Visando a renovação e ampliação dos seringais do Estado, com substituição das árvores envelhecidas por variedades mais produtivas e resistentes, a Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia (Seagri), dará continuidade às ações do Programa de Desenvolvimento do Setor da Borracha Natural do Estado da Bahia – Prodebon. Através da parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), o intuito é produzir mudas enxertadas a serem coordenadas pelas duas entidades na Estação de Una – unidade produtora de mudas, que possui 20 hectares de irrigação, 10 ha de jardim clonal de seringueiras e capacidade de produzir um milhão de mudas por ano. “O objetivo é aumentar a produção no Estado e, principalmente, contornar a crise de produção que, desde 2014, vem afetando o setor. A união entre setor produtivo e governo do Estado, no incentivo à produção de mudas com maior qualidade genética, vai beneficiar toda a cadeia da borracha com o aumento da produtividade, suprindo a demanda interna”, destaca o secretário da Agricultura, Vitor Bonfim.
A Bahia é o segundo produtor de borracha natural do país, responsável por 20% de toda produção nacional. Porém, como a maioria dos seringais baianos foram implantados no período de 1950 a 1970, a queda da produtividade e a decadência dos seringais culminaram no declínio desta cadeia produtiva, com reflexos negativos para as indústrias locais, principalmente a pneumática e de artefatos. Entretanto, considerando tratar-se de uma cultura de longo prazo, cuja produção inicia a partir do sétimo ano, espera-se melhores perspectivas de mercado para o segmento, quando as plantações já estarão renovadas.
A partir da implementação do Prodebon, o plantio das mudas de seringueira será baseado em sistemas agroflorestais (SAFs), modelo de produção consorciado com espécies agrícolas e forrageiras com ou sem a presença de animal, mas obrigatoriamente associadas às espécies florestais, garantindo o desenvolvimento da muda enxertada na fase inicial e elevado rendimento na fase de exploração da produção. Além disso, essa técnica de plantio favorece o aumento da produção de outros produtos agrícolas, a exemplo de banana, abacaxi, feijão e milho, a custo menor, com melhor qualidade e em quantidade suficiente para atender a demanda regional. A principal meta do Prodebon é implantar 100 mil hectares de seringueira até 2032, impulsionando a produtividade média de 600 kg/ha/ano para 2500 kg de borracha seca/ha/ano. Com plantios mais tecnificados, resultando em mudas mais produtivas, rigorosas e resistentes às principais doenças, a Bahia poderá alcançar a autonomia na produção de borracha natural.
Todavia, com a expansão da área de seringueiras em SAFs e a utilização de mudas de qualidade, haverá o aumento da oferta de borracha natural no Estado e, sem dúvidas, a redução da dependência pelo produto importado da Ásia. Além disso, pela capacidade de geração de trabalho permanente e oferta de mão de obra que a heveicultura (cultivo de seringueiras) representa no Estado, o Prodebon irá contribuir para a geração de trabalho e renda, proporcionando o cultivo da seringueira como meio para a inclusão social e garantindo a sustentabilidade dos trabalhadores beneficiados.
Em parceria com a Continental, empresa que utiliza a borracha como matéria prima para a fabricação de pneus, nos três últimos anos a Seagri distribuiu cerca de 240.000 mudas de seringueira, aos pequenos agricultores familiares da região. A perspectiva é que outras empresas sejam atraídas para se inserir no programa, ampliando a parceria, principalmente no segmento de produção de mudas.