Saudades desse cara!

Fiz esta nota em 2009, publicada aqui no R2CPress, e fica como minha última homenagem a minha Véia.

Valeu por tudo meu amigo JOSÉ LOURENÇO DA FONSÊCA SILVA FILHO, Lourencinho, minha Véia.

LOURENCINHO.

Descanse em paz!

Toda cidade tem suas figuras. Algumas bizarras, outras com relevantes serviços prestados, outras passam por esta vida e não deixam nada por registrar, outras fazem opção por fazer o mal, outras por fazer o bem, outras entram na política e assim a vida continua.

Nessa vida meio mansa que estamos vivendo no momento, estamos tendo a oportunidade de conhecer algumas dessas figuras e que nos fazem muito bem. Em primeiro lugar por conviver com pessoas que estão sempre de bom humor, com um bate-papo que nos tiram boas gargalhadas, seja com seus causos, com algumas mentiras e tudo isso regado a muita cerveja. Existe coisa melhor?

A nossa figura de hoje é o cara LOURENCINHO. Esse baixinho que tem no cigarro seu companheiro inseparável e que leva a vida numa boa, curtindo com tudo e com todos, namorador de primeira (segundo ele), só no arquivo do celular tem registrado mais de 30 fotos das suas “vítimas”, inclusive recebe ligações durante todo o dia.

Seu roteiro preferido, melhor dizendo, suas andanças, tem dois pontos especiais, o Armazém de Chico Lima e o Bar do Zequito. Mas faz visitas constantes à Central de Abastecimento do Malhado, onde, claro, também tem um “negocinho”.

Sua próxima empreitada é comprar um terreno na Juerana, aonde vai duas vezes por semana, freqüenta todas as barracas e abate algumas “lebres”, o homem não pode ver um rabo de saia, ainda bem que os padres hoje não vestem mais batina.

Nessas idas e vindas ele sempre diz: vou ver os “cornos”, como trata com carinho os seus amigos que freqüentam Chico Lima e Zequito.

Por falar em Zequito, este fica muito preocupado quando o nosso personagem fica um dia sem por lá aparecer. Aí ele diz: o que será que aconteceu com o baixinho? Será que tomou todas e não pôde levantar pela manhã?

Esta relação dos dois é muito interessante, brigam, discutem, mas se amam intensamente.

Nesta quarta-feira, saboreando uma gelada no boteco da família Zaidan, quem chega? Exatamente o que vocês pensaram, o cara Lourenchinho e foi logo contando um dos seus causos, que ralato abaixo.

Passando ele pelo Bar Lindo Olhar, ofereceram-lhe uma dessas pílulas azuis, que fazem ressuscitar defunto.

Dito e feito. O cara telefonou para uma das suas vítimas, que estão sempre à disposição no visor do seu celular e a convidou para dar uma saidinha.

Negócio acertado, lá vai o nosso personagem com a dita cuja para o seu apartamento, melhor dizendo, seu abatedouro de lebres, e tome a realizar o serviço. Lá pras tantas e já satisfeito com o seu desempenho, despachou a fulana e foi tomar um banho, pois tinha que acompanhar seu pai (ainda vivo) para fazer algumas coisas na rua.

Só que o cara não esperava que o efeito da pílula demorasse tanto para acabar. O que ele fez, tomou um banho frio, nada de baixar, bateu com a toalha, nada de baixar, foi então que se lembrou de ir até a geladeira e com a ajuda de um pano, aplicou gelo na danada, que por sinal tinha lhe dado muito prazer, mas, mesmo assim, a dita cuja ainda ficou assanhada e ele preocupado em seu pai ver alguma coisa diferente aparecendo no interior da sua calça, passou por maus momentos.

Contou-me esta história na maior cara de pau do mundo, muito sério e ainda querendo me amostrar a vítima no visor do celular, pode?

O homem de mil causos para contar. Das viagens dirigindo caminhão, pois segundo ele, tem carteira de motorista para conduzir até caminhão tanque, das armas que dormem com ele debaixo do travesseiro, para eventual emergência, da escopeta que lhe ajudou a proteger um cidadão que estava caído na porta da sua casa e por aí vai, os causos são muitos e verdadeiros, ninguém se atreva a duvidar.

Num dos seus causos, estava ele na varanda da casa de seus pais, no primeiro andar, e por um acaso um cidadão desrespeitou a sua genitora, imediatamente ele saltou como que um ninja e caiu em cima do vagabundo já lhe metendo um direto e potente soco no rosto, deixando o meliante estirado na beira do asfalto.

Num passeio ao Rio de Engenho, acompanhado de amigos, deparou-se num bar com cinco garotas, conversa vai, conversa vem, algumas geladas rolaram, levanta-se o nosso personagem e vai ao sanitário. No seu retorno encontrou na mesa apenas três das garotas, as outras duas tomaram outro rumo com seus amigos.

Só que, para sua surpresa, as que ficaram tinham o pé grande e gostavam também de garotas.

Final da história: ele se sentiu que nem um corno, pagou toda a conta e não ficou com ninguém.

Os amigos que o acompanhavam estão bem vivos para lembrar desse causo.

Este é o nosso popular amigo, gozador, comedor de água e de lebres, mas, acima de tudo, um grande amigo, que não nega nada do que lhe pedem, criatura mais prestadora que ele, tá difícil de encontrar, rapaz direito, cabra bom e do bem.

O nosso personagem de hoje é o nosso amigo e amigo de todos JOSÉ LOURENÇO DA FONSÊCA SILVA FILHO, conhecidíssimo como Lourencinho, filho do grande e saudoso Seu Zé Lourenço e irmão de Gagé.

ZÉCARLOS JUNIOR