Secretário solicita à indústria do cacau que reveja programação de importação
O secretário estadual da Agricultura (Seagri), engenheiro agrônomo Eduardo Salles solicitou na manhã desta segunda-feira (15) à Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), que reveja sua programação de importação de cacau, e desvie para outros destinos ao menos parte das próximas cargas que estão para chegar. A solicitação foi feita durante reunião, na Seagri, com o presidente da AIPC e diretor da Cargill, Miguel Sieh; com o secretário executivo da associação, Walter Tegani, e com Marcelo Grimaldi, consultor da entidade.
A produção baiana de cacau na safra passada foi maior do que a previsão, e as empresas beneficiadoras de cacau contrataram importações de amêndoas maiores do que necessitavam. Em função disso, o cacau produzido na Bahia teve o seu prêmio reduzido e, na visão dos produtores, vem prejudicando a comercialização por falta de oferta de compra. Os representantes da indústria processadora disseram que vão estudar a possibilidade, mas que a missão não é fácil em função da crise na Europa, que fez o consumo cair.
Para que essa situação não se repita no futuro, em reunião em Brasília, no Ministério da Agricultura, o secretário baiano encaminhou reivindicação consensual da cadeia produtiva do cacau para que a previsão de safra seja feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em conjunto com a Ceplac. Além de reivindicar a revisão da programação de importação, Salles discutiu também com os diretores da AIPC a necessidade de reduzir o prazo do drawback e a taxação de amêndoas e produtos importados derivados do cacau, para proteger a indústria brasileira. Por exemplo, o Uruguai importa torta de cacau de países africanos, transforma em pó de chocolate e exporta para o Brasil, sem pagar taxas por estar no Mercosul. “Essa é uma relação injusta e prejudicial para o produtor brasileiro”, avalia Marcelo Grimaldi.
De acordo com Grimaldi, hoje, a produção brasileira de cacau é de 180 mil toneladas/ano, das quais 150 mil produzidas na Bahia, mas as cinco grandes indústrias do Brasil (Barry Callebaut, Cargill e ADM Joanes, em Ilhéus; Delfi, em Itabuna, e a Indeca, em São Paulo) processam 250 mil toneladas/ano. Essa é uma situação que o secretário quer transformar, tornando o Estado autossuficiente na produção de cacau. “Estamos, através da Câmara Setorial Estadual do Cacau, elaborando o Plano Estadual do Cacau, e já lançamos o Plano Estadual da Borracha Natural, que visa em 20 anos ampliar de 32 mil para 100 mil hectares de seringueira, consorciada com o cacau”, disse Salles.
Entre os assuntos discutidos com os líderes da indústria processadora de cacau, o secretário focalizou ainda a inclusão do cacau na Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e a necessidade de maior fiscalização sanitária nas importações.
Todas essas questões voltarão a ser discutidas nos próximos dias, para maior aprofundamento, com todos os elos da cadeia produtiva, reunidos na Câmara Setorial Estadual do Cacau, com participação da indústria. “Nesta reunião espero poder sistematizar os pleitos dos produtores e da indústria para levarmos ao Ministério da Agricultura uma decisão do setor como um todo”, concluiu Salles.
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Ascom Seagri – 16 de abril de 2013
Josalto Alves
A falta de representatividade dá nisso. Essas empresas são nefastas a nossa região.
Vão acabar com a produção Nacional de cacau.
Se essas industrias tem a abertura de importar cacau bixado para comprar o nosso de boa qualidade a preço vil, isso é orquestrado.