a Maçonaria veio a ser considerada com desconfiança pelos respectivos governos.

Cerca de 30 anos antes do estabelecimento da Grande Loja Inglesa, os ingleses haviam obrigado o católico Jaime II a fugir do país e o substituíram pelo protestante Guilherme de Orange e sua esposa, Maria, os dois com seu próprio direito ao trono. Guilherme era neto de Carlos I, por sua mãe, a princesa Maria, e esta (esposa de Guilherme) era filha de Jaime, por meio de sua primeira esposa, Ana Hyde, que morreu antes de ascender ao trono.

No pensamento de muitos governos europeus, a Maçonaria – uma sociedade secreta com fortes ligações com a Monarquia Constitucional – era algo para ser visto com desconfiança. As Lojas inglesas contavam com muitos nobres entre os seus membros. Em 1688, a nobreza inglesa, predominantemente protestante, estivera a frente do movimento para depor Jaime. O que aconteceria na Europa, peguntaram-se alguns governos, se a crença inglesa na Monarquia Constitucional viesse a influenciar, por meio da Maçonaria, os pensadores políticos que viviam em Monarquias Absolutistas da França e de outros países, cujos reis e imperadores acreditavam no Direito Divino de governar dos monarcas?

Curiosamente, as primeiras medidas antimaçônicas não foram tomadas por uma das monarquias católicas, mas pela Holanda protestante onde, em 1735, uma proclamação foi emitida declarando que a “assim chamada Irmandade de Franco-Maçons” havia formado uma associação ilegal. A proclamação insistia que o verdadeiro motivo para a associação era partidarismo e deboche.

O PONTO DE VISTA DO VATICANO

Em abril de 1738, três anos depois da proclamação holandesa, o papa Clemente XII emitiu uma bula papal, pela qual acusava a Maçonaria de ser um movimento no qual os homens juravam sobre a Bíblia para preservar os segredos de suas sociedades. Por que, Clemente queria saber, havia tanta necessidade de sigilo, se os membros das Lojas estariam praticando o Bem (conforme declaravam) e não o Mal do qual muitos a acusavam? Clemente proibiu os católicos de se tornarem maçons sob pena de serem excomungados, o que foi reiterado 13 anos mais tarde, por meio de uma segunda bula papal, emitida pelo papa Benedito XIV, que injuriava a Maçonaria.

A bula de Clemente chocou os maçons da Itália, onde muitas Lojas haviam sido formadas por partidários católicos do filho de Jaime II, o autointitulado Jaime III, o Antigo Pretendente. Mas ela foi aplicada nos Estados Pontifícios e em grande parte da Itália.

Na capital portuguesa, Lisboa, uma Loja, que havia sido formada por imigrantes irlandeses católicos, foi dissolvida logo depois de seus membros terem sido informados sobre a bula papal. Uma investigação realizada pela Inquisição (o braço da Igreja que investigava alegações de Heresia) inocentou os membros de Imoralidade, Irreligiosidade e Deslealdade ao Rei e ao Estado, mas a Loja permaneceu fechada.

Um ano depois, na Espanha, a Loja formada por um nobre inglês, o duque de Wharton (mais tarde Northumberland), foi dissolvida quando a bula foi ali posta em vigor.

Na segunda parte deste estudo verificaremos que em alguns países como a Suécia, Austria, etc., as bulas papais tiveram pouca ou nenhuma influência sobre a Maçonaria.

JOSÉ EVERALDO ANDRADE SOUZA
MESTRE MAÇOM DA LOJA ELIAS OCKÉ N° 1841
FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – RITO BRASILEIRO
ORIENTE DE ILHÉUS – BAHIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Johnstone, Michael
Os Franco-Maçons – (trad. Fulvio Lubisco) – São Paulo: Madras, 2010.

José A Ferrer Benimeli
Arquivos Secretos do Vaticano e a Franco-Maçonaria – Madras Editora.