O poema “José” de Carlos Drummond de Andrade foi publicado originalmente em 1942, na coletânea Poesias. Ilustra o sentimento de solidão e abandono do indivíduo na cidade grande, a sua falta de esperança e a sensação de que está perdido na vida, sem saber que caminho tomar.

O poema nos refletir sobre os problemas em todo nosso País. Em Ilhéus vemos inúmeros desempregados da Prefeitura diante de uma decisão judicial; O lixo se acumula por toda cidade; Tem UPAS mais não tem médicos e remédios; Praças esburacadas há muito tempo abandonadas: Teatro Municipal, Dom Eduardo, Avenida Soares, Castro Alves (cartão postal de Ilhéus); Muitos funcionários poucos trabalhando; Praias sujas ainda com baronesas; Transporte coletivo de má qualidade com tarifas exorbitantes; Centro de Abastecimento abandonado, sujo, imundo em estado precário ; Canal a céu aberto exalando mau cheiro que já tornou-se normal; Tem escolas mais falta vagas para os alunos. E agora José?

O Estado agora reduziu o numero de consultas através do Planserv e prometendo arrojar os impostos para bancar a mordomia o pessoal do atual do seu partido.

Funcionários dos Hospitais sem receber salários e as greves aumentam cada vez mais. E agora José?

A Barragem de Brumadinho rompeu morrendo até agora 58 vitimas; Povo Brasileiro solidário; Israel envia ajuda humanitária com equipamentos modernos para detectar possíveis sobreviventes; Presidente sendo operado para voltar com força e vigor. Venha Logo José!

José

E agora, José?/ A festa acabou, a luz apagou/ o povo sumiu,/ a noite esfriou,/ e agora, José?

e agora, você?/ você que é sem nome, que zomba dos outros,/ você que faz versos,/ que ama, protesta?

e agora, José?

Está sem mulher,/ está sem discurso,/ está sem carinho,/ já não pode beber,/ já não pode fumar,/ cuspir já não pode,/ a noite esfriou,/ o dia não veio,/ o bonde não veio,/ o riso não veio,/ não veio a utopia/ e tudo acabou/ e tudo fugiu/ e tudo mofou,

e agora, José?

E agora, José?/ Sua doce palavra,/ seu instante de febre,/ sua gula e jejum,/ sua biblioteca,/ sua lavra de ouro,/ seu terno de vidro,/ sua incoerência,/ seu ódio — e agora?

Com a chave na mão/ quer abrir a porta,/ não existe porta;/ quer morrer no mar,/ mas o mar secou;/ quer ir para Minas,/ Minas não há mais./ José, e agora?

Se você gritasse,/ se você gemesse,/ se você tocasse/ a valsa vienense,/ se você dormisse,/ se você cansasse,/ se você morresse…

Mas você não morre,

você é duro, José!

Sozinho no escuro/ qual bicho-do-mato,/ sem teogonia,/ sem parede nua/ para se encostar,/ sem cavalo preto/ que fuja a galope,/ você marcha, José!/ José, para onde?

Colaboração de Luiz Castro

Bacharel Administração de Empresa