Heckel Januário em: AMOSTRAGEM DO DIA SEGUINTE
Caminhando no calçadão um virou pro outro: Viu o Joaquinzão? O outro: Joaquinzão? Sim, rapaz, Joaquim Barbosa, o do Supremo! Ah, sei: gostei pra caramba dele ter esculachado esses partidos políticos da gente. Eu também. E não escapou um sequer para contar história! –concluía o iniciador da conversa.
Distanciei-me dos transeuntes da Paranaguá, mas pelo presenciado do breve diálogo-amostra do dia seguinte, as palavras do presidente do STF aos estudantes de Brasília, repercutiram, e conseguiram tirar a dúvida dos ainda indecisos.
“Se partido, significar a associação de cidadãos com ‘afinidades’ ideológicas e políticas, será difícil conceber que no país chamado Brasil exista alguma organização nesse molde…” é um trechinho tirado de “Mesmo não tendo a força dos búzios” deste eleitor aqui de logo depois do segundo turno das eleições que atesta minha filiação partidária com a “mentirinha” do presidente, ou melhor, com a “temos partidos de mentirinha”, para bem clarear. Focado no aumento significativo da abstenção eleitoral e na preocupação da ministra Carmem Lúcia, presidente do TSE, com a negativa dos votos, no escrito também arrolo o comentário de Alexantdre Garcia, da Globo que disse que os partidos politicos “…têm de responder por que um em cada cinco brasileiros não encontrou motivos e estímulos para ir às urnas neste segundo turno”, mostrando o quão “significantes” são esses institutos!
Constatar que o eleitor só vai às urnas devido o voto obrigatório, não seria necessário analista político. De quem a culpa desse fato encubado? Ora bolas! tá na cara: do Sistema Político e de seu carro-chefe, os Partidos Políticos. A verdade é que é de mentirinha mesmo! Como artistas sem palco os políticos se manifestam com orgulho estarem candidatos para beneficiar o povo, o município, o estado, a nação, mas claro fica que esse sentimento no representante político brasileiro está –sendo bonzinho– em segundo ou terceiro plano, porque em primeirão, junto com sua sigla partidária, está o plano do “poder pelo poder”, como enfatizou o ministro. No quesito falar prometendo, não vamos negar, são excelentes e chegam –especialmente antes de eleições– a bradar batendo no peito!
Os experts e defensores do direito entenderam que o presidente do Supremo extrapolou em suas colocações e que como dirigente maior do órgão superior da aplicação das leis do país, deveria ter maneirado. E sabe quais os arautos do bom exemplo que saíram na frente? Foram sim, os lá do Congresso. Será que têm moral para tal? Óbvio, que a ‘ausência dela’ não é atribuída a todos, mas como se encaixa justamente na maioria!… Esse é o caso dos raros bons caírem no “quem com porcos se mistura farelos come”, velho ditado preventivo.
Pois é isso. Tiraram uma de únicos defensores democratas do país e fizeram um panavueiro danado. Disseram até que os termos do homem –veja você!– feriram seriamente a Democracia. Se Joaquinzão –como se referiram ao presidente do STF os dois passantes dia 21 maio aqui na Capitania dos Ilhéus– entrou solando, e cometera falta, ou não, a decisão caberá a árbitros desamarrados de tendências clubístas, mesmo porque, além da torcida parecer não desejar mais ser enganada, a ‘boa’ democracia recomenda dever-se levar em conta a amostragem do dia seguinte.
Heckel Januário