Luiz Ferreira da Silva
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A moda nem sempre tem razão de ser e, muitas vezes, pode ser ridícula e fugir dos padrões do bom senso. Já vi de tudo nesses meus 79 anos e nunca entrei de cabeça em certos modismos. Num dado momento, o cabelo grande e as costeletas tipo Elvis Presley. Tempos depois, a onda dos brinquinhos e o rabo de cavalo. Na atualidade, a tatuagem, os “piercings” e as cuecas dos jovens mostrando o fabricante.
Não consigo enxergar nenhuma criatividade, sabedoria ou vantagens com tais modismos. Pelo contrário, podem ser prejudicais à saúde ou ao seu currículo futuro, a exemplo das tatuagens.
Talvez tal comportamento represente um estado da alma daquele momento, sobretudo o de aparecer, por carecer de outros atributos para ser notado.
O problema é que a marca, quando nos jovens, pode ficar para sempre como acontece com os bois aferroados.
Também, pode se tratar de um bando de “Maria vai com as outras”. Aparece uma pessoa que a juventude alcunha de celebridade, pelos seus atos extravagantes e até irresponsáveis, e um cordão de alienados a seguem imitando o seu “modelo”. Típico da falta de personalidade?
Presentemente, a moda é a das calças rasgadas. São jovens desfilando com suas bermudas, ou calças apertadas, em shoppings, como se estivessem elegantemente vestidos. E na onda, as coroas, com suas vestimentas esburacadas e com fios excedentes.
Acontece, que diferentemente das outras idiotices, essa mexe comigo. Possivelmente porque me vem à memória o meu tempo de criança pobre interiorana.
As crianças e mesmo os adultos da minha época, por problemas econômicos, usavam as roupas até se puírem nos lugares mais friccionados, como nos joelhos. Quando isso acontecia, colocava-se um remendo, aumentando o tempo de utilidade.
Dessa forma, cada vez que vejo as pessoas com essa moda que danifica os tecidos, passa-me uma sensação de futilidade e de supérfluo, como se fosse, ademais, uma espécie de deboche para os menos afortunados; milhões de brasileiros que mendigam por roupas usadas.
Seria uma falta de respeito; ou ingenuidade; talvez insensibilidade ou mesmo arrogância? Possivelmente, a necessidade de aparecer seja mais forte, com uma boa pitada de esnobação advinda da cooptação à nova onda.
Confesso que não sei explicar. Que o faça o prezado leitor. (Maceió, Al, 23/10/2016).