por Michael Cardoso

Michael Cardoso.

Michael Cardoso.

Hoje é um dia diferente do habitual. Diferente porque em mais de 100 cidades do nosso Brasil, além das grandes capitais, param perplexas e surpresas diante da comoção e mobilização baseado em um sentimento que é comum a todos: do jeito que está não pode continuar.

São tantas as indignações de uma nação, que não cabe nas ruas, nos cartazes, nas vozes que soam de uma angustia internalizada que a muito vem batendo a porta dos Brasileiros. Somos muitos: crianças, jovens, adultos e idosos. Representados não por partidos, entidades, sindicatos – alias muitos movimentos sindicais já não mais representam lutas de classes, mas interesses políticos e partidários – mas de um agrupamento de pessoas que representa anseios e insatisfações que parecem não antes serem ouvidas.

O movimento que vem se denominado “passe-livre”, segue um coro de sensibilidades: não é anarquista, apesar de pequenos grupos de vândalos, baderneiros e antidemocráticos tentarem fazer como se fosse; não é político partidário, pois não se admite bandeiras senão aquelas que falem das reivindicações do povo; não se procura derrubar ou destituir governos, mas faze-los respeitar o povo, no qual os elegeu democraticamente. Desrespeito este, que se apresenta nos salários e benefícios absurdos, nos transportes e educação pública de má qualidade, nos altos impostos, na corrupção generalizada, na falta de transparência de instituições públicas, na criação de leis que beneficia políticos e os protege para cometer irregularidades em um corporativismo sem precedente, entre muitas e muitas outras mazelas de uma nação que está entre as 10 maiores economias do mundo.

A tantas se fala nas bancadas do Brasil em democracia, mas fica claro na mente da população, que para muitos políticos o processo democrático se dá apenas nos comerciais de TV, que se seguem durante os meses de campanha eleitoral, finalizado pelo voto na urna. Muitos não mais ouviam as vozes da rua. Alias, “nunca antes na história recente deste país” se presenciou mobilização como está, onde as bandeiras suspensas não precisaram ser financiadas por campanhas, por vezes inescrupulosas. É sabido também, que a mente daqueles que foram eleitos pelo povo, ao findar de dias como estes, passarão a pensar mais intrinsicamente nas suas condutas e ações perante as responsabilidades que lhe foram incumbidas.

Em Itabuna, demos exemplo de democracia plena. Cantamos, falamos em alta voz, expressamos em diversos cartazes indignações locais e nacionais e o som do hino nacional brasileiro cantado em coro foi, em suma, emocionante. Sem violência, cantávamos todos, pois isto é democracia, o poder de mobilizar e protestar, não esquecendo de todo apoio pacifico dado pela Polícia Militar. Não obstante, é de entendimento geral que os nossos policiais fazem parte do povo, e mesmo muitos no exercício da sua função, demostraram também orgulho em contemplar a mobilização popular.

Tenho a impressão de que um dos grandes historiadores do Brasil, Sergio Buarque de Holanda, se aqui estivesse entre nós, escreveria um novo livro com o título: As NOVAS raízes do Brasil. Sim! Daqui pra frente, se escreve uma história diferente, as pessoas lerão mais sobre política, se informarão mais sobre acontecimentos das nossas cidades, terão orgulho de ser Brasileiro. Queremos virar a página do “rouba mais faz”, do que “se não tem coisa melhor, serve este mesmo”, queremos as reformas e a reforma política que o Brasil tanto precisa. E por fim, o não imaginado torna-se uma realidade, os brasileiros passaram de expectadores para autores de sua própria história. “O gigante acordou”!

Itabuna, 21 de junho de 2013

Michael Cardoso
Servidor Público e Graduando do curso de Ciência da Computação / UESC
@michaelhcardoso