Uma das coisas boas da vida é acordar pela manhã e não ter nada para fazer, ficar fazendo hora na cama, e é neste momento que vêem as boas recordações do passado, dizem que quando você começa a ter recordações do passado é que você está ficando velho, será que estou ficando velho? Só tenho sessenta e um anos, a partir do ano que vem vou passar a ter sessenta e uns.
Mas vamos parar de encher lingüiça e entrar no assunto principal, as recordações.
Desta vez, na minha rede, lembrei-me de três figuras de um passado não muito distante que marcaram época em Ilhéus.
Nagib Daneu, José Claudino de Oliveira Dias (Coló) e João Sales Rocha (João Torpedo).
Comecemos com Nagib Daneu, com seu bigode avantajado e um grande lenço no bolso de sua camisa, vivia no Bar Maré Mansa, de Erotildes Carqueja, o bar era em baixo do Cine Brasil, ou Cine Poeira, como era mais conhecido, não precisa dizer por que!, ficava onde hoje está a Igreja Universal.
Natural de Ilhéus, onde nasceu em 15 de outubro de 1919, era filho de Moises Daneu, libanês que chegou a Ilhéus vindo de Trípoli nos fins de 1800, e Maria Brasil Daneu, tinha onze irmãos: José, Halil, Mirroil, Tuffi, Badue, Hagis, Jamila, casada com Plínio Calmon, Igeny, casada com Aderbal Figueiredo, Hagisa, casada com Ângelo Sorbo, Afifa, casada com José Brandão Torres e Baduia, casada com Adocival Alves.
Em 1952 casou-se com Dionê Figueiredo Daneu, com quem teve três filhos, Eliane, Nagib Antônio e Hernani.
Apaixonado por futebol, foi goleiro do Colo Colo de Futebol e Regatas na década de 1940, era um dos grandes torcedores do Vasco da Gama.
Agricultor, era um dos donos da Fazenda Pancada Formosa em Banco Central, herança deixada por seu pai, na fazenda, alem de cacau se produzia a cachaça Pancadinha.
Sempre morou no mesmo lugar, uma casa na Praça J. J. Seabra, onde na frente funcionou por muito tempo o consultório dentário de seu irmão Halil Daneu, também muito conhecido e querido.
Grande brincalhão e gozador, naqueles bons tempos as gozações eram por pura brincadeira, sem maldade, só por divertimento, e foi por aí que seus amigos de bar um dia lhe aprontaram uma, criaram a história de que um dia quando Nagib chegou em casa sua esposa ao lhe dar um beijo sentiu um forte cheiro de xixi no seu imenso bigode, e lhe perguntou que cheiro era aquele, ele logo lhe disse que não era nada do que ela estava pensando, que a vida dele era de casa para o Maré Mansa e do Maré Mansa para casa. Mas ficou intrigado, como aquele cheiro chegou ao seu bigode. Passou-se muito tempo e nada dele recordar, até que um dos seus amigos do bar matou a charada. Nagib, no bar, só se sentava numa mesa junto à porta do sanitário, e toda vez que um dos colegas de bar dava uma mijadinha, na saída do banheiro pegava no seu imenso bigode e comentava “ê bigodão”!!!.

Pra semana segue a 2ª parte.