Anísio Cruz/ dezembro 2017

Muito se falou acerca da construção de um novo aeroporto em Ilhéus, a partir da constatação de que o JORGE AMADO, seria o mais perigoso do Brasil. A badalação foi grande, pois todos sabemos que, pela sua característica regional, o seu atendimento é de uma população estimada em cerca de um milhão de habitantes.

Estudos foram feitos, para definir a sua localização prevista, inicialmente, para o litoral norte, onde são encontrados terrenos mais propícios para a sua implantação, devido a topografia plana. Também foi levada em conta, a escolha de uma área próxima, para implantação do Porto Sul (que eu insisto em chamar de Porto Sujo), e a consequente integração em um sistema multimodal, ao qual se integraria a ferrovia Oeste – Leste, por onde circulariam os granéis sólidos das regiões produtoras do Centro Oeste, além dos minérios do Sudoeste baiano. Um mega projeto, portanto, que ocasionou muitas expectativas positivas em toda a nossa região, pelos impactos que traria à economia regional, como um todo.

Falou-se depois, numa nova planta, entre a UESC e a CEPLAC, facilitando o acesso rodoviário a Itabuna, e as cidades do seu entorno, usuárias do atual aeródromo, que teriam assim, menos tempo despendido nos trajetos. Em contrapartida, Ilhéus, Itacaré, Canavieiras e Una, ficariam mais distante, com as dificuldades de acesso inerentes ao novo percurso. Para amenizar, a duplicação da BR-415, entre um semi-anel rodoviário, no Bco. da Vitória, e Itabuna, pela margem direita do rio Cachoeira, interligada ao leito original, por pontes estrategicamente localizadas, demandando ao aeroporto, a UESC, e ao bairro referido, ou seja, uma duplicação parcial, como podemos entender.

Nos últimos meses, porém, a localização do novo aeroporto caiu no esquecimento, principalmente após a constatação de que a área sugerida era imprestável para receber um aeroporto do porte internacional, conforme a ideia inicial, com pista de dimensões suficientes para permitir a operação de grandes aeronaves. Paralelamente autorizaram o funcionamento comercial da pista de Comandatuba, cujas dimensões atendem ao propósito, enquanto constroem um novo aeroporto na cidade de Vitória da Conquista, com o mesmo propósito.

Tais fatos, isoladamente, são sinais de progresso para a nova região, se englobarmos também a progressista cidade do Sudoeste, cuja população cresce em ritmo acelerado, prevendo-se para muito breve, que atinja aos quinhentos mil habitantes. Uma verdadeira metrópole. Mas, se considerarmos os fatos conjuntamente, percebemos claramente que, embora auspiciosos, os equipamentos citados estão a esvaziar o nosso aeródromo, já rebaixado de categoria, desde o alarde acerca da sua segurança, num passado recente.

É preciso então, que fiquemos vigilantes para que, em lugar de vermos aviões sobrevoando o nosso espaço aéreo, tenhamos apenas navios nas nossas águas territoriais fatalmente sujas, subvertendo o velho dito popular. Ou o pior, mas não menos possível, o nosso JORGE AMADO ser transformado numa pista do Aeroclube de Ilhéus, e ficarmos assistindo aos pousos e decolagens dos chamados “teco-tecos” que são mantidos em meritória operação.