Salles propõe que técnicos aposentados da Ceplac capacitem novos extensionistas
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(Ilhéus – BA) – A conquista de melhores preços para as amêndoas de cacau produzidas no sistema cabruca, e o manejo sustentável do cacau cabruca, através da utilização de árvores e replantio, são duas das propostas de ações defendidas pelo secretário estadual da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles. “O cacau cabruca foi e é o grande responsável pela conservação do que resta da Mata Atlântica na Bahia, mas precisamos de ações para alcançar a sustentabilidade econômica das fazendas que utilizam esse sistema”, disse Salles, ao participar na manhã desta quinta-feira (24), em Ilhéus, na sede da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira Ceplac, do lançamento de sete cartilhas técnicas voltadas para a agricultura familiar.

Fazendo parte da mesa oficial, ao lado do diretor geral da Ceplac, Helinton José Rocha; José Guilherme Leal, diretor do Sistema de Produção e Sustentabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário do Ministério da Agricultura; Daniel Carrara, superintendente nacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), e Guilherme Moura, primeiro vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), representando o presidente João Martins, também presidente em exercício da CNA, Salles explicou que os produtores querem o direito de retirar algumas árvores por ano, repondo-as em número muitas vezes maior. “A exploração florestal sustentável, além do cacau, representa sustentabilidade para os cacauicultores”, avalia o secretário da Agricultura.

O presidente da Câmara Setorial Nacional do Cacau, Durval Libânio, professor universitário e ambientalista, concordou com o secretário e afirmou que a retirada do excesso de sobra, removendo árvores exóticas, vai dobrar a produção do cacau cabruca, cuja manutenção é fundamental para a preservação da Mata Atlântica. “Já tratamos do assunto com o secretário do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, e agora que o Código Florestal já foi aprovado vamos marcar uma reunião urgente para discutir as possibilidades de executar o projeto apresentado pelos cacauicultores, Ceplac e Seagri, permitindo o manejo sustentável do cacau cabruca”, disse Salles.

O titular da Seagri destacou também a importância da defesa fitossanitária, com ações preventivas com relação à Monilíase do Cacaueiro, praga existente no Peru, a aproximadamente 200 quilômetros do Acre. A Bahia saiu na frente dos demais estados produtores, elaborou um plano de contingência, e já formalizou parceira com a Ceplac para aprofundar as pesquisas sobre a praga. Uma especialista da Seagri/Adab já esteve em países produtores que fazem fronteira com o Brasil para ver como os técnicos estão enfrentando o problema.

Outra medida visando a sustentabilidade do cacau cabruca defendida por Salles é a realização de campanha de esclarecimento e de convencimento junto aos compradores nacionais e internacionais de cacau, com o objetivo de obter preços diferenciados para amêndoa de cacau cabruca. “Temos que mostrar a importância ambiental desse produto, por preservar a Mata Atlântica. Podemos comparar aos prêmios pagos aos produtos orgânicos e ao “Fair Trade”, produtos que beneficiam a agricultura familiar”, afirmou.

Técnicos aposentados

O secretário Eduardo Salles destacou a importância e a experiência dos técnicos aposentados da Ceplac e dos que estão por se aposentar, solicitando ao diretor geral da entidade e ao superintendente nacional do Senar que analisem a possibilidade de contratá-los para capacitar os novos técnicos de assistência técnica que estão sendo contratados pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), própria Ceplac e através das chamadas públicas estaduais e federais. “Estes técnicos são muito experientes, conhecem a história e a realidade da cacauicultura na região e podem ser de grande valia, repassando seus conhecimentos e livrando os novos técnicos de erros”.

Salles destacou em sua fala pontos importantes como o destravamento do crédito, que está sendo realizado pelos Banco do Brasil e Banco do Nordeste do Brasil, que já contabilizam cerca de 1.500 novos contratos; as ações desenvolvidas para equacionar o endividamento dos produtores, a produtividade, diversificação das culturas, sistema agroflorestal, agroindustrialização, e o Salon du Chocolat da Bahia, que este ano trará ao Estado uma delegação de produtores de chocolate da Bélgica.

Cartilhas

Contando com as presenças de centenas de produtores, líderes de associações e dos secretários de Agricultura dos municípios do Baixo Sul, a Ceplac lançou sete cartilhas, cuja produção foi coordenada pelo chefe do Centro de Extensão da Ceplac, Sérgio Murilo Menezes, destinadas a oferecer suporte técnico aos agricultores familiares em diversas áreas. Os títulos lançados são Agroecologia; Criação de aves semiconfinadas; Utilização de composto orgânico na adubação de plantas; Criação de peixe; Sistema agroflorestal (SAF) com seringueira, cacaueiro e cultivos alimentares; Apicultura básica; e Produção de alimentos orgânicos em garrafas PET.

De acordo com Sérgio Murilo, “as cartilhas visam instrumentalizar os técnicos e capacitar produtores na prestação dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural, observando a política de atendimento aos agricultores familiares e aos jovens rurais, público-alvo desse projeto”.

O secretário elogiou a iniciativa, classificando-a de importantíssima, e disse que “vamos utilizá-las, nos trabalhos desenvolvidos pela EBDA, Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e Bahia Pesca”, todas vinculadas à Seagri.

Para o diretor geral da Ceplac, Helinton Rocha, que destacou a parceria com a Seagri, as cartilhas foram lançadas num momento importante e num cenário desafiador para o cacau e para outras culturas do sistema agroflorestal. “Estamos numa região de muita complexidade, e é importante esse ambiente de diálogo para pensarmos o que cada um pode fazer pela cadeia produtiva do cacau”.


Ascom Seagri
Josalto Alves