Alan Dick Megi

De tanto reclamar da falta de uma nova ponte, esqueceram-se os nossos governantes de buscar melhorar o trânsito cada vez mais caótico e difícil, como se nada mais fosse necessário fazer além da construção da famigerada nova ponte.

Claro está que a solução definitiva passa por um novo eixo viário litorâneo que inclui uma nova ponte, mas isso não significa que devemos ficar inertes, esperando indefinidamente, sem tomar qualquer providência que possa atenuar os graves problemas que enfrentamos no nosso dia a dia.

Existem várias possibilidades de melhoria do trânsito e algumas delas são simples e sem investimentos de monta, bastando que se façam algumas alterações no sentido de algumas vias, que se eliminem semáforos desnecessários além de pequenas intervenções pontuais. Outras dependem de alguns investimentos um pouco maiores, mas nada que assuste ou que seja necessário esperar por vários anos ou depender de grandes financiamentos. Estas últimas  intervenções a que me refiro são a pavimentação de algumas vias e a construção de passarelas elevadas para pedestres, entre outras.

Como sou arquiteto urbanista e funcionário da Prefeitura de Ilhéus, mesmo tendo sido deslocado de minhas funções da Secretaria de Planejamento, passando a exercer minhas funções na Secretaria de Saúde, no governo passado, (Jorge Bahia não me queria na “sua” secretaria), resolvi por minha conta fazer um estudo de tráfego visando melhorar a situação atual.

Esse estudo evidentemente não foi utilizado no governo passado, porém estou agora colocando a disposição dos novos Secretários de Planejamento e de Urbanismo, Joaquim Bastos e Antônio Vieira, para que, se julgarem útil, passem ao Sr. Prefeito  Jabes Ribeiro e à Secretaria de Desenvolvimento Urbano para sua execução.

Quando afirmo que algumas soluções são simples, basta observar o que acontece na Praça Cairú: uma rótula que centraliza e canaliza o trânsito de nove vias,  extremamente necessária, pois é a melhor solução para organizar o trânsito proveniente da confluência de várias ruas, porém sendo utilizada de forma equivocada!

Em qualquer lugar do mundo, a preferência de trânsito deve ser sempre dos veículos que se encontram dentro da rótula e não daqueles que estão entrando na mesma, como está acontecendo aqui. Isso faz a grande diferença, pois quando se espera que os veículos que estão dentro saiam, abre-se espaço para que novos veículos entrem. Isso é óbvio!

Da mesma forma, não são necessários semáforos, a não ser para os pedestres, já que não existem no local passarelas elevadas, que se ali fossem construídas, possibilitaria a eliminação de TODOS os semáforos daquela área. Mas mesmo sem construir as passarelas, podemos eliminar semáforos e aumentar a fluidez do trânsito no local.

Outro problema é a excessiva e desnecessária canalização de tráfego para a rótula da Cairú e Rua da Linha, pois com algumas mudanças de sentido de vias poderemos canalizar o trânsito do centro para outras vias, como por exemplo, a Av. Soares Lopes. Ademais, pode-se evitar, ou pelo menos desestimular, a penetração do trânsito de veículos nas vias do centro histórico, diminuindo o número de vias com esse sentido e aumentando o número de vias no sentido contrário, que “saem” dessa área central. Isto também porque a saída do centro se faz praticamente ao mesmo tempo, em horários pico (12,00h e 18,00h), enquanto que o acesso se faz em vários horários.

Mas não somente a área central deve ser modificada, pois o fluxo para a zona sul também encontra dificuldades e causa congestionamentos que se estendem até o centro. É necessário fazer intervenções na Avenida Lomanto Junior e outras ruas do Pontal, de forma a facilitar os fluxos no sentido centro-zona sul. Será necessário pavimentar ruas do Jardim Pontal e Sapetinga e abrir mais uma via ao fundo do Supermercado G. Barbosa, possibilitando uma interiorização do tráfego no bairro, descongestionando a via litorânea.

Outro local que já apresenta problemas sérios no trânsito é a zona do Bairro São Francisco e  acesso ao Nelson Costa, bem como os acessos da rodovia Pontal Olivença no trecho compreendido entre o Aeroporto (Opaba) e o CEPLUS. Alí as soluções são relativamente simples e algumas já estão projetadas, mas necessitam alguns investimentos, dos quais alguns deles já foram iniciados com verbas do Ministério do Turismo, mas por absoluta incompetência, estão com as obras paralisadas. Chegou-se ao cúmulo da irresponsabilidade de abrir uma grande vala na rua de acesso ao Supermercado Meira mantendo a rua interditada há meses, prejudicando moradores e comerciantes da área.

Em suma, se houver planejamento adequado, de forma a fazer diversas pequenas intervenções, poderemos em breve tempo conseguir uma melhoria substancial e assim “aguentarmos” a espera até que a nova ponte seja construída.

O que não podemos é ficar esperando de braços cruzados! E isso, tenho certeza que não vai mais ocorrer, pois conhecendo o Prefeito Jabes Ribeiro com  sua vontade e sua determinação, tenho convicção que as ações serão rápidas e efetivas.

Alan Dick Megi – Arquiteto Urbanista, Especialista em Planejamento Urbano e Gestão de Cidades; Conselheiro titular do CAU-BA.