Ir.’. Everaldo

Tendo estabelecido suas instalações no Palácio Maçônico do Lavradio, no Rio de Janeiro, a partir de 1842, e com Lojas em quase todas as províncias do Império, o Grande Oriente do Brasil rapidamente passou a ser participante ativo de todas as grandes conquistas sociais do povo brasileiro. Com membros efetivos infiltrados em diversos segmentos formadores de opinião, como as Classes Liberais, o Jornalismo e as Forças Armadas – mais precisamente, o Exército , – o Grande Oriente intensificaria ainda mais sua presença nas mais diversas campanhas sociais e cívicas da nação ao longo de todo o resto do século XIX. Entre estas, destaca-se o movimento que visava a abolição da escravatura negra e que gerou leis que foram, paulatinamente, abatendo o escravismo, como a Lei Euzébio de Queiroz, de 1850, – que extinguia o tráfico de escravos – e a Lei Visconde do Rio Branco de 1871 – que libertou os filhos dos escravos que nasceram daí em diante. Tanto Euzébio de Queiroz quanto o Visconde do Rio Branco, naturalmente, eram membros bem graduados da Maçonaria.

REPÚBLICA

Num dado momento da segunda metade do século XIX, fruto de muitos conflitos intelectuais, dois corpos se firmaram, precisamente em 1863: o Grande |Oriente do Lavradio e o Grande Oriente dos Beneditinos. Estes dois Orientes voltaram a se unir, em 1873, por obra de uma “questão religiosa” com a Igreja Católica. Mais havia algo mais importante em jogo. Os republicanos, que começaram a se fazer notar nessa mesma época, simplesmente abominavam a idéia da instauração de um terceiro reinado no Brasil, que poderia nivelar o país com o atraso das demais nações da América do Sul.

A Maçonaria, aproveitando o ensejo, promoveu uma intensa campanha de divulgação dos ideais da República, nas Lojas e nos Clubes Republicanos, que já haviam se espalhado por todo o país. No momento da consolidação do movimento, quando a república foi efetivamente implantada, o fato é que havia um maçom que se valeu de seu imenso prestígio para liderar as tropas do Exército: o Marechal Deodoro da Fonseca, que viria a ser Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil. A participação do Grande Oriente do Brasil nas grandes decisões do Governo foi mais do que efetiva. Afinal de contas, vários presidentes da República, além de Deodoro, foram maçons, como o Marechal Floriano Peixoto Moraes, Manoel Ferraz de Campos Salles, o Marechal Hermes da Fonseca, Nilo Peçanha, Wenceslau Brás e Washington Luís Pereira de Souza.

A colaboração com as Maçonarias de outros países também se intensificou nesse período. Foi o que aconteceu no decorrer da 1ª Grande Guerra (1914 – 1918). O Grande Oriente do Brasil, desde 1916, defendia veementemente a entrada do Brasil no conflito através de seu Grão-Mestre, Almirante Veríssimo José da Costa. Mas mesmo antes dessa entrada, que se deu em 1917, o Grande Oriente já enviava verbas para a Maçonaria Francesa com o intuito de socorrer as vítimas da guerra.

Em 17 de junho de 1927 o maçom Mário Behring reuniu-se com 33 membros do Supremo Conselho e declarou-o rompido com o Grande Oriente do Brasil. E para dar suporte ao Supremo Conselho, Behring estimulou a criação de Grandes Lojas estaduais – que já vinham sendo montadas na encolha – , outorgando-lhes Cartas Constitutivas. Dessa leva surgiram as Grandes Lojas da Bahia (fundada em 22 de maio de 1927), do Rio de Janeiro (que foi aberta em 18 de junho de 1927) e de São Paulo (surgida em 2 de julho de 1927).

NO COMPASSO DA HISTÓRIA

Mesmo assim, o Grande Oriente do Brasil continuou na linha de frente quando era necessário interferir em questões como a anistia para presos políticos durante os períodos de exceção e a luta pela redemocratização do país – isso porque a Maçonaria reconhecia que o Brasil viveu  o uma verdadeira ditadura entre 1937 e 1945, período do Estado Novo de Getúlio Vargas. O Grande Oriente ainda colaborou na divulgação da doutrina democrática dos países aliados durante a 2ª Grande Guerra ( 1939 – 1945 ) – no que recebeu o apoio das Obediências Maçônicas européias.

Em 1973, surgiram os Grandes Orientes estaduais independentes, que tinham em comum o fato de não aceitarem o resultado das eleições para o Grão-Mestrado Geral. Num primeiro momento, muitas dessas unidades aderiram ao boicote, mas aos poucos acabaram voltando à  Obediência do Grande Oriente do Brasil.

Em 1983, o Grande Oriente do Brasil voltou seus olhos para a juventude quando criou a sua maior obra social; a Ação Paramaçônica Juvenil  (APJ). O projeto visava aperfeiçoar, física e intelectualmente, jovens de todo o Brasil, filhos ou não de maçons.

A Ordem se instalou em Brasília em 1978. Além da sede principal – que ocupa um edifício com 7.800 metros quadrados de área construída – a Maçonaria brasileira possui hoje, aproximadamente, 2.500 Lojas e cerca de 100.000 obreiros ativos. Reconhecido por mais de 200 Obediências regulares do planeta, o Grande Oriente do Brasil é, hoje, a maior Obediência Maçônica do mundo latino e é reconhecida como legítima pela Grande Loja Unida da Inglaterra, de acordo com os termos do Tratado de 1935.

Da mesma forma que os procedimentos internos da doutrina maçônica são pouco acessíveis para o grande público, também não é muito divulgado o fato de que muitas pessoas públicas têm feito parte da entidade desde que ela surgiu no Brasil , a saber:

Adhemar de Barros – político

Bento Gonçalves da Silva – revolucionário gaúcho

Carlos Gomes – maestro

Castro Alves – poeta

Duque de Caxias – militar

Esperidião Amin – político catarinense

Fábio Júnior – ator, cantor e compositor

Francisco Dornelles – político carioca

Jânio Quadros – ex-presidente da república

Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes

José Wilker – ator

Luiz Gonzaga – cantor e compositor

Luiz Vieira – cantor, compositor e radialista

Machado de Assis – escritor

Mário Covas – político paulista

Michel Temer – político

Milton Gonçalves – ator

Newton Cardoso – político mineiro

Orestes Quércia – político paulista

Waldemar Seyssel – palhaço Arrelia

George Savalla Gomes – palhaço Carequinha

Roberto de Carvalho – músico(esposo de Rita Lee)

Rui Barbosa – jurista

 

JOSÉ EVERALDO ANDRADE SOUZA

MESTRE MAÇOM DA LOJA ELIAS OCKÉ – N° 1841

GRANDE ORIENTE DO BRASIL – RITO BRASILEIRO

ORIENTE DE ILHÉUS – BAHIA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Pitombo, Heitor

Maçonaria no Brasil

São Paulo: Editora Escala, 2009.

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