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Luiz Castro em: DECOLORES

CARNAVAL NA AVENIDA SOARES LOPES

Por ser próxima a Rua Fonte da Cruz, onde resido até hoje, desde cedo freqüento a Avenida Soares Lopes. Lembro-me perfeitamente de sua beleza exuberante, totalmente arborizada, com inúmeros canteiros no meio, sendo ornamentados por postes de bronze tipo  colonial, sinalizando mão e contra mão.

No período carnavalesco, os Jipes e as camionetes, trafegavam pela Avenida, enfeitados  de confetes e serpentinas.

Os foliões demonstravam total alegria, cantarolando a música da época: “O vovô ia a cavalo/ para visitar  vovó/ o papai ia  de bicicleta / ora vejam só/  Hoje tudo ta mudado/  ta mudado sim senhor/ pois eu tenho minha lambreta/ para ver o meu amor. Corre corre lambretinha/ pela estrada além/ corre corre lambretinha/ pra ver meu bem.

Toda orla era iluminada e decorada de adereços,  para receber os foliões,  blocos, escolas de samba, pirrôs e colombinas, batucadas e afoxés.

No período carnavalesco, costumava-se fazer homenagem ao então  Prefeito Herval Soledade, em frente a sua residência  , cantarolando aquela musiqueta: Herval é o maior/ Herval é que é o tal/ que coisa louca/ que coisa rara/ Herval não respeita a cara.

Ou então cantavam  aquela marchinha: Viva Zé Pereira….. Diferente da letra original cantavam assim:  Viva Sá Pereira/Viva o carnaval/ Viva Sá Pereira/ No cenário nacional.

Sá Pereira, era um homem ilustre que residia em nossa cidade, tratava-se de um ser humano caridoso,  muito bom , que trabalhava em prol dos mais necessitados. Chegou fundar um Banco denominado Banco Sá Pereira. Além de emprestar dinheiro aos pobres, Sá Pereira cedeu vários patrimônios de sua propriedade. Era muito religioso,e  sua assinatura era interessante, pois  afirmava ser o  1º Servente da Virgem Santíssima. Certa época  teve uma pequena divergência com o então  Bispo Diocesano Dom Caetano, que chegou a lhe excomungar  ,  contudo  depois  voltaram  a  normalidade, por ordem do Vaticano.  Ilhéus deve muitas  homenagens  a essa figura humana extraordinária.

Após as homenagens, o então saudoso Prefeito aparecia na janela, acenando para os carnavalescos, e a batucada de Torôco rufava os tambores, gritando: Viva Herval, Viva Ilhéus, Viva o carnaval.

Era tradição também ir  aos Clubes  e  os bailes iniciavam exatamente às 22:00 horas e terminavam às 04:00 horas, o clube mais freqüentado pela elite da época  era o Social de Ilhéus; O clube dos Bancários era dos intermediários e o Clube dos Comerciários era freqüentado  pela  classe comerciária. Tive o privilégio de freqüentar todos os clubes, inclusive o Clube Social  do Pontal, embora  gostasse mais dos Comerciários, pois o carnaval era mais alegre e participativo.

Quando terminava a noitada  era hora de fazer o rango e como eu  tinha pouca grana, íamos  à Padaria Luso Brasileiro, saborear aquele  pão comum bem quentinho com mortadela e manteiga, despachado pelo tradicional Seu Pereira, que nos dizia: “Que beleza, eu trabalhando e vocês dançando”.

Contudo quando a grana era gorda,   íamos ao Restaurante  Jangadeiro , de propriedade do  Ministro da Educação Walter, que não aceitava nenhuma reclamação por parte do freguês. Certo dia,  alguém  pediu um filé a cavalo e  o filé foi servido sem o ovo estrelado. Após a reclamação  , o Ministro da educação aproximou-se da mesa e recolheu os pratos dizendo: “O meu filé sirvo da minha maneira, pode sair e não precisa pagar nada” e  deu  aquela baforada com seu cigarro mata rato.

Também era muito comum  caminhar tranquilamente  pelas ruas da cidade,  na madrugada, muitos  amigos  moravam  no pontal e tinham  que aguardar a primeira lancha, outros moravam na Conquista ou no Malhado e aguardavam o horário dos primeiros coletivos. Eu  e outros   que residiam no centro, íamos   para Avenida,  contemplar nosso maravilhoso mar.

Após o carnaval, a cidade voltava sua normalidade, e a avenida passava  a ser o  palco da juventude e dos casais de namorados. Era bom demais, quando marcávamos  encontro  com as namoradas na avenida, e íamos para o Cine Santa Clara. Depois do cinema  era tradição desfilar com a namorada , de mãos dadas e  lutar   para conseguir aquele beijinho, e  pontualmente àss 21:30 , era hora de deixar  a namorada em casa, senão perdia a média com o pai da garota, pois o compromisso era muito sério.

Depois,  era a vez de  encontrar-se com os amigos para  fazer     farra no Bar Santa Clara  ,  na Boate Lido,   nos Búzios ou nos Velhos Marinheiros, ou visitar “as meninas” no Carneiro da Rocha ou na Rua do Dendê.

Hoje  não temos aqueles carnavais de outrora, Herval ,   Seu Pereira e outros conhecidos,  foram  morar no céu, os clubes Bancários, Social do Pontal e os Comerciários não existem mais,  as ruas estão desertas, a rua do Dendê e Carneiro da Rocha passaram a  ser comerciais e residenciais, a Avenida encontra-se  vazia sem os casais de namorados,   pois  a população teme ser assaltada .

 

Colaboração de Luiz Castro

Bacharel Administração de Empresa

1 resposta para “Luiz Castro em: DECOLORES”

  • josemildo says:

    Beleza,Luizinho;muita saudade. Aguardo a confecção do seu livro.Ainda mais com o Colo Colo fazendo jus às suas origens na Semana Inglesa! GOD SAVE THE QUEEN!

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