O sistema de saúde aqui, em Ilhéus, há muito vem causando enormes preocupações aos seus usuários, principalmente para aqueles que necessitam da rede de assistência pública, composta pelo Hospital Regional LVF, mantido e operado pelo Estado, e postos de saúde municipais, além da policínica que foi disponibilizada no Alto da Conquista. Somente quem procurou a assistência médica nesses equipamentos, sabem o quanto era deprimente a situação dos mesmos, com a falta de equipamentos, e/ ou o seu obsoletismo, a falta de insumos básicos, inclusive medicamentos, luvas, máscaras, e até mesmo material de limpeza, como vimos relatado através da imprensa, anos a fio. A falta de profissionais médicos nos plantões, enfermeiras, atendentes e auxiliares de enfermagem, agentes de portaria, e de serviços de limpeza, dentre outros, faziam com que, quem não tinha acesso aos hospitais particulares, entrasse em desespero por tudo isso relatado.  

O acolhimento dos hospitais particulares aos pacientes SUS, limitados pela falta de leitos condizentes com a demanda crescente, inclusive pelo sistema de regulação que opera na microrregião atendida, supriam parcialmente, na medida do possível, e quando não haviam condições físicas, ou de especialidades médicas, o caminho sempre foi a BR-415, em direção à vizinha cidade de Itabuna, sabidamente com disponibilidade de bons hospitais, como também, especialidades médicas, ainda insipientes na nossa cidade. Exames de alta complexidade, o caminho era o mesmo. Quem possuía um pouco mais de recursos, a capital do Estado era o destino onde se buscava o necessário atendimento. Quantos bebês nasceram na nossa vizinha cidade, por falta de acolhimento, ou mesmo, por receios provocados pela situação que descrevemos? Queixas de maus atendimentos, sempre aconteceram, mas esse assunto prefiro não entrar no mérito, mesmo porque, nas vezes em que necessitei atendimentos, tanto nos hospitais particulares, como no próprio Regional, fui bem atendido, e estar aqui escrevendo este comentário, credito aos profissionais que me cuidaram, inclusive nas suas UTIs. Não sou um caso isolado, é bem verdade, mas as queixas são muitas, e isso é também verdadeiro. 

Nos últimos anos, apesar de termos perdido, inexoravelmente, o antigo e bom Hospital e Maternidade Santa Isabel, assistimos o crescimento e reaparelhamento dos nossos hospitais particulares, inclusive com instalações de UTIs. modernas, e o surgimento de serviços complexos, como centro de hemodinâmica, que abriram a possibilidade de intervenções cardíacas. Também para os pacientes renais, centros de hemodiálises funcionam, e prestam o seu serviço, apesar das suas limitações. 

A recente inauguração do Hospital da Costa do Cacau, por parte do Governo do Estado, vem de encontro a essas expectativas, tanto pelas suas dimensões, como pela abrangência regional, suprindo com a disponibilização de várias especialidades médicas e cirúrgicas,  equipamentos modernos, e a  possibilitando exames de alta complexidade. As informações disponibilizadas, tanto pela propaganda oficial, como também pelos noticiários da imprensa, dão conta da modernidade das instalações, com equipes médicas e de enfermagem condizentes com as suas necessidades, além de espaço suficiente para uma eventual ampliação, na medida do crescimento populacional de Ilhéus, e demais cidades beneficiadas. Serão mais de 220 leitos, distribuídos entre as suas alas, e uma UTI moderna, digna da nossa cidadania.  

Uma coisa, porém nos preocupa, pois não foi bem esclarecida: o que acontecerá, de fato, com o Hospital Regional Luiz Vianna Filho, seu anexo psiquiátrico, e instalações auxiliares, além das estruturas que foram erguidas numa reforma que objetivava a sua ampliação? Dizem que passará por nova reforma, para adequá-lo a que seja um hospital materno infantil, suprindo a carência existente, na sua região de abrangência.  

Esperamos que venham a público prestar tais esclarecimentos ao público, como também aos servidores não aproveitados pelo novo hospital. Na nossa opinião, não se deve cobrir um santo, descobrindo outro. Como no próximo ano acontecerão eleições, assistiremos os discursos das velhas raposas políticas, prometendo mundos e fundos, todos pretendendo ser o pai (ou a mãe) da criança nascitura. Os tempos são outros, e o cidadão brasileiro está aprendendo a reivindicar, seus direitos, e aqui na nossa região, isso também acontece.  Estaremos vigilantes, senhores políticos. 

ANÍSIO CRUZ