16 anos, semanalmente, chegando a um seleto grupo de leitores. E TOCANDO EM FRENTE!
OS EDITORES
SILVA JARDIM
BRASILEIRO REVOLUCIONÁRIO MORTO NUM VULCÃO (https://economia.uol.com.br/blogs-e-colunas/coluna/reinaldo-polito/2020/07/14/)
Perdemos o apetite de viver quando nossas paixões são saciadas. Cícero.
Você já deve ter ouvido esta ironia: o Brasil não tem desastres naturais, mas temos políticos. Aqui nós não temos tufões, terremotos, vulcões, mas temos “Suas Excelências” para infernizar a nossa vida. Vez por outra, entretanto somos surpreendidos, e a vida nos prega uma peça. Vale a pena relembrar uma história muito curiosa envolvendo um evento natural e um político – na verdade, um ativista político – comprometido na conquista de um ideal de luta que acontecia no Brasil na época do Império. Neste mês de julho, faz 129 anos que o Brasil perdeu um de seus vultos mais importantes, Silva Jardim.
Antônio da Silva Jardim ficou para a história como Silva Jardim. Nasceu em Capivari, cidade que atualmente leva o seu nome, em 18 de agosto de 1860. Era filho de um professor que mantinha a família com certa dificuldade. Para ganhar a vida, lecionava no sítio onde moravam. Por isso, Silva Jardim teve de se virar cedo. Trabalhou no próprio externato onde estudava. Com espírito aventureiro, assim que chegou a época de fazer o curso superior, saiu de Niterói e foi para São Paulo estudar na Faculdade de Direito de São Paulo. Não demorou muito para se envolver com as ideias abolicionistas e republicanas que movimentavam seus colegas estudantes e estavam presentes.
Como defendia ideias que provocavam debates acalorados na população, por onde discursava era elogiado, criticado, perseguido e até apedrejado. Não se incomodava. Quando lhe diziam que os monarquistas, formados pela guarda negra, organizada por José do Patrocínio, poderiam agredi-lo fisicamente por causa de suas ideias republicanas, respondia: vamos ver quem tem mais coragem, se eu para morrer, ou essa gente para me matar. Ele não estava para brincadeira não. Basta dizer que chegou a fazer discursos com a arma na cintura. Houve até uma vez, num momento de eloquência desmedida, em que brandiu o revólver para que todos pudessem vê-lo.
Essa demonstração de idealismo e caráter, tão rara nos dias de hoje, pode parecer até mesmo utópica diante da realidade política que vivenciamos. A falta de escrúpulos, a desonestidade e a ausência de comprometimento ético de alguns dos “representantes do povo” fazem mais mal
à população que os estragos que poderiam ser provocados pelos desastres naturais. Todos nós nos indignamos ao saber que o político de determinada região desviou para os próprios bolsos recursos que deveriam ser destinados à aquisição de remédios, à construção de hospitais, ou à compra de merendas escolares. Como podem ser tão insensíveis?!
Políticos corruptos, mal-intencionados, incompetentes, entretanto, não são “privilégio” do nosso país, pois vira e mexe chegam até nós notícias de outras nações, revelando que determinado gatuno político foi apanhado com a boca na botija. Tal fato, todavia, não nos serve de consolo. Como o sociólogo norte-americano Richard Sennett bem define: “Caráter é o valor ético que atribuímos aos nossos próprios desejos e às nossas relações com os outros”. Quando as relações sociais são marcadas pela ausência de caráter, a criação de laços duradouros de confiança, lealdade e compromisso mútuo ficam seriamente abaladas. E todos perdemos
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O VALOR DO FIO DE BIGODE
Luiz Ferreira da Silva
Fui de um tempo em que a palavra tinha valor e não era usada em vão. Os homens se afirmavam pelo seu comprometimento aquilo que lhes eram impostos, honrando as suas calças, expressão que significava a condição do gênero-Homem.
A mentira, desde a infância, não era tolerada, incutindo-se lhe um sentimento de falta grave, que carregava por toda a sua vida. O exemplo vinha dos pais. Infelizmente, com o passar dos anos, essa concepção de hombridade foi perdendo a vez.
Assisti, em um Supermercado, aqui em Maceió (AL), uma Senhora de classe alta, com seu rebento de uns 5 anos, retirar da prateleira uma barra de chocolate e lhe dar enquanto fazia outras compras, não o pagando ao passar pelo caixa.
No século passado, era comum o uso da expressão “fio de bigode”, que consistia em garantir a palavra com um fio do próprio bigode. Valia mais do que qualquer promissória. Palavra dada é palavra de honra; palavra de cavalheiro
Humberto Bati, em artigo publicado em A notícia de Joinville (16-05-2.009), exemplifica: – “Um grande exemplo brasileiro foi Visconde de Mauá, que se tornou o homem mais rico do Brasil de sua época. Como era liberal, abolicionista e contra a Guerra do Paraguai, foi vítima de perseguição política pelo Império e faliu. Ao invés de deixar os credores na mão, vendeu todos seus bens, pagou a todos, limpou seu nome e recomeçou, com a cabeça erguida.
No mundo atual, vemos que a lei que impera não é a do fio do bigode, mas a lei de Gerson: “O mais importante é levar vantagem em tudo, certo?”
O mundo mudou com o crescimento populacional, exigindo uma luta cotidiana pela subsistência e muitas ações de probidade passaram a ser negligenciadas, aflorando a ganância pelo dinheiro.
Aquele brasileiro, tido como um homem bom, sofrido, trabalhador, honesto e solidário, que ouvíamos em tempos passados, sucumbiu no novo milênio, haja vista o processo anticorrupção da “Lava jato”, que escancarou a corrupção de políticos e grandes empresários.
Exceções sempre existem. O que interessa é a “moda” estatística; o comportamento geral das pessoas, independentemente da sua cor, credo ou classificação social.
Diante do exposto, vou tentar ajudar ao prezado leitor as razões do comportamento do brasileiro:
Por que o brasileiro vota nos candidatos corruptos? Não seria uma vontade velada de que também gostaria de ser um deles?
Por que o brasileiro quer começar como chefe, fazer pouco esforço e reclamar sempre do salário? Não seria uma maneira de usufruir sem mérito, passando muita gente para trás?
Por que o brasileiro não respeita os seus limites, avançando os sinais, furando filas, fumando em lugares proibidos? Não seria o abominável “eu posso mais”?
Por que o brasileiro desfila em carros luxuosos e não paga o condomínio, as férias da sua empregada? Não seria o seu gene perdulário?
Por que joga lixo na rua, é mal educado e não respeita os mais velhos? Não seria a sua falta de sintonia com o seu semelhante, vivendo um mundo só seu, criado por ele?
Por que o brasileiro se “suja” com pequenas coisas, abrindo pacotes em supermercados, enganando pessoas pobres (exemplo: flanelinhas) e procrastinando as suas dívidas? Não seria a vontade de “especialização”?
Por que o brasileiro esnoba riqueza em viagens, banquetes, roupas de grife? Não seria uma necessidade de se afirmar, pois não possui atributos interiores para tal?
Por que o brasileiro luta para entrar na política, sabendo do mar de lama que ela é? Seria por essa atração ambiental eivada da expectativa de se dar bem, como já se tornou normal no nosso país?
Por que o brasileiro quando ascende no ranking social se torna prepotente, vaidoso e arrogante, sobretudo com os de baixo? Não seria o gene do deslumbramento que vivia escondido no seu DNA?
Por que o brasileiro se torna esquerdista quando está na pior e muda quando melhora de vida, passando a exercer a opulência, antes combatida? Seria uma revolta pelo que fora desprezando aos que eram iguais, considerando-os uma classe inferior?
Por que o brasileiro pobre quando se torna policial persegue os da sua classe e se apequena ante os abastados? Não seria a concepção de que agora está a serviço da elite e os seus de antes não tem nada a lhe oferecer?
Vou ficar por aqui. O prezado leitor pode agregar inúmeras atitudes do brasileiro que, à luz de outros povos, envergonham o nosso país.
Sempre nos perguntamos por que somos subdesenvolvidos, sobretudo nós aqui do Nordeste. Saímos sempre pela tangente e esquecemos as nossas mazelas. Estudar firme, suar no trabalho e crescer pelo esforço próprio, não estão no “vade-mécum” do brasileiro. Isso é para oriental do olho puxado, para os alemães, para os canadenses e outros “infelizes” que não sabem gozar a vida – assim fala muita gente, sobretudo nos bares, nas rodas de samba, nas feiras de trambiques.
E isso não acontece só com os abastados, mas com os pobres, também. Os ricos dedicam grande parte de seu tempo para lutar pelas sinecuras e mamar nas tetas da viúva (governo = nosso dinheiro suado) e os menos favorecidos no seu limite de vantagens, a exemplo dos sem-terra e dos “bolsistas” do governo que, com raras exceções, nada querem com o trabalho.
E os exemplos dos muitos políticos que se locupletam do erário público, incluindo a família nesta farra com o nosso suado dinheiro?
Como é que vamos ser um país desenvolvido? Recursos Naturais ajudam, mas o fator primordial é a força de trabalho de seu povo, eivada de dedicação aos estudos, muito suor, obstinação, desprendimento, conhecimentos e decência comportamental, com respeito às leis e aos limites da convivência salutar e pacífica. Tudo isso com a valorização da palavra, aquela do fio de bigode.
O FURO NO BARCO
Um homem foi chamado à praia para pintar um barco. Trouxe com ele tinta e pincéis, e começou a pintar o barco de um vermelho brilhante, como fora contratado para fazer. Enquanto pintava, viu que a tinta estava passando pelo fundo do barco. Percebeu que havia um vazamento e decidiu consertá-lo. Quando terminou a pintura, recebeu seu dinheiro e se foi.
No dia seguinte, o proprietário do barco procurou o pintor e presenteou-o com um belo cheque. O pintor ficou surpreso:
– O senhor já me pagou pela pintura do barco! – disse ele.
– Mas isto não é pelo trabalho de pintura. É por ter consertado o vazamento do barco.
– Ah! Mas foi um serviço tão pequeno… Certamente, não está me pagando uma quantia tão alta por algo tão insignificante!
– Meu caro amigo, você não compreende. Deixe-me contar-lhe o que aconteceu. Quando pedi a você que pintasse o barco, me esqueci de mencionar o vazamento. Quando o barco secou, meus filhos o pegaram e saíram para uma pescaria. Eu não estava em casa naquele momento. Quando voltei e notei que haviam saído com o barco, fiquei desesperado, pois me lembrei que o barco tinha um furo. Imagine meu alívio e alegria quando os vi retornando sãos e salvos. Então, examinei o barco e constatei que você o havia consertado! Percebe, agora, o que fez? Salvou a vida de meus filhos! Não tenho dinheiro suficiente para pagar a sua “pequena” boa ação.
Não importa para quem, quando ou de que maneira: mas, ajude, ampare, enxugue as lágrimas, escute com atenção e carinho, e conserte todos os “vazamentos” que perceber, pois nunca sabemos quando estão precisando de nós ou quando Deus nos reserva a agradável surpresa de ser útil e importante para alguém.
(Autor desconhecido)
O PENSAMENTO DA SEMANA
Meu conselho é que se case. Se você arrumar uma boa esposa, será feliz; se arrumar uma esposa ruim, se tornará um filósofo. (Sócrates).
A POESIA DA SEMANA
SONETO DO AMIGO
Vinícius de Moraes
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica…
A PIADA DA SEMANA
O rato caiu num barril de vinho. Como não sabia nadar, começou a se afogar, a engolir vinho e a gritar por socorro. Mas só quem apareceu para atender ao apelo foi um gato, seu inimigo número um. O gato então perguntou com ironia:
Está se afogando, meu amigo?
O rato, mal conseguindo falar, respondeu:
– Não fique aí apenas olhando. Por favor, me tire daqui. Eu não sei nadar.
– Mas se eu tiro você daí, eu vou comê-lo, pois sou um gato – disse às gargalhadas.
– Eu sei que você é um gato, mas prefiro morrer comido por você a afogado no vinho – disse o rato, já nas últimas.
O gato pensou e respondeu:
– Tudo bem! Eu tiro você daí.
E, tranquilamente, o gato tirou o rato do barril e o colocou no chão.
Mas o rato tratou logo de sumir por um buraco.
– Ei, você me traiu – queixou-se o gato. – Você disse que ia me deixar comê-lo.