José Torquato Mendes Neto

Foi com muita alegria e também com muita emoção que recebi essa semana essa matéria publicada em uma revista de circulação nacional a O2, revista voltada para pratica de corrida. O que me deixou emocionado foi a publicação sobre essa história de como eu tomei gosto pelas corridas e o bem que ela nos faz.
Claro que a história foi contada com cortes, ela foi editada, pois ela é muito maior do que a que está aí. Mas o que eu quero com isso não é aparecer e nem fazer com que as pessoas fiquem ou passem a sentir pena de mim.
O que eu quero é que as pessoas vejam o que o esporte pode fazer por todos nós,comigo foi a corrida, mais pode ser, claro, qualquer outro esporte, o esporte tem um poder que só quem o pratica sabe disso.

Comigo foi assim:

No ano de 1996 eu tive uma decepção muito grande. Aí entrei em depressão, foram quase doze anos e nesses doze anos eu vivi de tudo, passei por tudo, foram três internações em hospitais psiquiátricos – se existe inferno pode ter certeza que é dentro desses hospitais – foram doze anos que tomei, diariamente, 27 tipos de comprimidos antidepressivos, ansiolíticos e outros mais, até o Gardenal eu tomei e posso me considerar um cara de muita sorte, pois estava em Vitória da Conquista nessa época e lá existe um CAPS, que é referência no pai. Tem profissionais super capacitados, que honram o diploma e fazem da recuperação dos pacientes um objetivo, e buscam isso a todo preço. Fica aqui registrado o meu agradecimento, de coração, aos profissionais do CAPS – Vitória da Conquista, sem vocês eu não teria conseguido.

Clique para AMPLIAR.

Eu cheguei ao fundo do poço, mas quando pensei que tudo estava perdido, eu vi minha família lutando por mim, ela não me abandonou em momento algum, e aí entre uma crise e outra eu tive um amigo em Vitória da Conquista que era dono de uma academia e me abraçou literalmente, e convidou pra malhar na academia dele e mesmo eu com 132 kg ele me ajudou a ir para a minha 1ª. São Silvestre, (foi em 1999) fui e conseguí terminar a prova.

Pronto, era o que faltava, pensei, mas quanto engano, as crises não passavam, elas aumentavam e, de novo, outro internamento em outro hospital psiquiátrico,mas uma vez eu saí de lá. Esse amigo, de novo ao meu lado, e entre mortos e feridos, entre uma crise e outra, entre as nove tentativas de suicídio e renascimento eu estou aqui!

Estou aqui para contar essa história pra quem quiser ouvir, hoje eu corro meus 10, 15,16 km, tenho ajuda dos amigos, da minha cidade que amo muito e foi aqui que vivi a minha vida, faço parte de um grupo de corrida, (o VO3) que é coordenado pelo nosso amigo Beto, e lá fiz vários amigos, eu não tomo mais nenhum tipo de comprimido, hoje consigo olhar para as pessoas de frente e olhar nos olhos, coisa que quando a gente passa por uma crise de depressão não sabe nem o que é isso.

EU SOBREVIVI, VOCE TAMBÉM PODE SOBREVIVER. PROCURE PRIMEIRO DEUS, DEPOIS A FAMILIA, OS AMIGOS E O ESPORTE. Você vai conseguir.

Obs: Fica aqui um alerta, conselho, como queiram:

Nunca critique alguém com depressão. A gente nunca sabe o que vai acontecer conosco. Como dizia minha saudosa vó Laura:
CABEÇA DE GENTE É TERRA QUE NINGUÉM PISA.
Portanto muito com cuidado com as criticas.