Guilherme Albagli de Almeida

Quando a minha bisavó Ana chegou em Ilhéus, em 1872, o atual bairro do Pontal era um grande matagal de pitangueiras e araçás, ali morando apenas o barqueiro que transportava viajantes entre as duas bandas do Cachoeira.

O barqueiro João das Neves, – o primeiro morador do “Pontal de São João da Barra do rio Cachoeira” -, ficou registrado na História como o primeiro pontalense a cobrir a sua casa com telhas cerâmicas, por volta de 1875, quando aqui chegaram os pescadores de Sauípe e suas familias.

Já Nice das Neves, bisneta do nosso barqueiro pioneiro, mantém um sempre crescente e lucrativo ponto comercial, aberto todos os dias, desde as seis horas da manhã, na esquina da rua Coronel Pessôa (rua do Carro) com a rua D. Pedro II, ao lado da praça São João, no Pontal.  Ali ela serve três tipos de mingaus honestíssimos, mungunzá e, todo dia, um petisco-surpresa salgado.

Nessas madrugadas e manhãs que congelam até carangueijo em riba do pau, a pedida real é o mingau da Nice das Neves, que também vende licores e conservas feitos em sua casa. Quem ali acorrer ainda encontra agora o mingau quentinho temperado com pouco açúcar e muito leite de côco ralado. Uma das panelas tem mingau sem açúcar, que pode ser consumido com adoçante.