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Heckel Januário em: UMAS E OUTRAS INUSITADAS DA CIDADE (XXII)

(NOTAS DE BELMONTE – ‘BEBEL’ PARA OS MAIS CHEGADOS)

Nos idos anos de 1890 a 1899 comandou Belmonte como Intendente o Coronel José Gomes de Oliveira. Neste período pintava por lá, chegado de Valença, o Dr. Wenceslau de Oliveira Guimarães, bacharel em direito saído não fazia muito, da famosa Faculdade de Direito do Recife.

Moço falante, vocação política inconteste e a aflorar os conhecimentos jurídicos adquiridos, logo conquistava a cidade e, a filha – com quem se casara – do dito coronel. Não tardou, se destacando como político, a ser eleito para o Conselho da Intendência Municipal, ocasião em que também ocupara o posto de Juiz de Direito.

Elegendo-se várias vezes Deputado, Senador e, constituinte na elaboração da Carta Magna republicana, a história estava registrando a carreira brilhante de um político. Em Bebel se tem como incluído em seu currículo o título de Governador da Bahia. Como era Senador Estadual (havia o Senado Estadual no então ordenamento político-administrativa) na derrubada da chamada Velha República por Getúlio, diziam por lá que o Dr. Wenceslau aproveitando da tensão e da incerteza que contaminaram o país naquele 30/10/1930, usando de artimanhas jurídicas aplicou o golpe e tomou o governo baiano. Como rechaçado de imediato, seus desafetos à época o proclamaram de “o governador de poucas horas”. Na verdade, o Senador era sim um   dos substitutos legais. (O outro era o senador Custódio Reis Junior).

Já morando, por ossos do ofício, na capital, mas sem esquecer o lugar onde o projetara na vida pública, o Senador aparecia sempre em Bebel. Como nessas estadias tinha por costume participar todas as tardes no bar “Grande Ponto” ou na venda de Pedro Serra de uma roda de ‘gamão’, certa feita numa dessas ele, conhecido emérito falador, se põe a pautar os defeitos e virtudes dos munícipes e, ao citar os de um cidadão considerado no pedaço, é advertido: “Mas Senador, esta pessoa é de bem e não sabemos que ele tinha ‘rabo’! O Senador sem perder tempo retruca:  – Melhor ainda, pois aí podemos botar o rabo do tamanho que quisermos” (com base na crônica “Senador W. Guimarães” do jornalista Rubens Esteves no “Jornal da Manhã” de Ilhéus em 24/7/1978). Tal ocorrido existe verossimilhança haja vista os antigos belmontenses tê-lo de inteligência e cultura invejáveis, mas também, como um satírico contumaz.

Os seus descendentes, disseminando o veio político do patriarca, influenciaram politicamente o Baixo Sul da Bahia, família (a do Senador) que, muito se comentava, ligada à do romancista Jorge Amado. Se a verve ficcionista do escritor de misturar uma realidade conhecida e transforma-la em deliciosas narrativas prevalecer, o comentário procede. As peripécias de Chimbo, intendente de Belmonte, cargo arrumado pelo “manda chuva da política e senador estadual” narrado no tópico “Parêntesis com Chimbo e com Rita de Chimbo” de “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, deixam claras as evidências da falada união. E que dizer de Waldomiro Guimarães (“Vadinho para os dados e as putas”), parente da “banda podre” dos Guimarães e protagonista desta história amadiana? E não é que o apaniguado Chimbo, dito filho do Senador, assim como a antever e, entrar neste “Umas e Outras…”, manda vir de Salvador para Belmonte, Zuleika Marron, Zica Culhudinha e a sua Rita (“de Chimbo” em razão de ser-lhe um antigo xodó), três ilustre raparigas frequentadoras do Tabaris, causando “um zum-zum-zum dos diabos, um escândalo sem medida” na cidade! Isso sem esquecer no livro os preliminares agradecimentos a Norma “dos “Guimarães” indo ao encontro das deduções. Chimbo foi realmente intendente de Belmonte e muitos remanescentes o conheceram.

Em 1962, ao aprovar lei e emancipar o distrito de Palmira, de Nilo Peçanha, como o nome de Wenceslau Guimarães (hoje conhecida sede do município às margens da BR-101), a Assembleia Legislativa reconhece os relevantes serviços prestados à Bahia pelo Senador. Entres outras ocupações, fora nas paragens sergipanas Chefe Policial do Estado paraibano.

Nota: além da citação no parágrafo 4 o texto teve na checagem das informações, a ajuda do amigo conterrâneo Marcos Melo, engenheiro civil e conhecedor de interessantes “passagens” de Bebel.

Heckel Januário


Para ler a XXIª PARTE clique AQUI.

1 resposta para “Heckel Januário em: UMAS E OUTRAS INUSITADAS DA CIDADE (XXII)”

  • Heckel Januário says:

    Retificando: onde se lê “fora nas paragens sergipanas Chefe Policial do Estado paraibano” no penúltimo parágrafo, leia-se “nas paragens mais ao norte Chefe de Polícia do Estado sergipano”.

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