Anísio Cruz – Dez/2017

Há poucos dias discutíamos em postagens no Facebook, a precária arborização da nossa cidade, outrora foi tão pujante a ponto de ser homenageada por uma das nossas montadoras de automóveis, com um a cor das linhas de seus veículos batizada de “verde Ilhéus”. Isso aconteceu no final da década de 1970, e em que pese tal honraria, muita coisa mudou para pior. Apenas a título de ilustração, citaremos algumas extirpações de espécies que, ao longo do tempo, haviam sido plantadas com o propósito de amenizarem o nosso microclima, reconhecido como um dos mais agradáveis em todo o mundo, pela pequena amplitude térmica, em suas estações, com índices variando entre 22º e 32º, com predominância dos 28º.

Os eucaliptos da subida do Teresópolis, e da av. Belmonte, foram dos primeiros a tombarem, de forma preventiva, pois ameaçavam cair sobre transeuntes que ali circulavam, e residências das proximidades; as casuarinas da praça Rio Branco, e imediações, também tombaram pela ação de vendavais, ou foram derrubadas, pelo mesmo motivo; os pinheiros das praças Castro Alves, e Ruy Barbosa, também tiveram o mesmo destino; amendoeiras da praça D. Eduardo, e da av. Soares Lopes, passam pelo mesmo processo de extirpação, sob alegação de que suas raízes prejudicam as calçadas, e os imóveis das suas imediações; os ficus que vicejaram por muitos anos, nas praças e ruas da cidade, foram praticamente dizimados, após a infestação de um inseto conhecido como “lacerdinha”, que provocava ardor intenso ao caírem nos olhos dos desavisados. Ultimamente os oitizeiros, fartos na av. Bahia, começam a serem abatidos, sob a alegação de possuírem raízes superficiais, que destroem os muros e as calçadas.

Como podemos entender, em breve não teremos mais árvores nas nossas ruas, ou ficaremos limitados a algumas espécies arbustivas, que embelezam, mas pouco contribuem para amenizar o calor que vem aumentando ano a ano, e que, segundo os especialistas, provocará um incremento na temperatura global, de algo em torno de 2º, em pouquíssimo tempo, e continuará a esquentar inexoravelmente a nossa “bolinha azul”, pelos séculos a frente.

Evidente que possuímos uma imensa fartura de matas nas nossas cercanias, como a Mata da Esperança, por exemplo, e os manguezais que circundam a cidade, ambos sujeitos à ação predatória, como vem sendo denunciado. Porém, a massa verde que existia em abundância num passado recente, sucumbe pela ação dos próprios moradores vizinhos, sem se darem conta dos grandes danos causados a eles próprios, como também à fauna indefesa que nos brinda com a sua encantadora presença, como no caso dos muitos pássaros, e saguis, dentre outros que se abrigam sob as folhagens, e que sequer nos damos conta da existência.

Algumas ações precisam ser desenvolvidas pelo poder público, urgentemente, para frear a escalada que verificamos nos últimos anos, que já deixa o Pontal, por exemplo, quase sem arborização, nas principais ruas. O Nelson Costa, quase não há espaços verdes, como praças, e pouquíssimas ruas possuem calçadas arborizadas, e se as possuem, certamente foi iniciativa de algum morador mais consciente.

O plantio de espécies adequadas, deve ser incrementado, e incentivado, com o fornecimento de sementes, e mudas, ao tempo em que se desenvolva um projeto de recuperação de calçadas, especialmente dos imóveis públicos, bastante danificadas, quando não destruídas. Isso também servirá de exemplo para que os moradores as recuperem, acatando as recomendações legais existentes, tanto na sua padronização, quanto na utilização de pisos anti derrapantes.

Sugiro que o Serviço de Parques e Jardins da Prefeitura, faça uma análise cuidadosa da situação, ou busque apoio de instituições como a CEPLAC, e UESC, ou ONGs, para melhor conhecer a realidade, e apontar alternativas viáveis enquanto temos tempo.

Quem sabe, num futuro próximo, veremos variedades de ipês, acácias, flamboyants, quaresmeiras, dentre outras, vicejando nas nossas ruas e praças, e o Parque da Cidade, ali na Soares Lopes, nos oferecendo um vibrante colorido, em todas as estações? Sonhar não nos custa.