Ir.’. Everaldo

 Por José Everaldo Andrade Souza

Caríssimos seguidores do R2CPRESS, Irmãos maçons e estudiosos e interessados na história da Franco-Maçonaria.

Primeiramente, quero mais uma vez louvar e agradecer ao Supremo Arquiteto do Universo (DEUS), por nos presentear com o retorno da sabedoria, da imparcialidade, da perseverança, da tolerância e da boa informação, qualidades essas, concedidas por Ele ao nosso querido amigo e irmão Roberto Rabat Chame.

A admissão na Franco-Maçonaria é vedada às mulheres, mas nos Estados Unidos e em outros países existem organizações semelhantes à Maçonaria abertas às mulheres, muitas da quais têm o marido, o pai ou irmãos que pertencem à Maçonaria…

Conforme já mencionamos em alguns textos anteriormente apresentados, há 250 anos, na Europa existiam Lojas de Adoção, que foram dirigidas por Lojas Maçônicas regulares e nas quais mulheres eram admitidas e tomavam parte de elaborados rituais maçônicos próprios. No século XIX, a primeira esposa de Napoleão, Josefina de Beauharnais, foi Grã-Mestra de uma dessas Lojas, a Loja de Adoção de Santa Carolina.

EUROPA

As Lojas de Adoção tinham um sistema de três Graus: Aprendiz, Companheira e Mestra Maçom. Elas baseavam seu simbolismo no Livro de Gênesis e extraíram suas lições de moral das lendas da Arca de Noé, da Escada de Jacó e da Torre de Babel.

Mas essas Lojas pareciam ocupar-se essencialmente de assuntos triviais, como pode ser presumido pelo nome de uma delas, a Ordem de Mopses, fundada em Viena depois que a bula papal antimaçônica foi emitida em 1738. A Ordem era aberta a homens e mulheres católicos e adotou o seu nome da raça canina Pug, considerada como símbolo de fidelidade e de afeição que deveria existir entre os membros.

Contudo, existem várias referências de mulheres que conseguiram admissão em Lojas Maçônicas regulares. Em 1713, uma jovem irlandesa, Elizabeth St. Leger, acidentalmente surpreendeu uma sessão de Loja na casa do pai, no Condado de Cork. Os homens imediatamente fizeram dela uma maçona e, mais tarde, passou pelos Graus de Aprendiz e de Companheira. Caso existisse o Grau de Mestre Maçom naquela época, supõe-se que ela também teria concluído esse estágio, pois se considerou uma verdadeira maçona durante o resto de sua vida e assim foi tratada por seus Irmãos maçons.

Naquela época, não havia havia uma grande manifestação por parte das mulheres em querer tornar-se membros ativos da Maçonaria, porque as diversas constituições as proibiam. Mas em 1882, na França, a Grande Loja Simbólica Independente decidiu seguir o seu próprio caminho e separar-se do Supremo Conselho da França, e os membros de uma Loja, Les Libres Penseurs (Os Livres Pensadores), decidiram admitir uma ardente feminista, Maria Desraimes, em sua associação. A iniciação, que foi ilegal de acordo com a constituição maçônica francesa, ocorreu na pequena cidade de Le Pecq, perto de Paris. Mais tarde, a srta. Desraimes passou pelos Graus maçônicos e foi exaltada a Mestra.

Quando a notícia foi divulgada, a Grande Loja logo suspendeu Les Libres Penseurs e srta. Desraimes foi considerada uma maçona proscrita. Mas, em 1892, ela foi abordada por um membro do Supremo Conselho, Dr. George Martin, um fervoroso defensor da igualdade dos sexos, que lhe sugeriu estabelecerem uma Loja que seria aberta para ambos os sexos.

No começo do ano seguinte, a srta. Desraimes iniciou, elevou e exaltou 16 mulheres, todas as quais se tornaram membros da nova Loja, Le Droit Humain (O Direito Humano). A Loja foi a única que pertenceu à Grande Loge Symbolique Ecossaise Mixte de France (Grande Loja Simbólica Escocesa Mista da França).

Em 1900, sete anos depois de sua fundação, um Supremo Conselho veio a ser estabelecido e empossado com o governo da Ordem, que decidiu trabalhar os 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito.

LOJAS NA INGLATERRA

Entre as mulheres que se apressaram em associar-se à nova Ordem estava Annie Besant que, em 1902, levou a Co-Maçonaria à Grã-Bretanha, promovendo-a entre os membros de sua Sociedade Teosófica, na qual ficou sendo conhecida como Maçonaria Conjunta. Três anos mais tarde, ela mudaria o seu nome para Universal Co-Freemasonry (Co-Maçonaria Universal), assumindo o título de Grã-Mestra do Supremo Conselho.

Annie Besant, juntamente com Bernard Shaw e Beatrice e Sydney Webb, também foi membro da Fabian Society, a qual esteve à frente da fundação do Partido Trabalhista britânico.

Em 1908, o movimento sofreu a primeira de diversas cisões. Dentre as organizações, que vieram a existir como resultado da cisão, estava a Nobilíssima Fraternidade da Antiga Franco-Maçonaria, que foi fundada em 1913. Sua primeira Grã-Mestra foi Elizabeth Boswell-Reid, que manteve a função por 20 anos, sendo sucedida por sua filha, a srta. Seton Challen.

Baseada em Londres, a Nobilíssima Fraternidade continua existindo e, como outras semelhantes organizações paramaçônicas, algumas exclusivas para mulheres e outras abertas a ambos os sexos, mantém sessões de Lojas regulares e também organiza funções sociais. Tal como os maçons, que consideram como Irmãos, elas também levantam grandes somas de dinheiro para doar a instituições de caridade.

Entretanto, a Maçonaria Regular não reconhece as Ordens mistas, tampouco aquelas que admitem exclusivamente mulheres em suas graduações. No que diz respeito aos maçons tradicionais, a Maçonaria sempre foi um baluarte masculino e eles pretendem que continue sempre assim.

DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO

Quase meio século antes de Maria Desraimes fundar a sua Ordem, do outro lado do Atlântico era fundada a Ordem da Estrela do Oriente, em 1850. Aberta a Mestres Maçons e às suas senhoras, é a maior organização desse gênero. Diferente de outras organizações semelhantes,  tal como a Viúvas do Arco Real e as Filhas do Nilo, para indicar apenas duas, que são principalmente sociais e organizações que levantam fundos, a Estrela do Oriente tem propósitos, ensinamentos e cerimoniais sérios.

O Grande Capítulo, com sede no Templo da Estrela do Oriente, em Washington, D.C., concede Cartas Patentes a Grandes Capítulos estaduais, que controlam a organização dentro de seus territórios.

Cada Capítulo tem direito de decidir quem será eleito para ser membro e a eleição por meio das cinco graduações, que são conferidos em uma cerimônia, deve ser unânime, decidida sem debate e votada em segredo. Cada membro deve professar uma fé no Ser Supremo, o que embora não seja especificamente vetado, torna difícil a admissão à Ordem aos não cristãos.

Foi em 1874 que a Ordem da Estrela do Oriente estabeleceu o seu primeiro Capítulo para mulheres negras nos Estados Unidos e, atualmente, esses Capítulos, como Rainha Ester e Rainha de Sabá, entre muitos outros, estão ativamente envolvidos em obras de caridade, tal como os de suas Irmãs brancas, de costa a costa.

Com essa apresentação, esperamos ter atingido o nosso objetivo de divulgar a participação das mulheres nas diversas associações e instituições, Maçônicas e Para-Maçônicas, em alguns poucos, porém privilegiados, países.


JOSÉ EVERALDO ANDRADE SOUZA

MESTRE MAÇOM DA LOJA ELIAS OCKÉ – N° 1841

FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – RITO BRASILEIRO

ORIENTE DE ILHÉUS – BAHIA

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Johnstone, Michael

Os Franco-Maçons – Trad. Fúlvio Lubisco – São Paulo: Madras, 2010.

Título Original – The Freemasons.