por Miguel Abreu

Caseiro

Conheci o ximango na praia de Copacabana, onde o vendiam em grandes sacos plásticos,
mas eram todos velhos, insípidos e rançosos.

-“Como podem comer isso ?”-, pensei.

Muitos anos depois, no Ed. Marte, em Salvador, Lícia Ednólia, de Itapetinga,
me serviu alguns elaborados por sua avó, Dona Santinha. Aí, sim, valeu.
Novos, excelentes para acompanhar o café no inverno, não há nada igual.
Anos depois, em Riacho de Santana, uma mulher me explicou a execução desta iguaria indígena:

1- Numa tigela, põe um prato de polvilho azêdo.

2- Ferve 1 xc de leite, 1 xc de água, 3 cs de manteiga, 1 xc de óleo, 1 cs de erva doce, pouco sal e derrama tudo na tigela.

3- Escalda a massa, a esfria e incorpora 4 ovos e 1xc de queijo minas picado ou 4 cs de parmeson. Mistura bem.

4- A massa não gruda nas mãos. Forma roletes encurvados (como um bumerangue) e os assa, sem untar a assadeira.

*Na receita antiga, manteiga e óleo eram substituídos por banha de porco, derretida.

*No Sul, “ximango” é também uma ave de rapina, um falconídeo parente do nosso carcará.

*No litoral da Bahia, onde é fácil chegar a farinha de trigo, os alimentos à base de mandioca e milho foram de certo modo abandonados, uma tendência que agora se reverte.