Aos berros de “pelo meu pai”, “pela minha mãe”, “pelo meu filho”, “pelo meu neto”, “pelo meu cachorro” entre outros “pelos”, só não havendo um gritinho, pelo menos, do porquê se estava votando, os deputados federais imputaram crimes de responsabilidade à Presidente da República. O dia: 17 de abril de 2016. O local: plenário da Câmara dos Deputados.
Eles usaram o mote das reverências familiares, entretanto outros de “magnitude superior” estiveram em pauta como por exemplo a de uma parlamentar dedicar o voto à competência e honestidade do marido, prefeito de uma cidade mineira, e este, por envolvimento em falcatrua com dinheiro público, ser preso no dia seguinte(18) pela Polícia Federal. O brado apologético a um carrasco do período da Ditadura Militar feito por um outro, meio a aplausos de uma claque formada por oposicionista ao governo, se constituiu no momento mais surreal e, deprimente da assembleia: Nesse instante “ilustres” representantes do povo enfatiotados de verde-amarelo defendem a Constituição Federal e, ao mesmo tempo a ultrajam, ou como se diz no popular, a rasgam, como se fosse um bloco rabiscado de papel sem nenhuma importância. Esses fatos foram e estão sendo reiteradamente enfatizados nos canais de televisão.
Silenciado os bramidos; e a cusparada, e os empurrões, e os “delicados” sons de canalha, gangster, ladrão, outros ingredientes da autorizativa continuidade da cassação da Presidente, o processo fora encaminhado para o Senado. Apesar da badalada maturidade desta Casa, os noticiários, verdade ou não, antecipam a vitória prol impeachment na – já escolhida– Comissão que antecipa o veredicto, inclusive anunciam que o Vice-Presidente, o substituto legal, já se organiza na formação de uma equipe de governo. A respeito, embora sobre futebol, religião e política cada brasileiro tenha sua opinião na ponta da língua, me arvoro, fazendo uma análise rasteira, a dizer que se um novo governo vier a ocorrer, contará de imediato com o apoio –ausente ultimamente– do empresariado brasileiro (digo do tipo de empresas de grande porte a exemplo das que participaram e participam do atual escândalo de corrupção), obviamente se a classe estiver disposta a ceder diante dos impulsos do lucro capitalista, seu objetivo fundamental. Os 367 votos favoráveis ao impeachment supondo-se aí uma coalisão em cima de um projeto de governo, se configura como outro ponto a favor. Mas como é sabido que na Casa dos deputados a palavra coalizar só acontece na prática com o interesse particular na jogada, tudo indica muito trabalho e jogo de cintura do gestor pela frente. A não ser – quem sabe! – que doravante o altruísmo nela se incorpore!
Por outro lado, continuando a rasteirice, desfavorável ao neófito líder são –nos referindo à população– os 92% rejeitando, conforme pesquisa recente, seu nome como solução para o país, bem como os 62% a desejarem novas eleições. Considerando ter deixado bastante clara a sua ansiosidade em assumir a presidência, se não houver uma carta na manga para solucionar com urgência, urgentíssima e sem mais sacrifícios da população, os problemas –o desemprego é um deles– econômicos reclamados pelo povo, poderá gerar descrédito e constituir-se numa questão negativa e grave. Jogando meio recuado e como não quer nada, a Operação Lava Jato também tende –se não for botado o pé em seu freio– a ser outro calo para a futura liderança administrativa do país. Mas que tudo se resolva de modo isonômico, e como prometeram os protagonistas do impedimento, o Brasil volte a crescer rapidamente.
Heckel Januário