Reza a Lei Geral da Copa (Confederações de 2013 e Do Mundo de 2014), que uma famosa cadeia de lanchonetes norte-americana, patrocinadora, terá exclusividade no comércio de alimentos na Arena Fonte Nova e no perímetro de 2 km dela, durante os tão esperados eventos. Com isso, ficariam de fora os ambulantes e as tradicionais baianas de acarajé, tecnicamente também consideradas ambulantes. Foi a conta. Bastou alguém chegado a umas entrelinhas descobrir e a polêmica nasceu. De fato, o contrato é frio, direto e objetivo, além de capitalista, claro, selvagemente capitalista, sem dó nem piedade. Faltou uma clausulazinha nesse contrato mencionando a valorização da cultura, tradição e gastronomia locais, liberando a comercialização de produtos X, Y, Z, etc, etc… e isso passou batido pelo Congresso Nacional.
Parece que nem os congressistas brasileiros nem os gringos da FIFA sabiam que o nosso acarajé não é só um “bolinho” gostoso. Nosso quitute maior carrega consigo tanta história e tanta cultura, que pimenta malagueta frita no dendê tem sabor de refresco. Não foi à toa que virou patrimônio nacional, tombado pelo Iphan, e o ofício das baianas patrimônio cultural do Brasil.
Pra embolar o vatapá, a FIFA admitiu, a princípio, o comércio do acarajé, desde que fosse praticado pela tal lanchonete do palhaço! Já pensou? Aí foi que o vatapá embolou de vez. A polêmica foi parar na internet, com protestos de todo tipo e até abaixo-assinado. O Ministério Público da Bahia, reforço de peso, já entrou na briga e gritou: se as baianas, vestidas a caráter, forem impedidas entrar no estádio pra vender acarajé, o caso vai para a Justiça.
Ânimos acalmados e gringos assustados com tamanha repercussão, enfim, o secretário estadual para assuntos da Copa do Mundo na Bahia (verdade, existe esse cargo) fez um pronunciamento apaziguador, onde garantiu que iremos comer acarajé à vontade na Fonte Nova, na Copa do Mundo. Ai dele se não… e não esqueça das baianas.

Foto ilustrativa_INTERNET